Energia renovável armazenada em… sal fundido?

Resumo:

Companhias de energia renovável como a SolarReserve querem provar que sal fundido podem auxiliar a geração de energia solar a qualquer hora do dia. O potencial está lá, mas o preço da geração e a importância do armazenamento de energia precisam ser discutidos.

Produzindo energia com sal fundido

Além das gerações solar e eólica, empresas de geração de energia renovável também estão investigando o uso do sal para a geração — sal fundido, para ser mais preciso. A SolarReserve é apenas uma de várias empresas tentando provar que o sal fundido pode gerar eletricidade com tanta eficiência quanto o Sol e o vento.

Em 2015, a empresa deu início às operações da instalação de energia solar Crescent Dunes, de 110 megawatts, no estado do Nevada. Junto a ela, a capacidade de armazenamento de 1.100 MWh e a habilidade de abastecer 75.000 casas do estado. Projetos parecidos de energia solar concentrada (ESC) estão planejados para o sul da Austrália, África, Chile e outros países ao redor do mundo.

Veja bem: ao contrário da energia solar e eólica, que podem reduzir a necessidade do uso de combustíveis fósseis quando o Sol está brilhando ou quando está ventando forte, instalações que utilizam o sal fundido podem operar a qualquer hora do dia e armazenar energia por até 10 horas. Essa forma de geração é bem simples: os raios de Sol concentrados em uma torre por um campo de espelhos esquentam o sal fundido dentro da torre a temperaturas de até 540 °C, e então ele pode ser usado para gerar vapor e girar uma turbina.

Instalações de sal fundido também são mais baratas. De acordo com a Inside Climate News, a planta de Crescent Dunes pode gerar energia a R$ 0,20 por kilowatt/hora. Se o relatório recente da Agência Internacional da Energia Renovável (IRENA) serve de referência, os preços devem cair mais ainda.

A necessidade do armazenamento de energia

Mesmo pelas suas próprias projeções, no entanto, a SolarReserve está aquém de seu potencial. A planta de Crescent Dunes deveria gerar 500.000 KWh de eletricidade por ano, mas a Inside Climate News relata que ainda não conseguiram bater a meta.

Enquanto isso, a empresa espanhola de engenharia Sener tem dois projetos com sal fundido em andamento em Ouarzazate, Marrocos. O preço dos dois projetos ainda não é baixo o suficiente, mas a queda de preços esperada poderia colocar a empresa em uma posição privilegiada para levar adiante seus projetos de ESC. Até o Google tem planos de armazenar energia renovável em sal fundido, mas ainda precisa testar seu próprio sistema para avaliar a viabilidade comercial.

Projeto Redstone da SolarReserve, na África. Créditos: SolarReserve

Antes que as ESCs com sal fundido realmente possam começar a traçar a rota da energia solar 24h, oficiais de utilidades e legisladores energéticos precisam entender a importante do armazenamento de energia, e quando a energia renovável é mais necessária. Kevin Smith, presidente da Solar Reserve, contou ao Inside Climate News que as empresas de utilidades americanas “só queriam killowatts/hora. Eles não queriam saber quando os teriam.” Em outras palavras, estavam menos preocupados com a hora do dia que a energia renovável estaria disponível para uso.

Smith prossegue explicando que as coisas estão mudando, com lugares como a Califórnia tendo um excesso de energia renovável sendo gerado durante certas horas do dia. Isso é algo que só pode ser tratado quando o diálogo com os oficiais passar a focar no que fazer com esse excesso, e o que fazer com suas redes de distribuição de forma geral.

“Acredito que agora seja o renascimento do mercado de ESC. E é tudo sobre armazenamento,” diz Smith.

Texto traduzido do site Futurism.

Chernobil destinada a se tornar unidade de produção de energia solar

Resumo:

A firma ucraniana Rodina Energy Group e o grupo de energia limpa alemão Enerparc AG estão conduzindo o desenvolvimento de uma nova unidade de produção de energia solar que será construída nas áreas abandonadas de Chernobil. A construção da estrutura que produzirá 1 megawatt começará em dezembro.

Uma Chernobil melhor

Em 1986, um reator nuclear com defeito liberou energia radioativa o suficiente para evacuar centenas de pessoas da cidade de Chernobil. O local do reator nuclear e a área em volta estão abandonados desde então, mas há planos de torná-los em uma unidade de produção de energia solar. No futuro, Chernobil pode ser conhecida por fornecer energia solar ao invés de radiação.

Como relatado pela Bloomberg, a firma ucraniana de engenharia Rodina Energy Group Ltd. e a empresa de energia limpa alemã Enerparc AG anunciaram um projeto conjunto que construirá uma geradora de 1 megawatt na cidade abandonada. Espera-se que a construção da “fazenda” solar custe US$ 1,2 milhão (R$ 3,9 milhões), a iniciar-se agora em dezembro.

“Pouco a pouco, queremos otimizar a zona de Cherbobil,” Evgeny Variagin, chefe-executivo da Rodina, disse à Bloomberg. “Não deveria ser um buraco negro no meio da Ucrânia. Nosso projeto fica a 100 metros do reator.”

Chernobil hoje. Fonte: Newsday

Da radiação à energia solar

O projeto da “fazenda” solar de Chernobil é o mais recente passo dos planos de ambas as empresas — assim como do governo ucraniano — de usar o local abandonado para a produção energética sustentável, o que inclui planos de desenvolver mais 99 megawatts de capacidade solar de produção. As empresas firmaram um contrato em 2016 que irá requerer que o governo ucraniano pague 15 centavos de euro (R$ 0,58) por kilowatt-hora de eletricidade gerada a partir da região até 2030, um preço que a Bloomberg estima ser quase 40% mais alto que o preço padrão de energia solar na Europa.

Na mudança em andamento para a energia limpa, a decisão da Ucrânia de utilizar os 2600 km² que Chernobil tem a ofercer é inteligente, embora não menos ambiciosa que os esforços de outros países como a China, País de Gales e o Reino Unido. Vai dar muito mais trabalho para deixar de usar combustíveis fósseis completamente, mas se os desenvolvimentos como o acima são indicativo de algo, é só questão de tempo até que a maior parte da nossa energia seja renovável.

Traduzido do site Futurism.