O número de emergência 190 nunca foi feito pensando nos celulares. Agora, o Google está testando um novo método de localizar aqueles que ligam para enviar ajuda o mais rápido possível.
Quando o número de emergência 190 foi criado, não havia como saber que celulares mudariam a forma que as pessoas usam o serviço. Hoje, ainda é difícil para que operadores apontem a localização exata dos contatos para enviar ajuda – mas o Google poderia mudar tudo isso.
A gigante da busca está testando uma forma de usar a tecnologia que identifica a localização dos usuários no Google Maps para auxiliar os serviços de emergência. Como noticiado pelo Wall Street Journal, uma amostra de ligações para o 911 (número americano de emergência) feitas usando celulares Android entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018 tiveram dados da geolocalização enviados diretamente ao operador.
Atualmente, as empresas de telecomunicação detectam a localização de um dispositivo triangulando sua distância de várias torres de celulares, mas isso não é particularmente preciso. O estudo apontou que os dados do Google davam uma média de estimativa de localização com raio de 37 metros, ao passo que os dados das telefônicas tinham uma média de 160 metros.
Atualmente, cabe ao operador descobrir a localização exata a ser repassada para os oficiais que responderão à emergência a partir de quem está ligando. Dado o fato de que podem estar nervosos, ou potencialmente em um lugar com que não têm familiaridade, isso pode ser uma tarefa difícil.
Nesse tipo de situação, uma pequena melhora no tempo de resposta pode salvar uma vida. Uma pesquisa publicada pela Comissão Federal de Comunicação dos EUA (FCC) sugere que até 10.000 vidas poderiam ser salvas anualmente se os tempos de resposta emergencial fossem melhorados em apenas um minuto.
O Google tem a tecnologia para fornecer esse serviço já há algum tempo – foi implementada no Reino Unido e na Estônia em julho de 2016, de acordo com um relatório da Ars Technica. Muitos sentem-se desconfortáveis com a ideia de permitir que o smartphone rastreie a localização, mas em uma circunstância de emergência, é fácil ver os benefícios.
Chad O. England, que bateu o carro após deixar que Jesus tomasse o volante (Créditos da foto: Polícia Rodoviária do Tennessee).
Um homem do Tennessee disse à polícia nessa semana que Jesus veio pessoalmente até ele e falou para deixá-lo dirigir.
O resultado, segundo relato da rede local de notícias WVLT, é que o carro dele desviou-se da rodovia e capotou mais de cinco vezes.
Oficiais da Polícia Rodoviária do Tennessee dizem que quando chegaram na cena do acidente, Chad England, de 33 anos, estava “falando nada com nada” e tentando fugir da cena carregando um jarro.
A polícia diz que England estava “obviamente” sob influência de drogas na hora da batida, embora o homem tenha aparentemente se recusado a fazer um exame de sangue.
Uma busca no carro de England revelou, de acordo com a WVLT, “seis gramas de cannabis, 0,6 gramas de cocaína, um cachimbo, papéis de fumo, uma garrafa de Crown Royal com 1/4 sobrando, uma garrafa pequena de Crown Royal e várias latas usadas para ‘inalar.'”
A polícia prendeu o rapaz por dirigir embriagado, posse de drogas para tráfico, posse de drogas para consumo, e posse de equipamentos para uso de drogas, entre outras coisas. Os oficiais também disseram que England não tinha carteira de motorista com ele e que o carro não tinha seguro.
Grande parte das reclamações de muitos brasileiros nesses últimos meses, e em especial após as manifestações de Junho de 2013, foram quanto à truculência, corrupção, abuso de poder e crimes praticados por policiais civis e militares (esses últimos em especial). Enquanto o governo finge olhar para cima quando pedimos mais segurança e para o lado quando pedem o fim dessa classe policial, talvez haja outra solução capaz de resolver muitos dos problemas de abusos de poder e ineficiência dos oficiais: câmeras.
A ideia começou na cidade de Rialto, Califórnia. Um grupo de pesquisadores da força policial resolveu começar um estudo colocando câmeras minúsculas no equipamento de metade da força policial da cidade, que tem 100.000 habitantes, por um ano e meio. Os policiais deveriam começar a gravar a partir do momento em que saíam da viatura para qualquer coisa, sendo que a câmera possuia um buffer que mantinha gravados os 30 segundos anteriores ao início da gravação e 30 segundos posteriores ao fim da mesma. Qualquer quebra de protocolo era percebida por quem avaliava os vídeos.
Depois dos dois anos de experiências, a cidade de Rialto viu uma queda de 88% da reclamação de cidadãos contra os oficiais, comparados a quedas de um máximo de 24% no ano anterior à pesquisa. Além disso, a força policial da cidade usou de intervenção física 60% menos, em 25 ocasiões contra 61 do ano sem câmeras. Não bastando essa diminuição extremamente positiva, o estudo também esclareceu que a maioria desses excessos foram feitos por oficiais que não usavam câmeras, mostrando o potencial enorme das mesmas de promover a autovigilância.
Obviamente, estes números e o que sabemos do experimento em Rialto não dizem tudo, e ainda há muito a ser discutido. O que os policiais podem achar ruim quanto à tecnologia? Bom, alguns oficiais da cidade californiana não gostaram da ideia, mas não tinham como dizer não. Como a obrigação de nossos policiais é serem sempre transparentes na manutenção da lei e da ordem, a opinião deles também não importa. Se virar lei, é lei e pronto.
Mas e quem pode ver esses vídeos? A privacidade dos cidadãos que podem se encontrar nesses vídeos, seus nomes, rostos e endereços tornam difícil aceitar a possibilidade da vigilância ser comunitária. Se essa questão não se apresentasse, bastaria criar um site na internet com os vídeos para que as próprias pessoas reportassem condutas impróprias. Sendo assim, fica muito difícil e custoso vigiar policiais de uma cidade tão grande como, por exemplo, São Paulo. Seriam milhares de câmeras ligadas em um dado momento.
Ainda assim, a proposta é promissora. Em cidades menores, com 10.000 a 100.000 habitantes, esse tipo de lei poderia passar facilmente e com custo baixo, causando um efeito muito positivo na atuação de nossos policiais; eles saberiam que estão sendo vigiados o tempo todo, e portanto não poderiam abusar dos descansos, ignorar chamados, agredir moradores da periferia sem necessidade, cobrar propina ou incriminar inocentes. É claro, tudo isso exigiria um trabalho bem arquitetado e honesto no cuidado da vigilância e punições adequadas dentro da polícia.
Em cidades grandes, mesmo que nem todos os oficiais pudessem ser assistidos a todo momento, o sistema seria, ainda assim, positivo para a operação policial da cidade. A simples possibilidade de estarem sendo vigiados já os faria pensar duas vezes antes de cometer excessos, erros ou abusos, já que nunca saberiam se são eles no olho do Big Brother. Um bom exemplo de como esse receio funciona está na política de pirataria americana. Milhões de cidadãos baixam músicas, filmes, séries e livros no país todos os dias, mas só dezenas deles são rastreados e punidos todo ano. Por haver essa possibilidade de “ganhar” na loteria, outros milhões de americanos decidiram abandonar a prática.
Outro grande exemplo da eficiência das câmeras de vigilância individuais é bem provada na Rússia. Com certeza você já deve ter visto um daqueles vídeos de pessoas entrando na frente de carros e fingindo atropelamento simplesmente para poder entrar com um processo lucrativo. Como ninguém é bobo, a maioria dos russos tratou de arrumar uma câmera para poder provar que não fez nada de errado.
Sejamos, portanto, realistas: dada a corrupção dos altos poderes dentro da PM e do nosso governo, fica muito difícil acabar com a instituição, e isso também não evitaria que a polícia continuasse fazendo coisas erradas. Então por que não aproveitar da internet e da facilidade de gravação de nossos tempos modernos para podermos avaliar seus trabalhos com mais eficiência? Sairia muito mais barato e salvaria vidas. Só precisa ser bem feito.
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