Edição posterior (12/01/18): esta postagem foi escrita no primeiro semestre de 2015. Os relatos aqui anunciados podem estar desatualizados e/ou não condizer com a realidade atual. Se estiver preocupado(a) sobre ingressar, procure o grupo da UFOP no Facebook e consulte os estudantes.
Quando descobri que eu tinha passado para a UFOP esse ano, fiquei muito feliz. Fui aprovado para uma das faculdades mais conceituadas do país para um curso ótimo. Voltei a ficar perto dos amigos de infância e das origens da minha família, e vim morar em uma das cidades mais históricas e significativas do Brasil. Era tudo flores, mas logo que cheguei tomei um susto. Procurando por repúblicas para morar, me deparei com um problema que eu jamais imaginei que minha geração ainda precisaria lidar: ninguém me queria.
Esses homens não me conhecem. Não sabem de onde eu venho, não sabem o que eu já estudei, nem de quem sou filho, o que faço, o que sei ou o que penso da vida. A cada minuto chegavam mais e mais mensagens de repúblicas federais e privadas me convidado para conhecer suas casas, bater um papo, tomar um “café”. Todos me parabenizando por ser mais um que entrou em uma das Engenharias. Até aquele ponto, eu só era um calouro e, por extensão, tudo que eles queriam e procuravam: mais uma pessoa para dividir custos e biritas, ou mais alguém para levar adiante a tradição da casa. Achei que seria fácil, que eu teria um leque de opções e que encontraria o lugar que tinha mais a ver comigo em pouco tempo.
Infelizmente, em Ouro Preto, estar fora do armário não é algo visto como corajoso, sincero ou sensato. Por respeito, minha atitude em todas as repúblicas que me interessaram foi a de assumir (de novo). Mesmo depois de ter conversado com esses vários universitários e me dado bem com eles, contado um pouco de quem eu sou e de onde vim, a partir do momento que eu me assumi, deixei de ser calouro e me tornei mais um gay que chegou na cidade. Alguém que não tem direito de entrar nas repúblicas federais (gratuitas, públicas e – teoricamente – de livre acesso para estudantes que não têm condições de pagar as privadas) e que não deveria se misturar com a tradição universitária ouropretana. Se às 10h da manhã eu tinha 10 casas para morar, às 10h da noite eu não tinha nenhuma. E entrei em pânico.
Por sorte, as pessoas vão se virando, e afinal o ser humano é ótimo contra adversidades. Como eu obviamente não sou o primeiro homossexual a chegar em Ouro Preto para cursar o Ensino Superior, pude encontrar amigos, fazer novos, encontrar uma casa fantástica e entrar na vida social da cidade. O incômodo que não passa, no entanto, é o absurdo de conviver com a realidade de que os gays estão segregados, assim como certos cursos, por simples implicância e desinformação. É impossível ignorar o fato de que repúblicas federais deveriam ser para todos, em especial os que delas precisam, e não só para heterossexuais dispostos a passar por trotes mais severos. Não me conformo que, a essa altura do campeonato, pessoas com menos de 25 anos de idade ainda estejam assimilando e repassando a ideia de que nada há de proveito em um ser humano se “gay” for uma característica.
Não vou dizer que essa é a primeira vez que enfrento preconceito, até porque isso seria impossível, mas em outros cantos onde estudei, como no Rio de Janeiro, vencer isso foi fácil. Meu curso de Biblioteconomia me introduziu a um campus onde a homofobia é praticamente inexistente, e os poucos que ainda estranham a homossexualidade acabam percebendo que não existe nenhum monstro ali, aprendem a conviver e se integram. Meu melhor amigo do curso era hetero e eu nunca tive que lidar com um olhar torto. Depois de um ano e meio, quando mudei para Administração, foi um pouquinho diferente. Eu era o único gay da turma, ou o único que tinha um relacionamento declarado no Facebook e não ligava de responder perguntas sobre isso. Os meninos estranharam porque nunca lidaram com isso, mas em duas horas estávamos todos bebendo como se nos conhecêssemos há dois anos. Vieram as perguntas curiosas e, depois de respondidas, ser gay voltou a fazer parte do segundo plano na minha vida. Me acostumei com isso, com a ideia de que as pessoas da nossa geração eram sensatas e compreendiam que é impossível todo mundo gostar da mesma coisa. Me enganei.
Muito pode ser dito sobre a rejeição de gays em repúblicas masculinas. Dos argumentos mais usados, alguns homens dizem se sentir desconfortáveis de se trocar na frente de um homossexual, como se uma pessoa gay jamais tivesse visto um homem pelado na vida ou como se todos os heterossexuais provocassem uma atração violenta em homossexuais que os fizessem tornar-se predadores sexuais automaticamente. Bom, sabemos todos que nenhuma das duas coisas é verdade. Hetero, eu também uso banheiros públicos, com mictórios sem divisórias e chuveiros sem cortina. Eu também frequento vestiários de clubes, e já vi amigos – gays e heteros – pelados. Já namorei e já fiz muito sexo nessa vida. Seu corpo não é nenhuma novidade para mim, e a menos que você também seja gay, não tenho o menor interesse nele. Lembre-se que virei seu colega de quarto porque precisava de um lugar para morar enquanto estudo na faculdade, não para fazer orgias.
Outros homens também gostam de usar o argumento de que rejeitar gays é uma forma de prevenir confraternizações inadequadas, o que chega a ser mais absurdo do que o argumento acima. Ora, sabemos todos que em qualquer república, onde camas de solteiro são a norma, o coleguinha sai do quarto quando o outro arruma uma parceira. Sabemos também que se um não quer, dois não brigam. Se dois gays são irresponsáveis de começar a se pegar numa casa masculina, eles devem sim ser punidos de forma proporcional, mas isso não significa que todos os universitários homossexuais precisam ser punidos pela possibilidade. Se fosse assim, não haveriam repúblicas mistas, e se confraternização realmente fosse um problema sério para os estatutos, Ouro Preto não teria a fama de suruba que tem.
Não há mais argumentos, o resto é preconceito. Fomos criados para acreditar que o gay bicha é insuportável, barulhento, inconveniente e desnecessário. Fomos criados para acreditar, até, que ele é uma aberração da natureza que não pode ser encorajada – como se o comportamento inerente a um ser humano pudesse ser ensinado. A verdade é que não tem nada de errado em ser um homem feminino, e percebo que os heteros que perceberam isso acabaram gostando muito de ter amigos com pontos de vista diferente, bem como comportamentos. Desconsiderando a feminilidade, a própria homossexualidade já é tida como insuportável. Nenhum decano vai dizer “Podemos aceitar gays, desde que sejam discretos/homens/de boa.” O que você provavelmente vai ouvir é: “Não aceitem gays, digam que não faz o perfil ou qualquer coisa do tipo.” Você também não vai ouvir a verdade, porque eles sabem que não podem dizê-la, em especial as federais.
E se um universitário gay decide contar que gosta do mesmo sexo quando já estiver lá dentro? Bom, o mais provável é que esse universitário não dure muito mais naquela república. Entre a expulsão imediata e o bullying agressivo, muitas histórias hão de ser contadas. Mas o fim delas é sempre o mesmo: já era. O sentido que consigo encontrar nesse comportamento é o de que republicanos têm medo de manchar o nome. O fato de que existe um homossexual assumido em uma república repercute pelos círculos sociais e chega a todos. As zoações acompanham. De súbito, uma festa já não enche tanto, os colegas dão risadas abafadas, todos começam a ser tidos como gays. Difícil manter uma república assim. Ou, afinal, como apresentar uma república para os pais de um novo calouro quando tem um homossexual na casa? Eles podem achar ruim, impedir o filho de entrar lá. O importante é a rotação, logo o nome precisa ser protegido. Os homens republicanos, viris, heterossexuais machos e cheios de amor para dar não têm que lidar com o infortúnio do coleguinha gay, certo? O que nenhuma das repúblicas conseguiu entender até agora é que se todas elas deixassem de ver problema na questão, nenhuma delas acharia motivo para diminuir, caçoar ou desrespeitar um nome ou tradição. Mais alarmante ainda: eles não foram capazes de constatar que as vagas seriam preenchidas muito mais rápido, e que o preço do aluguel da cidade inteira poderia ser menor. É, tô falando sério, gente: vocês acham que gay se enfia debaixo da ponte quando você diz não? Não, cara, ele procura outras pessoas que tiveram o mesmo destino, aluga mais uma casa e vai estudar. Isso não ajuda muito na especulação imobiliária já deturpada da cidade.
Há também uma pérola interessante nas justificativas de não permitir gays: se um entrar, no período seguinte ele chamará os amigos, que no período seguinte chamarão os amigos. Em tempos de ditadura gay, quem não há de dizer que esses homossexuais autoritaristas e com sangue nos olhos não vieram para raptar e homossexualizar repúblicas inocentes? Claro, essa sempre foi nossa ideia. A gente entra na faculdade para roubar espaço dos outros e instaurar o gayzismo, porque duh, não temos nada melhor para fazer. Não, sério: eu vim estudar Engenharia para propagar a homossexualidade. Não é sarcasmo, eu juro.
Enfim, o que acontece em Ouro Preto é, de todas, a pior das realidades: os poucos gays que têm coragem de se assumir na faculdade acabam se isolando, convivendo entre si mesmos, com uma perpétua sensação de que talvez não sejam tão quistos ali, ou de que talvez estejam perdendo alguma coisa, ou de que gostariam de estar vivendo entre amigos mais diversos. Enquanto isso, os homossexuais mais assustados e inseguros acabam entrando nas repúblicas em segredo, sem poder namorar, conhecer alguém ou no mínimo contar a verdade. Se escondem, fingem gostar do que não gostam, mentem para os “amigos”. Riem e debocham da própria orientação, sentindo uma dor bem característica e se enfiando mais no poço de insegurança. Alguns acabam entrando em colapso e causando escândalos, quando não aguentam mais estar sozinhos e põem a mão na virilha do colega. O resultado é óbvio: o gay acaba sendo visto como algo pior, os heteros sentem-se ainda mais ameaçados pela diferença e a cidade de Ouro Preto permanece como uma fábrica de formandos acuados, que seguem adiante na mentira, na desilusão e na infelicidade.
Se você acha que o problema acaba nas repúblicas, pense de novo. A cultura republicana de Ouro Preto também afeta os universitários em geral, e de uma forma muito mais grave: ela gera desrespeito por outros profissionais. Em algum momento da história brasileira – não entrarei no cenário internacional aqui, porque não vem ao caso – os cursos da área de Humanas foram relacionados à homossexualidade. Sensibilidade, elucidação e interpretação tornaram-se características femininas. Ignoramos o fato de que homens – heterossexuais em sua maioria – iniciaram o Teatro, muitas vezes se vestindo de mulheres para representá-las, já que elas não eram consideradas capazes de interpretar. Ignoramos o fato de que grandes bandas que fizeram história eram compostas de homens heteros. Ignoramos que o jornalismo não tem sexualidade – e nem gênero. Para o cursante heterossexual médio de Ouro Preto, a cidade de Mariana – onde se concentra a maioria dos cursos de Humanas – é lugar de viado. E “ainda bem”. Mal sabem eles que, enquanto as pessoas em Mariana crescem e aprendem a respeitar de tudo e a todos, Ouro Preto segue estagnada. E eles também são capazes de realmente acreditar que a situação ouropretana faz deles mais homem do que os “marias” de Mariana.
Deixando um pouco de lado o fator homossexualidade, me parece absurdo que o feminino seja insistentemente visto como negativo ou inferior para os homens heteros. Como o ser humano é capaz de inferiorizar aquilo que, ao mesmo tempo, ele mais admira – ou diz admirar? Como endeusar e admirar a mulher e, ao mesmo tempo, ridicularizar e diminuir seus traços mais comuns? Nunca consegui ver sentido nessa lógica, e sigo não conseguindo. Gostaria muito que um homem heterossexual fosse capaz de me explicar como ele mantém esse raciocínio tão falho, o de que um homem que expressa características femininas é tido como fraco, emasculado ou inferior.
Já de volta às profissões, faculdades mais saudáveis, onde os cursos são integrados e unidos, acabam por formar pessoas que valorizam os profissionais. Professores, atores, músicos, jornalistas, advogados, engenheiros, médicos, museólogos, farmacêuticos, físicos, são todos vistos como pessoas competentes que concluiram o Ensino Superior e partiram para o mercado de trabalho para melhorar o país. Em Ouro Preto, estudantes acabam formados para acreditar que os formandos de Mariana são simplesmente menos. E sim, talvez muita gente levante o nariz ante essa afirmação, mas isso tem muito a ver com o tanto que Humanas aceita os gays e com a associação que as pessoas fazem entre sexualidade e gosto.
A relação entre a personalidade das pessoas e os cursos onde entram vai muito mais além do que é proposto por esse texto. A fala “Eu sou de Humanas”, assim como a “Eu sou de Exatas”, faz parte de papos e brincadeiras entre amigos. E por quê? Não dá para ser os dois? Ser de um “lado” ou do outro nos define como? De onde vem a formação? E, por fim, como chegamos ao ponto em que uma pessoa de Engenharia evita um amigo de Artes Cênicas? Isso é necessário ou jusificável? Dentro do mesmo campus, na cidade de Ouro Preto, onde mal temos 15 mil alunos, precisamos ser desunidos porque um homem gosta de usar saia e o outro boné? Conseguimos chegar a um estado tão mesquinho de polarização que vestimenta, sexualidade ou interesse profissional nos impedem de conhecer pessoas e fazer amizades?
A situação não é só responsabilidade dos estudantes. Como aconteceu em Mariana, já passou da hora das repúblicas federais em Ouro Preto mudarem o sistema. Enquanto lá os ingressantes não mais precisam enfrentar as pesadas “batalhas” pela vaga e a mentalidade geral é mais aberta, aqui nenhum dos dois é realidade. Embora interessante, esse formato engessa a tradição da cidade e impede que as pessoas se tornem mais tolerantes. Veteranos mais velhos, já convencidos de que os gays são uma pandemia, passam isso adiante para os mais jovens, mantendo a cultura da homofobia, da graça de zoar um viado. Seguindo o exemplo das federais, as particulares não veem problema em manter as coisas como são. Isso acaba favorecendo a aceitação de pessoas que talvez nem precisem da república gratuita, e a rejeição de pessoas que, ao ver das gerações anteriores, não se encaixam. Para ajudar, ex-alunos interferem na opinião e nas atitutes tomadas pelos atuais cursantes. Por terem vivido a mesma cultura e a mesma tradição, o reforçado é o mesmo. Nada muda.
Enquanto isso, nos corredores da direção da UFOP, a faculdade continua achando que isso é um problema que precisa ser resolvido entre os alunos, algo que não os envolve. Alunos têm medo de procurar a faculdade com queixas sobre repressão ou preconceito pela possível retaliação que viria dos membros da república a ser punida. Coordenadores e orientadores continuam acreditando que as coisas estão boas como estão, e que há choro desnecessário. Muitos concordam que ficar no armário é o mais louvável e digno de um homossexual, afinal eles não deveriam “esfregar na cara dos outros”. Eu gostaria mesmo de saber o que qualquer heterossexual acharia se alguém dissesse na cara deles que não podem ficar com ninguém a não ser que seja num beco escuro. Que não podem levar ninguém para casa ou se relacionar. Que precisam esconder toda e qualquer forma de afeto que mantêm por outras pessoas. Acho que ninguém gostaria de ouvir isso. Novas repúblicas gratuitas estão sendo construídas nas terras da faculdade e, ao invés de uma iniciativa que pudesse mudar a situação, repúblicas particulares tradicionais foram convidadas para ocupá-las. Vale notar: nenhuma delas têm gays.
Festas nas repúblicas continuam tendo preços diferentes para homens e para mulheres, a fim de que a “oferta” seja ampla. A cultura do estupro de mulheres continua em alta. Parte da tradição é que placas de repúblicas femininas sejam roubadas para que suas moradoras tenham que ir até a casa dos “ladrões” para reclamá-las em um social, como se mulheres fossem incapazes de aceitar um simples convite. Coletivos LGBT mais agressivos (no sentido de que se manifestam, fazem atos e enfrentam a tradição e a faculdade) têm integrantes ameaçados de morte. Amigos – inclusive entre os que conheço – já tiveram que sair de perto de repúblicas porque seus moradores começaram a reclamar de um beijo na rua, como se o espaço público também fosse deles. “Respeita a casa, faz isso em outro lugar!”, como ouviu meu amigo. Para eles, é como se ele estivesse ficando com uma das namoradas da república. Um desaforo, não uma demonstração de afeto. E tudo isso vindo de pessoas com menos de 30 anos.
Como nada realmente fica parado, felizmente as coisas estão melhorando, embora a passos lentos. Grupos no Facebook ajudam gays a se conhecerem e se protegerem – tanto da homofobia quanto da rejeição das repúblicas. Mesmo dentro da Engenharia, um grande grupo nacional se mantém unido para integrar os homossexuais no ramo e fornecer apoio. Repúblicas – em especial as particulares, com uma excessão entre as federais – começaram a mudar de atitude e se tornar mais inclusivas. Movimentos sociais pequenos começam a tomar forma e timidamente aparecer em janelas dos prédios da faculdade, embora a mesma não tenha o menor interesse em ajudar. Infelizmente, a UFOP não é uma faculdade que conta com palestras sobre inclusão social ou integração, e aparentemente isso não vai mudar tão cedo.
Repúblicas gays começaram a surgir. São poucas, menos ainda com nome, e passam pela cidade dividindo espaço com as que ali estão para os heteros. Se eles soubessem quantos dos seus vizinhos poderiam ser amigos deles, o quanto as repúblicas poderiam ser maiores e mais fortes, mais diversas e interessantes, talvez não prezassem tanto pelo retrocesso. A infelicidade é a realidade atual, onde gays se escondem e heteros se afastam, onde a segregação anda em alta – por um lado como instinto de autopreservação, por outro como repulsa ao estrangeiro – e onde o futuro não parece tão promissor ainda.
Não só os heteros podem ser responsabilizados pelo cenário atual, mas também os gays. Em todos os lugares onde já vivi – inclusive no Pará -, a sexualidade era algo tranquilo de assumir, algo pessoal com que ninguém se importava, fosse uma ou outra. Gays fazem parte da sociedade, sempre fizeram, e ultimamente não têm tido medo de se afirmar. Era de se esperar que uma cidade universitária seguisse o exemplo assim como outras mais inclusivas – só em Minas Gerais temos Diamantina, Lavras e Viçosa como exemplos claros de que diversidade não piora nada – mas não é o caso. Em Ouro Preto, no entanto, as coisas não têm sido as mesmas, de um lado pela tradição forte que não tolera os gays, do outro pelo medo de jovens homossexuais de enfrentar mais rejeição, antagonização e isolamento por simplesmente serem quem são. Todos saem perdendo.
Se você é heterossexual, homem ou mulher, ou se você é gay, no armário ou assumido, lésbica ou transexual, o que você pode fazer é sua parte. Não custa nada reclamar de um comentário homofóbico. Não tem problema questionar por que sua república não aceita pessoas diferentes. Ninguém vai achar que sua casa é toda gay por um dos moradores ser. Os gays não vão te morder, provavelmente está ali só um ser humano que pode acabar se tornando um amigo. A tradição não precisa ser perdida só por precisar se tornar mais tolerante e contemporânea. E enfim, seja um ser humano decente: trate os outros como gostaria de ser tratado. Respeite, tenha consideração e ponha-se no lugar do outro. Responsabilize-se. Cresça. Estamos aqui para estudar e para nos tornarmos pessoas melhores. A situação de Ouro Preto, como está, não ajuda nessa tarefa.
Como mensagem final àquele ou àquela que se sentiu ofendido(a) ou ameaçado(a) com esse texto, uma informação de consolação: relaxa, podia ser pior. Enquanto aqui ainda estamos tentando resolver nossa cabeça para aceitar homossexuais, uma fraternidade americana aproveitou uma excursão para cantar no ônibus sobre como nenhum negro jamais fará parte de lá. Podemos ser atrasados, mas tem gente mais atrás ainda, né?
Boa sorte, Ouro Preto. E boa sorte pra mim, que passarei os próximos 5 anos enfrentando essa cidadezinha parada no tempo, que mesmo depois de 400 anos ainda não conseguiu vencer o preconceito.