A busca pelo reconhecimento na História

Você já parou para pensar em quantas pessoas na História sentiam atração por pessoas do mesmo sexo? Pessoas que você conhece, nomes que aparecem nos livros de História, poetas e autores, astros dos filmes, heróis de guerra e reis — e você só aprende sobre isso anos e anos depois que aprende sobre eles, e isso é como um soco no estômago.

Você já parou para pensar sobre como é esse círculo vicioso em que esses nomes são apagados da História, essas partes dessas pessoas são apagadas, então nem aprendemos que outras pessoas podem ser assim? E então você esmaga aquela parte de você que pode ser assim porque não é algo real, todos na História eram heterossexuais e é só você que é a anomalia.

Tipo, essa ideia de que ser qualquer coisa que não heterossexual seja uma coisa totalmente nova. Como se ser gay tivesse sido inventado vinte anos atrás, e que antes disso só haviam livros e livros e livros de mulheres apaixonando-se por homens. Mas não era assim. Havia pessoas como você. Sempre houve pessoas como você, e você só pode aprender isso através de pedaços de papel passados sob a mesa por outros jovens aterrorizados na internet. Isso parte meu coração. Esse apagamento. Esses amores removidos só em caso de um estudante do Ensino Médio poder acabar lendo sobre isso em um livro de História e dizer “Ah”.

Um desabafo pelo fato de que lemos diários, poemas e anedotas procurando por FRAGMENTOS de algo que mostra que essas pessoas que significaram algo para nós poderiam ser como nós. Talvez. O poeta talvez realmente te entenda. O ator realmente pode ter falado sério na TV. É uma triste, desesperada arqueologia de busca por reconhecimento.

Traduzido e adaptado de uma postagem no Tumblr de sharkodactyl.

O dia-a-dia de um casal gay [Parte #1]

Conheça Robin e Julien.

São um casal gay fictício criado pelo artista Wonsun Jin, da Austrália, que também é conhecido por Small World, cuja missão é conquistar o coração de todos. Embora puramente ficção, esses personagens são adoráveis e farão seu dia.

Robin é um garoto de 17 anos com cabelo rosa, gosta de pizza, vídeogames e TV, enquanto Julien tem 19 anos, cabelo azul e gosta de esportes, exercícios e é super espontâneo. Eles são muito diferentes um do outro, mas são totalmente fofos juntos.

Fonte: webtoons.com | patreon.com | youtube.com | Instagram

Esta é a parte 1 dessa coletânea de tirinhas. Logo postarei as próximas 10. 🙂

[#1] 16 anos depois

[#2] Precisando de uma recarga

[#3] Virando um bad boy

[#4] Material da camisa: “para namorar”

[#5] Uma semana X dois anos

[#6] Escondendo o quarto secreto

[#7] Pauzinhos

[#8] Jaquetas teimosas

[#9] Tosses significam uma visita imediata ao hospital

[#10] Se abraçando por um pesadelo

Bermudas se tornam o primeiro país a revogar o casamento entre pessoas do mesmo sexo

Críticos chamam de “vergonhosa” a manobra sem precedentes de retirada de direitos civis.

Bermudas se tornou o primeiro país no mundo a revogar uma lei que permite que pessoas do mesmo sexo se casem.

O governador da ilha, John Ranking, aprovou uma lei na quarta que reverte uma decisão da Suprema Corte do ano passado que aurotizava o casamento homoafetivo.

Críticos consideram a manobra do território britânico uma retirada sem precedentes de direitos civis.

O ministro de assuntos domésticos, Walton Brown, disse que a legislação assinada pelo Sr. Ranking foi feita para balancear a oposição ao casamento homoafetivo na ilha, considerada conservadora, com as decisões judiciais europeias que garantem o reconhecimento e proteção de casais do mesmo sexo no território.

O Senado e Congresso de Bermudas passaram a lei com ampla vantagem em dezembro, e a maior parte dos eleitores votaram contra o casamento homoafetivo em um referendo. A ilha agora só tem uma lei que permite uniões domésticas para casais gays.

“Esse ato tem a intenção de criar um equilíbrio justo entre dois grupos irreconciliáveis em Bermudas, ao redefinir que o casamento deve ser entre um homem e uma mulher ao mesmo tempo que reconhece e protege os direitos de casais do mesmo sexo,” diz o Sr. Brown.

Grupos de direitos humanos LGBT+ dizem que uniões domésticas configuram um status de segunda classe e que é sem precedentes uma jurisdição tirar o direito legal ao casamento depois dele ter sido garantido.

“O governador Rankin e o parlamento de Bermudas vergonhosamente tornaram a ilha o primeiro território nacional no mundo a revogar a igualdade no casamento,” disse Ty Cobb, diretor da Campanha Global de Direitos Humanos.

A manobra causou o convite a boicotes por ativistas dos direitos LGBT+ contra o território, usando a hashtag #BoycottBermuda.

Casais registrados em uniões domésticas agora terão direitos “equivalentes” aos casais heterossexuais casados, incluindo o direito de tomar decisões médicas pelo parceiro, segundo declaração emitida pelo governo do Sr. Brown.

Cerca de seis casamentos do mesmo sexo de Bermudas, que ocorreram entre a decisão da Suprema Corte em maio de 2017 e a revogação, continuarão a ser reconhecidos sob a nova lei.

Bermudas, um país predominantemente cristão, tem visto uma mudança significativa nos últimos anos em direção às vertentes evangélicas do cristianismo.

Em um debate na Câmara dos Comuns do Reino Unido mês passo, Chris Bryant, do partido trabalhista, chamou a lei de “um projeto de lei desprazeroso e muito cínico.”

“Me sinto muito desapontado,” disse Joe Gibbons, um homossexual bermudense casado. “Isso não é igualdade, e o governo britânico simplesmente disse, ‘Essa não é nossa luta.'”

Apesar de insinuações de que o Secretário de Assuntos Estrangeiros do Reino Unido teria influência na revogação da lei, Boris Johnson parece não ter envolvimento.

Sua permissão só seria necessária se o Sr. Rankin decidisse “reter consentimento” da assinatura da lei. Mas o governador confirmou que havia aprovado a lei depois de “considerações cuidadosas de acordo com minhas responsabilidades sob a Constituição.”

Traduzido do jornal Independent.

A história por trás de Gay Bob, primeiro boneco fora do armário!

Ele foi lançado nos anos 70, para a comemoração e revolta de muitos.

“É outra evidência do desespero que a companha homossexual alcançou em seu esforço para inserir o estilo de vida homossexual, que é um estilo de morte, entre o povo americano.”

Um grupo de pressão chamado Proteja as Crianças Americanas fez essa declaração em 1978 — sobre um boneco.

Naquele ano, o lançamento de Gay Bob, considerado o primeiro boneco assumidamente gay do mundo, causou um pequeno furor. Consumidores enfurecidos reclamavam que um brinquedo com uma história de vida homossexual levaria a outros bonecos “nojentos” como “Priscilla a Prostituta” e “Danny o Traficante de Maconha.” A Esquire premiou o Gay Bob com o “Prêmio de Caráter Dúbio.” E organizações anti-gays por todos os Estados Unidos vociferaram.

Gay Bob, que deveria parecer uma mistura de Robert Redford e Paul Newman, era loiro, com uma camisa de flanela, jeans apertadas e uma orelha furada. O boneco trazia às organizações anti-gays muito a temer; intrínseco a ele havia a celebração da identidade gay, evidenciada pelo discurdo programado de Gay Bob. “Pessoas gays,” dizia Bob, “não são diferentes dos heterossexuais… Se todos ‘saíssem de seus armários,’ não haveriam pessoas tão raivosas, frustradas e assustadas.”

De forma atrevista, a caixa em que Gay Bob era embalado vinha no formato de um armário, para que quando ele saísse de lá, estivesse literalmente saindo do armário. Gay Bob explicava: “Não é fácil ser sincero sobre quem você é — na verdade, leva muita coragem… Mas lembre-se, se Gay Bob teve a coragem de sair do armário, você também pode ter.”

“Saia do armário com Gay Bob, o primeiro boneco gay para todos. Ele senta… Ele se levanta… Ele fica em qualquer posição… e já que ele é anatomicamente correto, ele pode até mesmo brincar consigo mesmo sem ficar cego. Gay Bob é grandão com 33 cm (Uau!) e feito de plástico (ou plastique, se você for elegante)… Ele vem vestido em uma camisa de flanela mucho macha, jeans azuis que abrem com um zíper de qualidade para relevar suas partes íntimas, botas e (naturalmente!) um brinco. Ele mora em um armário e tem seu próprio livro de histórias/catálogo de moda. Barbie e Ken… Deem licença. GAY BOB CHEGOU! Por US$ 19,50 você pode ter um GAY BOB. Ou tenha estilo e mande US$ 35 para levar dois bonecos. Para residentes em Nova York e com os impostos apropriados. Enviado em embalagem de papel pardo. Revendedores bem-vindos. Sinto muito, querido, não pode pagar na entrega. Compras em dinheiro são enviadas no mesmo dia. Cheques em torno de 3 a 4 semanas. Agora é a hora de mandar o GAY BOB para todos na sua lista de Natal para: FORA DO ARMÁRIO, LTDA.” Propaganda em uma revista de 1978 para o boneco Gay Bob. Joe Wolf/CC BY-ND 2.0

A mensagem positiva não foi por acidente. O criador do boneco, Harvey Rosenberg, ex-executivo publicitário que desenvolvou campanhas de marketing para várias empresas, queria que o Gay Bob “libertasse” os homens dos “papéis sexuais tradicionais.” Ele criou o boneco logo depois de uma série de choques sacudirem sua vida: em rápida sucessão, seu casamento acabou e sua mãe se tornou extremamente doente. Ele decidiu que seus próximos projetos teriam que ser de grande significado pessoal.

Embora o Gay Bob fosse certamente divertido — o boneco foi feito para ser anatomicamente correto, e ativistas proeminentes como Bruce Voeller disseram aos repórteres que as pessoas deviam “encarar [o boneco] de forma leve e aproveitar” — as intenções de Rosenberg pareciam ser sinceras. Quando perguntando sobre por que gastaria US$ 10.000 de seu dinheiro na produção de Gay Bob, ele respondeu, “tínhamos algo a aprender do movimento gay, assim como tivemos do movimento dos direitos dos negros e das mulheres, e isso é ter a coragem de se erguer e dizer ‘Eu tenho direito se ser quem sou.'”

Quando o Gay Bob chegou às lojas em 1978, esse direito de ser gay e igual estava mais uma vez sob ataque, especialmente por Anita Bryant, uma cantora e bem conhecida embaixadora de marcas que mobilizou a oposição contra uma lei de Dade County, na Flórida, que proibia a discriminação por conta da orientação sexual. Focando no impacto em escolas públicas, Bryant dizia que a existência de professores LGBT ameaçaria o bem-estar dos estudantes locais. “Homosexuais recrutarão nossas crianças,” ela alertou. “Usarão dinheiro, drogas, álcool, qualquer coisa para tomar o que querem.” Em junho de 1977, ela conseguiu que a lei fosse extinguida, e sua cruzada anti-gays — que ganhou grande atenção da mídia — inspirou movimentos parecidos em Minnesota, Oregon, Kansas e na Califórnia.

Gay Bob, que vendeu 2.000 cópias nos primeiros dois meses, apareceu no auge dessas batalhas políticas. Não era um grande destaque por conta própria, mas serviu como um divertido troféu — e sinal de mudanças — para aqueles lutando contra Bryant.

Inicialmente vendido atavés de propagandas de encomenda de correio em revistas com temática gay, o Gay Bob logo se expandiu para lojinhas de Nova York e São Francisco. Rosenberg até o promoveu para grandes redes de departamento, uma das quais até gostou da ideia (mas acabou não fechando negócio). E, no fim das contas, os consumidores que temiam a introdução de bonecos mais “nojentos” estavam parcialmente corretos — Rosenberg logo deu ao Gay Bob uma família, com os irmãos Marty Macho, Eddie Executivo, Al Ansioso, Steve Hétero (que vivia nos subúrbios e usava ternos azuis) e as irmãs Fran da Moda, Libby Liberta e Nelly Nervosa.

Traduzido do site AtlasObscura.

Aceitação dos LGBT cai nos EUA, segundo nova edição de estudo

O relatório anual “Acelerando a Aceitação”, feito pelo GLAAD, mostra uma queda alarmante da aceitação dos LGBT.

Um novo estudo indicou uma queda alarmante na aceitação dos LGBT nos Estados Unidos.

A GLAAD anunciou seu quarto relatório anual, chamado “Acelerando a Aceitação, ontem (25/01), relevando o declínio da aceitação desde 2016.

O relatório questionou mais de 2.000 adultos, 1.897 dos quais heterossexuais, pela internet entre 16 e 20 de novembro de 2017.

De acordo com o estudo, houve um aumento na quantidade de americanos que se sentem “muito” ou “relativamente” desconfortáveis em várias situações com pessoas LGBT.

O relatório revelou que 30% dos adultos questionados disseram que se sentiriam “desconfortáveis” se descobrissem que um parente é LGBT, uma alta de 3% de 2016.

Enquanto isso, 31% ficariam desconfortáveis se seus filhos fossem ensinados por alguém LGBT, e outros 31% ficariam desconfortáveis com um médico LGBT.

Os resultados mostraram que 27% ficariam desconfortáveis vendo a foto de casamento de um colega de trabalho LGBT, e 37% disseram que não gostariam de descobrir que seus filhos tiveram uma aula sobre a história dos LGBT na escola.

O relatório também revelou que 55% dos adultos LGBT já sofreram alguma discriminação por conta da orientação sexual ou identidade de gênero, uma alta de 11% do ano passado.

O GLAAD frisou que essa não foi a primeira vez que o relatório apresentou queda na aceitação dos LGBT.

Sarah Kate Ellis, presidente e CEO da GLAAD, disse: “Por décadas, ao passo que mais e mais pessoas LGBTQ saíram do armário, se tornaram visíveis, e surgiram com todos os estilos de vida, pessoas heterossexuais se tornaram mais confortáveis.”

“Neste ano, mias adultos heterossexuais nos EUA relataram se sentir desconfortáveis sabendo que um parente, médico ou professor próximos são LGBT. No entanto, 79% dos adultos heterossexuais americanos continuam a concordar com a frase ‘Eu apoio direitos iguais para a comunidade LGBT.'”

Ela também diz: “Pessoas LGBTQ e aliados serem visíveis e vocais não só farão acabar esse retrocesso, como também levarão adiante a marcha pela aceitação em todos os cantos do mundo.”

O relatório saiu dias depois de um estudo apontar que 600.000 LGBTs americanos passaram por terapia de conversão durante a juventude, e um estudo da Coalização Nacional de Programas Anti-violência também apontar que houve uma alta enorme no número de homicídios contra LGBT+ no último ano.

Homem que assassinou casal gay mostra o dedo do meio para as famílias no julgamento

Ele disse ao júri que não tinha arrependimentos na vida e tinha orgulho de cada decisão que havia feito.

Um homem, condenado por matar um casal gay na Flórida, mostrou o dedo do meio para os membros das famílias em um julgamento aberto.

Em novembro do ano passado, Peter Avsenew, de 32 anos, foi condenado por assassinar Kevin Powell e Steven Adams, um casal gay que ele conheceu no site de anúncios Craigslist em 2010.

Depois que Avsenew, que já trabalhou como acompanhante, foi convidado à casa deles em Wilton Manors, Flórida, ele os matou e roubou o dinheiro, carro e cartões de crédito da casa. O casal foi encontrado posteriormente com marcas de tiro e enrolados em cobertores.

Contrariando o conselho da juíza Ilona Holmes, Avsenew preferiu defender a si mesmo durante o julgamento no início de janeiro. Durante o julgamento, o júri votou em unanimidade pela pena de morte depois de Avsenew mostrar zero remorso pelo assassinato.

Durante as declarações de fechamento, ele disse: “Meu trabalho aqui é simples. Não tenho que provar nada para vocês, já que o estado já provou. Tudo que tenho que fazer é estar aqui e me comportar. Depende de vocês decidirem na minha vida ou morte baseando-se na informação fornecida durante este julgamento.”

Ele continua: “Não tenho arrependimentos na minha vida, e tenho orgulho das decisões que tomei. Ninguém realmente sabe o que aconteceu naquele dia. Todos podem especular sobre ‘se’ e ‘talvez’, até que estejam com a cara roxa, nunca realmente saberão.”

Depois de receber a notícia da pena de morte, Avsenew coçou a testa com o dedo do meio. Quando questionado sobre o gesto, ele disse: “Não foi para o júri — foi para a família.”

Marci Craig, irmã de Steven Adams, disse à ABC News: “No fundo do meu coração, já sabia que ele havia feito o gesto para nós. E depois ele admitiu que foi para nossa família.”

Ela adiciona: “Estou feliz que ele esteja sendo condenado à pena de morte.”

A juíza Holmes descreveu o gesto como “imprudente.” Avsenew não foi formalmente sentenciado e, desde então, contratou um advogado que deverá apresentar novas evidências no julgamento.

Avsenew é esperado para nova audiência amanhã, 26 de janeiro.

Fonte: Attitude.co.uk

"Não se exponha, é pelo seu bem…"

Disclaimer: esse texto foi feito por um homem para outros homens homossexuais. Deixo isso claro para justificar que, baseado em minhas experiências e vivências, só tenho propriedade para falar em nome desse grupo. Não é intenção excluir ou desamparar outros membros da sigla LGBT, e acredito que muito do conteúdo se aplica a outros 🙂

Quantas vezes você, gay assumido, já se deparou com essa sugestão? Seja de um parente próximo ou distante, de um amigo preocupado ou de um(a) professor(a) com quem você tem confiança, imagino que pelo menos uma vez essa mensagem já tenha sido direcionada até você. E por que ela é tão incômoda, por que não parece descer bem, por que parece ser contra-intuitiva? Para todos aqueles que se importam e gostariam de entender, vou fazer uma tentativa de explicar aqui por que eu, como homossexual e assumido em todas as esferas, acabo por me expor – aos olhos de alguns – e pretendo continuar a prática.

Vamos começar com a definição de assumido, que acho que é muito importante para que essa discussão seja até mesmo iniciada. Alguns veem esse ato como algo desnecessário, já que nossa sexualidade se resume aos nossos relacionamentos pessoais e nossas atividades sexuais. Mas será mesmo? Não somos como se fossemos diferentes de todos os outros, fazemos as mesmas coisas divertidas como uma caminhada no parque e montando um unu em todos os lugares. Um pequeno exercício que podemos fazer sobre isso é imaginar quais são todas as coisas em que somos a norma. Que não se entenda essa palavra como “normal”, devo deixar claro. Mas o que é mais frequente se ver na sociedade em que vivemos e como reagimos quando somos diferenciados? Deixamos claros em que aspectos somos diferentes ou fingimos ser sempre iguais a todos?

Exemplo 1: o encontro

Pessoa 1: Hummmm… Estou morrendo de fome.

P2: Eu também! Podíamos pedir algo para dois, não é mesmo?

P1: Ótimo, é bom que economizamos! Que tal essa picanha? Serve duas pessoas!

 

P1 é uma pessoa vegatariana. Você acha que:

a) Ela deveria esconder esse fato para não constrangir o interlocutor, e comer mesmo assim?

b) Ela deveria deixar claro que é vegetariana, e oferecer dois pratos ou um que sirva aos dois?

Exemplo 2: a noitada

Você é um adolescente. Todos os seus amigos estão bebendo em uma festa com você, mas você não gosta e não pretende beber.

Amigo 1: Cara, o que tem tomar uma cerveja? Não vai te matar.

A2: Pois é, que frescura. Pelo menos hoje, já que você está com a gente!

A3: Faz esse drama todo, nunca deve ter nem experimentado pra poder falar alguma coisa.

 

Você:

a) Cede à pressão e começa a beber, mesmo sabendo que já experimentou e não gosta;

b) Deixa claro que você não gosta do hábito e segue aproveitando a festa.

Eu imagino que a maior parte das pessoas não precise de mais exemplos.

Realmente, à primeira vista, não parece ser realmente algo que todos devam saber. Se eu namoro um rapaz, não faz diferença nenhuma para meu chefe ou meu colega de trabalho que eu namore com ele, e nossa amizade e relações de trabalho não mudarão em nada comigo assumindo. A menos que eu sinta uma enorme vontade de contar pra todo mundo, não tem por que tocar no assunto, certo? Errado. Afinal, devemos nos lembrar que nenhum caso na vida é algo que envolve somente um âmbito, e dentro do trabalho entra a questão social. Os amigos de escritório vão falar de mulher, criar grupos no WhatsApp, chamar para puteiros e conversar sobre namoradas e a guerra dos sexos. Se você não quiser participar do grupo de putaria do WhatsApp, vão querer saber por quê. E, na maior parte das vezes, é muito melhor falar que você é gay – felizmente a maior parte das pessoas no dia de hoje respeitam essa resposta – do que evadir responder e se manter no armário. Isso pode gerar zoações, mais questionamentos e acho até provável que uma leve antipatia pela sua aparente aversão de socializar. Também é muito melhor falar a verdade do que mentir – como contando que você namora – porque cedo ou tarde essa mentira vai ser colocada em teste, e o trabalho para mantê-la vai ser muito maior. Além de toda a situação ser extremamente desagradável.

E na faculdade? Bom, aí que eu acho que se assumir é realmente vital. Devo deixar claro que não considero que sair do armário seja uma declaração pública no grupo do Facebook do campus para que todos os estudantes saibam quem você é e com quem se relaciona, mas sim para os amigos. Para começar, toda e qualquer impressão que a sociedade faz sobre um grupo de pessoas começa a partir de estereótipos que criam a partir de representantes observáveis daquele grupo. Sem ninguém para saberem que é gay, não saberão como é ser gay, ou criarão suposições baseadas em um ou outro únicos exemplos. A melhor imagem que podemos causar sobre nossa sexualidade – e o tanto que somos diversos – parte de nós mesmos, e é essa a arma mais poderosa para mudar a percepção da homossexualidade e gerar empatia entre as pessoas. Isso independe de comportamento (feminino ou masculino), inclusive. Sendo boas pessoas e sendo vistos como homossexuais, melhoramos a imagem coletiva como um todo.

Outro ponto extremamente importante a respeito da faculdade são os relacionamentos em si. Meus pais se conheceram aos vinte e poucos anos enquanto cursavam a UFMG. Através de amigos de amigos, festas, acampamentos e aproximações, ficaram juntos, se casaram e criaram a minha família. Mas se não fosse possível, por algum motivo, que meu pai se declarasse para a minha mãe, ou que pudessem se beijar, ou que mesmo se sentissem confortáveis com a relação, qual seria a chance que realmente teriam? Se fosse a norma para todas as mulheres serem lésbicas, meu pai arriscaria chamar minha mãe para sair se ela não dissesse ser heterossexual?

Estar assumido em um ambiente, especialmente no universitário, onde nossa única obrigação é sermos bons estudantes – ao contrário de agradar a chefes ou colegas – é a melhor e maior oportunidade para que conheçamos pessoas com quem podemos nos relacionar. É assim que grandes namoros começam muitas das vezes, com e entre amigos. E sem que as pessoas saibam ao menos do que gostamos, fica muito difícil que nos aproximemos de alguém, ou que se aproximem de nós. Estar no armário, nesse caso, é garantir que todas as pessoas que se aproximem sejam do sexo oposto enquanto se busca alguém do mesmo sexo, com bastante dificuldade e dúvidas no caminho. Claro que hoje em dia existem aplicativos que auxiliam nessa questão, mas todos nós sabemos que nenhum é muito eficiente para apresentar pessoas que buscam um relacionamento, como as boates e bares gays já evidenciam há muito tempo.

Outro excelente ponto – e nesse caso eu chamaria de vantagem – a favor de ser um gay assumido se refere às pessoas à nossa volta. Muitas vezes estamos cercados de pessoas que não são verdadeiros amigos e não pensam realmente no nosso total bem estar. Sei o tanto que é desagradável ter que ouvir certos comentários ou zoações – viadagem é o que mais me irrita ultimamente – e não poder dizer nada, ou pior, ter que rir junto. Quando somos assumidos, quem se importa no mínimo fará um esforço para evitar tais comportamentos, e quem se incomoda com a sua existência simplesmente não estará em uma roda de conversa com você.

A faculdade é, acima de tudo, um local de aprendizado e crescimento, seja pessoal, acadêmico ou profissional. E, se temos tempo além das notas para deixarmos uma impressão e coibirmos o preconceito, acredito que esteja em nosso melhor interesse contribuir para essa troca. Não estou dizendo, em momento algum desse texto, que quem se sente desconfortável em estar exposto deva sair do armário mesmo assim só para agradar todos os outros gays, o que quero dizer é que o impacto que causamos nas pessoas ao nosso redor definitivamente vai contribuir para que essas pessoas aceitem outros como nós em outros locais e situações, e vai ajudá-los a entender que somos o mesmo homo sapiens sapiens, e que como deveria ser, nossa sexualidade não faz diferença no caráter que temos ou ao amor que destinamos aos que nos são próximos. Ser gay em um ambiente significa criar aliados, ter aliados significa envergonhar aqueles que atacam e, acima de tudo, significa sentir-se seguro.

Para finalizar, uma mensagem para a minha tia que inspirou esse texto: Tia, sei que você diz isso por ter medo que eu me machuque ou sofra constrangimentos ao afirmar que sou gay, sei que você me alerta para o meu “bem”, mas você precisa entender que o meu bem também inclui poder viver livremente, que as pessoas saibam com quem me relaciono sem isso ser algo incômodo ou desnecessário numa conversa – afinal homens discutem o tempo todo sobre loiras e morenas -, inclui demonstrações de afeto e inclui não me sentir censurado ou ofendido em conversas cotidianas. Acima de tudo, você tem que entender que o meu bem inclui ter alguém pra chamar de “meu bem”, e com as pessoas sabendo que “tipo” estou procurando, essa busca se torna muito mais fácil.

Vale lembrar: muitos dos que estão por aí na verdade usam a frase do título não pelo bem daqueles que amam, e sim simplesmente para tentar impedir que tenha-se que conviver com gays ou admitir que nós existimos por todos os lados. É pedir que nós fiquemos incomodados e ocultos para que eles não se incomodem. Deixo esse lembrete para sempre refletirem: quem deveria estar incomodado nos dias de hoje? 😉

O que aconteceu de bom em 2015?

Guerras, terrorismo, ataques, bombas, mortes, preconceito, protestos, radicais, extremistas, corrupção, pobreza, intolerância, fascismo, desastres naturais e o aquecimento global. Eu ainda devo ter esquecido de muita coisa que tivemos que superar em 2015 para seguir em frente. E às vezes isso dá aquela sensação enorme de que tivemos um ano perdido, que nada avançou e de que a humanidade está sucumbindo ao caos. Mas muita coisa boa aconteceu também. Que tal sairmos desse ano satisfeitos com progresso? Vamos recapitular:

Que tal este ano, afinal?

Entre outras tantas centenas e centenas de notícias boas que recebemos este ano, sem contar as pessoais (novos nascimentos nas nossas famílias, casamentos e conquistas de parentes e amigos), acho que pelo menos um pouco de mudança no foco pode nos ajudar a tirar aquele gostinho ruim da boca. Talvez é nossa mídia que tenha que ser ampliada.

Feliz 2016!

Segundo período na UFOP… O que mudou quanto à homofobia?

É difícil começar esse post porque tem várias coisas que posso comentar. Há pouco mais de seis meses eu era um calouro nessa universidade e ainda estava conhecendo tanto o espaço acadêmico quanto as relações sociais da cidade e das repúblicas. Muitas das impressões que eu tinha mudaram, mas muitas continuam. Posso dizer, logo de cara, que se eu tinha vontade de batalhar no começo, agora eu teria mais vontade ainda. Conhecer diversos homens e mulheres de várias repúblicas, casas, apartamentos e regiões da cidade me fizeram ter ainda mais respeito e admiração pelo sistema que existe aqui e por algumas de suas tradições. Muita gente já tem noção, mas pensando nos que estão chegando ou nos que pensam em vir, seguem algumas das minhas impressões:

  • Ex-moradores sempre voltam. É emocionante ir em um aniversário de uma república (especialmente as mais antigas) e ver gente mais velha (tipo, seriamente mais velha) voltando para tomar uma cerveja, contar histórias, comparar momentos e integrar gerações e gerações de pessoas que têm uma mesma casa, os mesmos hinos em comum;
  • O companheirismo serve para tudo. Perrengues, estudos, rocks, pegação. Tem muita gente que acaba entrando nas prioridades erradas, mas a maioria das pessoas que se tornam irmãs em uma república são realmente irmãs. E isso segue além da casa, criando amizades que não vão embora e muitas, muitas histórias para relembrar. O companheirismo da UFOP chega a ser quase maçônico, porque ser de uma república significa que as pessoas que moraram ali com você estarão sempre por perto (mesmo que longe) para te ajudar, seja profissionalmente, economicamente ou de qualquer forma que for. Os ex-alunos também. Tudo acaba se tornando uma rede de apoio que te segue a vida inteira e traz retornos que pouquíssimas outras faculdades podem garantir;
  • O convívio com pessoas diferentes na mesma casa trazem um crescimento pessoal imenso. De aprender a arrumar a casa a cuidar mais das finanças, de entender e aceitar costumes que no início podem até parecer estranhos a respeitar pessoas que já passaram por situações como as suas e podem oferecer um pouquinho de aconselhamento (valeu pai, valeu mãe!);
  • Morar em uma república com outras pessoas acaba te apresentando coisas que você nem sabia que gostava, mas acabou descobrindo: jogos de baralho, matérias que nem são do seu curso, esportes, natureza ou até mesmo áreas que você nunca achou que teria interesse (política, filosofia, coleções, gêneros musicais…).

quadrinhos

Dito isso, os motivos que me levaram a escrever o primeiro texto acabam por ofuscar um pouco disso tudo. Ouve-se muito o discurso de representantes republicanos prometendo melhoras, mais compreensão, diversidade e acolhimento. Enquanto muitos da faculdade pressionam pelo sistema socioeconômico nas casas da faculdade (como acontece em Mariana), muitos outros, republicanos federais e particulares, tentam lembrar os estudantes dos benefícios da tradição, da história que ela carrega para a cidade e para a UFOP. Com certeza isso é muito valioso. No entanto, embora muitos dos discursos sejam “Estamos buscando um meio termo que agrade a todos”, a realidade não parece estar se aproximando disso. O foco parece ser em melhorar as condições das batalhas dos bixos, e não em pressionar questões que muitos concordam que são mais importantes: diversidade socioeconômica, de orientação sexual, respeito e maior tolerância.

Enquanto muitas repúblicas melhoraram por conta de seus atuais moradores nas questões sociais, outras ainda acreditam que as coisas devem ficar como estão. Quando eu entrei, não existia um Spotted para entender o que se passa pela cabeça de outros estudantes, mas agora isso existe, e aqueles que acompanham percebem que ainda há muita gente nessa faculdade que não concorda que mulheres podem pegar quantos caras elas quiserem (como os caras pegam), que os gays se fazem de vítima e não procuram as repúblicas (se for mesmo o caso, por que será?) e que não há preconceito racial na UFOP. Tem muita gente que realmente acredita estar certo(a) quando diz que orientação sexual diferente da heterossexual é sem-vergonhice, e isso acaba atrapalhando tudo. Afinal, se um decano quer aumentar a diversidade de sua casa, como fazer isso com amigos que são totalmente contra dividir o quarto com alguém que é gay?

Dá pra dizer quem é gay só olhando a foto? Importa?

Foram muitas as reações desde que saiu aquele texto. Tivemos aquele bixchaço no RU (convenientemente, os republicanos federais almoçaram em casa), debates sobre homofobia, diálogos nos grupos da faculdade e nos campus, mudanças de discurso e tentativas de melhorar a situação. Infelizmente nada resultou disso. Passou-se mais um período e pouquíssimo, se alguma coisa, mudou. As mesmas repúblicas que aceitavam gays continuam aceitando, as que não aceitavam continuam não aceitando, e a sensação na cidade é a mesma. Se em Mariana um rock de Economia tem gays, heteros, republicanos, “pensionistas”, jornalistas e pedagogos, um rock de Turismo em uma república federal recebe a avaliação “Putz, estava cheio de viado.” Como se isso fizesse a mínima diferença. Na UFOP, dentro do mesmo campus, tem gente da Escola de Minas achando que Artes Cênicas nem deveria existir. O ritmo de intolerância segue, perpetuado por pessoas que não precisam sentir isso. Elas poderiam estar aproveitando muito mais conhecendo gente de todo tipo.

O cara (hétero) que levou o amigo (gay) para o baile da escola porque o amigo não tinha um par.

Acho que um pouco dessa dificuldade das pessoas de melhorar a situação em Ouro Preto vem do clima atual de discussão. Antigamente, para se preparar para um debate, um grupo contra o desmatamento lia livros sobre os pontos positivos de se desmatar, conversava com aqueles responsáveis pelos desmatamentos e desvendavam seus motivos pessoais e ideológicos. Eles pesquisavam o grupo com quem iam contra exaustivamente para que tivessem autoridade ao ir contra ele. Para um debate, uma discussão e um aumento de conhecimento, todos procuravam conhecer os dois lados. Com os algoritmos do Facebook, o funcionamento da internet e o agrupamento de interesses comuns, esse hábito foi deixado de lado. Hoje, ler Marx automaticamente torna um ser humano comunista, marxista, esquerdista, gayzista, feminazi, maconheiro. Ler sobre a teoria do capitalismo e da economia globalizada automaticamente torna esse mesmo ser humano coxinha, reaça, machista, homofóbico, racista, filhinho de papai acomodado. Não existe mais o estudo por informação. Não existe mais a busca por convivência. E por esse já ser um problema em Ouro Preto, se a questão não se estagnou, provavelmente piorou. Há uns dois anos a ideia do ser homofóbico a ponto de recusar um morador gay era algo que estava começando a ser mal visto, e hoje em dia já existem mais pessoas que passam a mão na cabeça desse marmanjo e dizem “Essa é sua opinião, não tem problema se sentir assim, pode ter preconceito! É seu direito.” Infelizmente.

Não quero me demorar tanto quanto no outro texto. Peço compreensão das pessoas que estudam comigo. Viver 4 ou 5 anos em Ouro Preto em uma república sem gays não vai impedir que você tenha que conviver com colegas, vizinhos, familiares gays no futuro. Ser preconceituoso com uma pessoa por uma questão que ela não controla (gay, negro, mulher) não é algo que está OK, não é algo que você pode ter como ideologia porque você está afetando diretamente outras pessoas, e de forma muito negativa. Não é como escolher uma camisa azul ou vermelha.

Muita gente aqui na faculdade, tenho percebido, nunca teve um único contato direto com uma pessoa homossexual. Alguns evitam isso ativamente, se afastando de um amigo que sai do armário, ou de um homem que fale de forma muito feminina, por diversos motivos. Outros simplesmente não tiveram a oportunidade até agora. Muitas dessas pessoas acabam sendo mais aversas a ter contato com pessoas de outra orientação sexual justamente por ser uma questão desconhecida. Então eu sugiro, ou melhor, proponho: conversem com alguém homossexual por cinco minutos. Se continuarem convencidos de que é completamente impossível ter uma amizade com aquela pessoa, ter coisas em comum e trocar experiências de vida, tente conversar com outra pessoa porque essa provavelmente é muito chata (de chatos o mundo tá cheio). É uma questão tão pequena, tão besta, tão pessoal e afastada do convívio social que eu te garanto, com toda a certeza da minha vida, que nesses cinco minutos você perceberá que não precisa impedir que morem na mesma casa que você. Não consigo contar nos dedos as vezes que fiz amizades até o ponto em que contei que era gay. É algo tão sem importância para uma amizade se formar que só faz diferença para alguns quando eles ficam sabendo.

Outra coisa que percebi é que realmente a maior questão para muitos homens na faculdade em relação a aceitar gays é o medo de desonrar o nome de uma casa (ou talvez pressão de ex-alunos). Bom, gente, vocês já sabem disso mas é sempre bom lembrar: muitos dos ex-alunos hoje são gays assumidos. Alguns casados. Alguns até com filhos. Eles moraram na mesma casa que você, são gays, eram gays quando moravam aí e ninguém nem reparou. Olha quanta diferença fez. Não é desonra ter um cara assumido na sua casa. Num mundo sensato, isso deveria ser motivo de orgulho. Porque sair do armário é ter coragem. É ver sua mãe dizendo que preferia morrer a ter você no mundo. Ser convidado a uma terapia cristã para uma conversão que não existe. É dar bom dia para o pai e receber de volta uma cara de nojo. Tudo isso por muito tempo até o ponto em que eles percebem que você é a mesma pessoa que sempre foi. E depois enfrentar o resto do mundo, tendo entrevistas de emprego recusadas porque você cometeu o erro de falar que tinha um parceiro e, além de tudo, o escárnio ocasional e o barulho nas redes sociais e no meio da rua. Bom, pelo menos eu passei por isso. Para alguns é mais fácil. Para outros, rola ser expulso de casa. Eu me sinto corajoso por ter admitido para todos que pretendo me relacionar com homens e que não vejo mais problema nisso. Não acho que isso deveria afetar minhas amizades, mas infelizmente acaba sendo o caso, né?

Se vocês querem mesmo melhorar, tornar a UFOP mais diversa, o aluguel universitário em Ouro Preto mais barato e nossa formação humana mais valiosa, levem adiante a ideia de que essa segregação não precisa existir. Levem adiante a ideia de que a mulher tem o mesmo valor que o homem. Comecem a enxergar os seres humanos como todos iguais, independente de tudo – passado, cor, com quem se relaciona ou qual o órgão genital. Porque no fim das contas, nós somos mesmo todos iguais. E isso não é uma ideologia política nem social. Não é esquerdismo nem querer destruir a família heterossexual. É só uma pessoa sendo boa e tolerante. E pra isso você não precisa deixar seus ideiais de lado, só precisa aprender a aceitar o diferente.

Quero mandar um agradecimento final a todas as repúblicas femininas e masculinas que passaram desse ponto e passaram a aceitar todos os calouros, verdadeiramente todos os calouros. Quero agradecer aos republicanos e republicanas que me receberam de braços abertos em suas casas e como amigo, que jogaram um truco, trocaram ideia, tomaram (muita) cerveja comigo. Aos caras que defendem quem é gay pros amigos sem medo de serem vistos como gays também (ao invés de ouvir uma zoação maldosa e olharem para o chão). Às republicanas que lutam pelas mulheres nessa nossa universidade, mesmo que agora até mesmo algumas mulheres as vejam como histéricas malucas. Agradeço aos dois que são hoje meus melhores amigos, os caras que me acolheram, moram comigo e estiveram sempre do meu lado nesse tempo todo (e que espero que fiquem do meu lado até o fim desse curso). Quero agradecer a toda a UFOP pelo melhor ano que eu já tive até aqui e por todo o crescimento pessoal e acadêmico que vieram junto. Hoje tenho certeza do que serei, e quem serei, graças a esse lugar. E é por isso que todas as minhas atitudes, convivências e ideias estarão sempre viradas para o bem de todo mundo que está à minha volta, mesmo que eu falhe de vez em quando. E é por isso, também, que quero e peço que todo mundo, todo mundo junto, faça o possível para que a UFOP seja ainda melhor nos períodos que virão. Para os homens, mulheres, pais, filhos, gays, heteros, lésbicas, trans, negros, brancos, asiáticos, imigrantes, intercambistas, ouropretanos, seres humanos que compõem essa nossa un ivers idade.

Não escreverei mais sobre esse assunto. Espero que minha formatura em 2020 seja frente a uma UFOP mais igualitária e unida. Torcerei e pautarei minhas atitudes em prol disso. Espero que não seja só eu.

Sem compromisso

Resolvi começar a ter poesia aqui. E começarei com essa, porque sim.

man on bed

Sem compromisso

A busca pelo seu falo me encanta
Mas já se encontro, me perco
Busco sentido nessa dança
Não acho, me desespero

Os beijos te chamam
Te deitam na cama
Te levam para dentro
Te deixam, no fim

É carne, e busca, e pressa
Virilha, chupada, e penetra
Gemida, esfrega, delícia
E goza, limpa, se vai

Deixe algo para mim
Limpe sua alma na minha
Porque é sempre o mesmo
A busca pelo seu falo me encanta