Estabilidade econômica deveria ser pre-requisito para ter filhos?

Leia minha resposta original no Quora.

Como seriam punidos os casais que engravidassem por acidente ou ignorando a lei? Aborto? Adoção forçada? Multas (que piorariam a situação)?

Como seriam definidos os valores? Propriedades? Salários? Um salário conjunto de São Paulo seria equivalente ao de João Pessoa?

E se a lei passasse a ser abusada para que minorias étnicas fossem subjugadas? Como seria o controle?

Como a renda é definida? Se os pais não têm, mas os avós sim, vale ou não vale? Tendo amigos no cartório, na justiça ou na política, algumas exigências seriam ignoradas?

A renda define a quantidade de filhos?

Várias perguntas, poucas respostas… Eu tenho só um palpite: não seria mais barato ensinar a Educação Sexual nas escolas, prevenindo filhos indesejados, casamentos indesejados, doenças sexualmente transmissíveis (que custam caro ao governo também) e garantindo o maior sucesso acadêmico e profissional dos jovens?

O aborto não é permitido ou visto com bons olhos em algumas religiões, mas será que permiti-lo para aqueles que NÃO seguem essas religiões não poderia ajudar a garantir o futuro de alguns brasileiros e brasileiras?

Vejo soluções melhores do que confiar no governo para ditar quantos filhos as pessoas podem ter, e sob quais condições.

Aquela vez em que um jogo teve uma economia quase tão forte quanto a Rússia

No fim de 2001, um economista chamado Edward Castronova provocou ondas do tamanho de tsunamis no mundo da Economia ao publicar uma tese afirmando que um lugar isolado chamado Norrath tinha uma moeda mais forte que o yen japonês, o que foi uma afirmação corajosa, considerando que Norrath tinha menos do que um milhão de habitantes, existia há apenas dois anos e não existia fisicamente. Sim, Norrath era inteiramente virtual, e populada exclusivamente por jogadores do jogo EverQuest.

Lançado em 1999, EverQuest é um jogo multiplayer online (MMORPG) imensamente popular e influente. Estabelecido no mundo mágico de Norrath e ostentando impressionantes (para a época) quinhentos mil assinantes no auge de seu sucesso, EverQuest chamou a atenção de Castronova de forma similar à que chamou a de todo mundo — ele achou que pudesse ser um jogo divertido.

No entanto, ao se familiarizar mais com o jogo, ele percebeu algumas coisas fascinantes sobre como a economia virtual havia se desenvolvido dentro do jogo. Tudo isso culminou na publicação de uma tese cômica, mas muito bem pesquisada e inovadora, na Social Science Research Network (Rede Social de Pesquisas Científicas, tradução livre), chamada Virtual Worlds: A First-Hand Account of Market and Society on the Cyberian Frontier (Mundos virtuais: uma observação em primeira mão do mercado e da sociedade na cyber-fronteira). Castronova pessoalmente afirmou: “Achei que talvez setenta e cinco pessoas fossem ler, e isso já seria ótimo.”

Ao invés disso, a tese recebeu rapidamente mais de 16.000 downloads (hoje está beirando os 50.000). Embora isso não possa parecer muito, vamos lembrar do contexto desse caso: é uma tese acadêmica publicada em uma revista acadêmica online. Nem é necessário dizer que o número de downloads fez da tese a mais baixada na história da Social Science Research Network, que à época disponibilizava 50.000 teses acadêmicas, incluindo dezenas escritas por vencedores do prêmio Nobel.

Por que esta tese era tão fascinante para o mundo da Economia? Como o economista Yanis Varoufakis afirmou, “A teoria econômica chegou a uma rua sem saída — os últimos verdadeiros avanços ocorreram nos anos 60. Mas isso não é porque deixamos de ser inteligentes. Chegamos em uma barreira intransponível. O futuro está na experimentação e na simulação — e comunidades de vídeogames nos dão a chance de operar dessa forma.”

O que Castronova havia abordado sem querer era essencialmente o sonho dos economistas — mundos virtuais que pesquisadores podiam usar para analisar vários conceitos em seu campo de forma científica, usando grandes conjuntos de dados e as pessoas reais que populavam estes mundos. Ou como o jornalista Brad Plumer, do Washington Post, afirmou sucintamente, em mundos virtuais “Os dados são mais ricos. E é mais fácil fazer experimentos econômicos em um jogo — experimentos que, por motivos óbvios, não podem ser realizados em países.”

Resumidamente, economistas acadêmicos estavam intrigados com a tese de Castronova, e suas consequências para pesquisas futuras.

Então, o que Castronova encontrou? Depois de analisar meticulosamente todos os dados disponíveis sobre o mundo de Norrath, ele ficou chocado em descobrir que em dólares do mundo real, Norrath tinha o 77º maior PNB per capita no mundo, ficando entre a Rússia e a Bulgária na época.

Como isso era possível para um mundo virtual com apenas dinheiro virtual?

No auge da popularidade de EverQuest, a venda de itens do jogo corria solta, e em determinado momento um jogador podia comprar qualquer coisa que quisesse, independente da raridade ou potência, desde que tivesse dinheiro para pagar pelo item.

Embora a Sony, que lançou o jogo, ter feito várias tentativas de impedir esta prática, chegando a afirmar entre outras coisas que todos os itens à venda eram sua propriedade intelectual, bem como chegando a banir jogadores que eram pegos fazendo isso, a venda de itens e avatares no jogo se tornou uma indústria próspera em sites como o Ebay.

O ex-ator mirim Brock Pierce (talvez melhor conhecido como criança por seus papéis em Nós Somos os Campeões e Enlouquecendo meu Guarda-Costas, e como adulto por seu trabalho com criptomoedas) até mesmo abriu uma empresa de sucesso, Internet Gaming Entertainment (IGE), que negociava esses bens virtuais em troca de dinheiro real. A empresa tinha uma grande equipe de funcionários de baixos salários que trabalhavam em Norrath e no mundo real, fazendo coisas como encontros para trocar bens, evolução de avatares e aquisição de bens virtuais para vendas futuras.

Em todo caso, Castronova analisou mais de 600 vendas ilícitas fora do reino de Norrath em sites como o Ebay, e então comparou-as aos valores dos itens no jogo usando a moeda principal de Norrath — Peças de Platina.

Ao fazer isso, Castronova descobriu que o valor relativo de uma Peça de Platina em dólares era de US$ 0,01072. Embora isso possa não parecer muita coisa, Castronova aponta que, considerando a época, “o valor ultrapassa o do yen japonês e da lira italiana.”

Com esse valor em mãos, Castronova pôde então calcular várias outras coisas interessantes sobre a economia de Norrath. Por exemplo, descobriu-se que o cidadão médio de Norrath recebia cerca de US$ 3,42 por hora (ou cerca de US$ 5 hoje em dia) levando-se em conta o valor dos itens e do dinheiro que podiam adquirir realisticamente a cada hora jogada.

Combinando isso ao tempo estimado que os jogadores gastavam jogando (de acordo com dados coletados por Castronova em uma pesquisa com mais de três mil jogadores), Castronova calculou:

Muitos jogadores gastam até 80 horas por semana em Norrath, quantidade encontrada também em profissões reais. Em 80 horas, com a renda média, o usuário típico gera dinheiro Norrathiano e bens equivalentes a US$ 273,60. Em um mês isso daria mais de US$ 1.000, em um ano mais de US$ 12.000. A linha da pobreza para uma pessoa solteira nos EUA é de US$ 8.794.

Observando jogadores em todos os níveis de comprometimento de tempo, Castronova determinou que, apesar do jogo ser extremamente novo, o jogador médio de EverQuest já tinha mais de US$ 3.000 em bens passíveis de venda dentro do jogo.

Mas ainda não acabou, porque Castronova foi então capaz de calcular o produto nacional bruto de Norrath baseando-se no valor de bens (inteiramente virtuais) produzidos em 2001. Seu número final? Cerca de US$ 135 milhões.

Embora isso possa parecer pouco, dividindo o valor entre o número total estimado de cidadãos de Norrath, isso significava que o PNB per capita do reino virtual era de US$ 2.266 — um valor que, como mencionado anteriormente, teoricamente colocava o estado computarizado na 77ª posição do ranking de países reais.

Naturalmente, essa informação chamou a atenção dos economistas colegas de Castronova, assim como outras observações feitas por ele sobre o mundo virtual e a economia que ele estava estudando.

Por exemplo, de acordo com Castronova, uma outra coisa curiosa que ele percebeu durante sua pesquisa foi que, apesar de todos os esforços feitos pela Sony em deixar todos em pé de igualdade no início do jogo, a desigualdade financeira se tornou rapidamente abundante entre os cidadãos de Norrath.

Além disso, Castronova observou que, assim como no mundo real, os jogadores mais ricos frequentemente acumulavam sua riqueza e usavam seus vastos recursos para pagar jogadores mais pobres para fazerem trabalhos repetitivos que eles não queriam perder tempo fazendo, tornando-se efetivamente pseudo-empregadores que mantinham a maior parte dos lucros do trabalho dos plebeus para si.

Anedotalmente, sobre seu próprio tempo jogando em um nível baixo sem recursos, Castronova diz: “Meu problema é que estou mal equipado. Estou praticamente pelado e com apenas uma espada simples, um homem das cavernas em um mundo de cavaleiros. Minha pobreza é opressora — nenhuma quantidade de pelo de rato é suficiente para comprar uma simples túnica com os preços absurdamente altos dos mercadinhos.”

Naturalmente, ao que o jogo evoluiu, a questão de “desiguladade inicial” também desapareceu para alguns, graças aos mercados onde jogadores com uma renda disponível no mundo real poderiam simplesmente comprar o que quisessem por dinheiro real, entrando no jogo muito mais poderosos e capazes do que um jogador sem esta opção.

Desde a tese de Castronova, e parcialmente como um resultado direto do seu trabalho estudando economias virtuais, aquela que ele mesmo chamou de “fracasso acadêmico” e “porcaria de faculdade estadual” acabou levando-o a subir de nível na vida real — garantindo a ele a posse na Universidade de Indiana em Bloomington como professor de Telecomunicações e Ciência Cognitiva, assim como o título de “fundador do campo de economias virtuais”.

E como muitos outros mundos virtuais com economias virtuais complexas surgiram da mesma forma, economistas e outros cientistas continuam a estudá-los, criando grandes placas de Petri para observar como inúmeras variáveis resultam em mudanças na economia e no comportamento humano.

Partindo de outra perspectiva, empresas de jogos como a Valve começaram a contratar economistas para ajudá-las a gerir seus mundos virtuais. Como o economista Robert Bloomfield aponta, “Se você está criando um jogo com 100.000 usuários onde há coisas que eles podem comprar e vender, você precisa de um economista para te ajudar a configurar o sistema de forma que ele não saia totalmente do controle.”

Quanto a Castronova, ele concluiu sua tese inovadora sendo poético sobre o potencial que mundos virtuais poderiam ter com a aplicação de novas tecnologias, afirmando:

A previsão do impacto na sociedade é difícil de ser exagerada. Com o desenvolvimento da tecnologia de comunicação por voz, a comunicação em mundos virtuais pulará dos chats entediantes para conversas como as de ligações por telefone, aumentando o papel que o mundo virtual assume como lugar para interações sociais. Famílias que vivem a milhares de quilômetros de distância se encontrarão todos os dias por algumas horas à noite, reunindo seus avatares em volta da mesa de jantar virtual para contar as novidades. E os tempos de dirigir até a loja podem estar contados. As estradas na Terra estarão vazias porque, ao invés de usá-las, todos estarão velejando pelos céus azuis-celestes em seus cavalos roxos voadores, visitando Walmarts virtuais no céu.

Fatos interessantes:

  • Para receber itens comprados ilegalmente via Ebay e outros, Castronova observou que os jogadores normalmente vendiam o item online primeiro e então combinavam um lugar predeterminado no jogo, onde o vendedor trocava o item que o comprador adquiriu por um item de valor irrelevante que tinha em posse. Castronova se divertiu ao descobrir que, assim como na vida real, muitas dessas trocas ilícitas se davam em prédios abandonados e becos escuros.
  • Em 2017, o valor do bolívar venezuelano caiu tanto que passou a valer literalmente metade da moeda principal de Azeroth, o reino do jogo World of Warcraft.

Texto original publicado por Karl Smallwood no site Today I Found Out.

Uma nova, enorme base de dados sugere que a desigualdade vai só piorar

A “espiral sem fim da desigualdade” pode estar chegando mais rápido do que imaginávamos.

No seu livro best-seller de 2014 “O Capital no Século XXI” (tradução livre), o economista Thomas Piketty alerta que se os já riscos pudessem acumular riqueza mais rápido do que as economias conseguissem crescer, a desigualdade iria disparar nas próximas décadas, potencialmente desestabilizando sociedades no processo.

A riqueza, afinal, se auto-perpetua. Você põe dinheiro na poupança, e ele cresce. Você compra uma casa e seu imóvel (tipicamente) é valorizado. Você investe na bolsa de valores e vê uma taxa anual de retorno.

Esta máquina corta e separa US$ 2.000 em notas de R$ 20 para serem agrupadas e enviadas aos seus destinos vindas do Escritório de Impressão e Gravação. Créditos: Marvin Joseph / The Washington Post

O trabalho, por outro lado, não é assim. Se você não tiver riquezas e quiser ganhar dinheiro, precisa continuar trabalhando. Se a economia for forte o suficiente, seus ganhos aumentarão, e com o tempo você poderá gerar alguma riqueza própria. E se seus ganhos estiverem aumentando mais rapidamente do que a riqueza, há uma chance de que algum dia você poderia alcançar a pessa que começou com uma poupança de R$ 1 milhão.

Comparativamente, se seus ganhos estiverem crescendo mais lentamente do que a riqueza aumenta, você nunca irá alcançar. Você pode trabalhar o quanto quiser e economizar o quanto conseguir, mas nunca chegará ao ponto do riquinho da poupança. Para usar uma analogia de maratona, não só eles começaram no meio do caminho, mas estão correndo mais rápido que você.

Questionamentos acerca de quão rápido a riqueza cresce em relação à economia têm sido dificultados por uma falta de dados bons, completos e comparáveis de longo termo sobre as taxas de retorno de vários recursos: ações, títulos, imóveis e similares. Isso seria necessário para se saber o que esperar do retorno “natural” em uma economia ocidental: quanto esperar da valorização de imóveis com o tempo? E o retorno esperado na bolsa de valores com o passar das décadas? E os títulos do governo?

Agora um artigo em construção, escrito pelo economista Òscar Jordà, do Banco da Reserva Federal de São Francisco, pretende calcular justamente isso: “A Taxa de Retorno de Tudo.”

Depois de compilar esta base de dados pioneira, a equipe de Jordà chegou a uma conclusão surpreendente: o livro de Piketty até subestima as taxas históricas de retorno de riqueza. “O mesmo fato reportado [por Piketty] se prova verdadeiro para mais países, mais anos, e mais dramaticamente,” os pesquisadores concluem.

A riqueza se acumula mais rapidamente — muito mais rapidamente — do que o ritmo das economias. Se isso é mesmo verdade, significa que nos próximos anos, a desigualdade das riquezas poderá crescer ainda mais rápido do que Piketty temia.

A lacuna entre o acúmulo de riqueza e o crescimento econômico tem sido um tema constante nas grandes economias do mundo praticamente em todo o período entre 1870 até 2015, segundo os pesquisadores. Compilaram um banco de dados da taxa anual de retorno dos quatro maiores tipos de riqueza: títulos do governo, contas no tesouro, ações e imóveis residenciais.

A contribuição-chave está relacionada ao último citado: imóveis. Para ter dados comparáveis dos últimos 150 anos em 16 países, combinaram duas bases de dado compiladas recentemente: uma dos preços das casas e outra dos aluguéis.

Adiciona-se os retornos de tudo, faça um gráfico da taxa média durante o período para todos os 16 países da base de dados, e você acaba com um diagrama assim:

Pode-se constatar que houveram poucos choques aos retornos em geral da riqueza no último século e meio — as taxas caíram dramaticamente durante as duas guerras mundiais, assim como na crise do petróleo dos anos 70 e, mais recentemente, na crise financeira global de 2007.

Mas no todo, se você fosse um típico investidor e quisesse comprar uma parte representativa da economia do mundo rico, você poderia esperar uma taxa anual de retorno de cerca de 6,28%.

Você pode pensar nessa como a taxa “natural” de retorno em uma economia avançada: se uma pessoa investisse US$ 100 em uma parte representativa de uma dessas economias, teria US$ 106.28 ao fim do ano.

Agora vamos comparar isso à taxa de crescimento econômico geral.

Com a exceção dos tempos de guerra, quando a instabilidade afeta os mercados de ações (ou os desabilita completamente) e bombas literalmente destroem a riqueza imobiliária, a taxa de retorno de riqueza tem sido bem mais alta do que a taxa de crescimento das maiores economias. No geral, se o retorno médio anual de riqueza desde os anos 1870 tem sido de 6,28%, o crescimento econômico anual se resume a somente 2,87%.

“A taxa de retorno média de capital foi duas vezes mais alta que o crescimento dos últimos 150 anos,” os autores concluem.

Muitos economistas apontam que isso não é necessariamente um problema. Há muitos fatores, como taxações sobre heranças e depreciação, que podem reduzir o valor do capital com o tempo. No fim das contas, “mais capital irá erodir o retorno econômico no capital,” como um dos críticos de Piketty apontou em 2014.

Mas os números compilados pela equipe de Jordà não parecem excluir esse fator. Eles observam que o valor total de recursos do capital nas economias estudadas, comparado ao PIB, praticamente dobrou entre os anos 70 e 2015. Mas nesse período, o retorno desses recursos foi relativamente estável. Mais capital não erodiu o retorno econômico no capital.

A implicação é que Piketty pode ter estado certo, afinal de contas, com sua previsão lúgubre de desigualdade em aceleração nas décadas por vir, talvez até mais certo do que imaginava.

De toda forma, os dados compilados pela equipe de Jordà poderão ajudar os economistas a refinar ainda mais a compreensão da questão — e o que isso significa para nossas carteiras.

Traduzido do Washington Post.

Coreia do Sul construirá cidade para eliminar os carros

Quando os cidadãos do Distrito Administrativo Internacional (IBD) em Songdo, Coreia do Sul vão trabalhar, pegar os filhos na escola ou fazer compras no supermercado, dirigir é opcional.

Isso porque o distrito de ₩ 38 bilhões (R$ 114 bilhões) — atualmente um projeto em construção do tamanho do centro de Boston — foi imaginado para eliminar a necessidade de carros.

Um projeto que começou em 2002, a área prioriza o trânsito em massa, como ônibus, metrôs e bicicletas, ao invés de tráfego de automóveis, de acordo com Stan Gale, presidente da Gale International, que fomentou o projeto do IBD.

Quando completado, em 2020, o distrito terá a área de 9,3 km².

Dê uma conferida no plano do IBD abaixo.

Na cidade de Songdo, Coreia do Sul, a Gale International está construindo o Distrito Administrativo Internacional (IBD) em uma região reapropriada ao longo do Mar Amarelo. Fonte: Consenti Associates

 

Desde o primeiro estágio de planejamento, os desenvolvedores tentaram fazer com que o distrito fosse sustentável. Uma das estratégias foi projetar a área para reduzir a necessidade de carros. Fonte: Gale International

 

O IBD possui um plano urbano de uso misto, o que significa que lojas, escritórios, parques, clínicas médicas e escolas ficam todos próximos das casas. A maior parte das construções não-residenciais ficam a uma caminhada de distância de todo o resto.

Apartamentos e prédios administrativos foram construídos a 12 minutos de paradas de ônibus ou pontos de metrô.

25 km de ciclofaixas passam pelo distrito, conectando-se a uma rede maior de 145 km da cidade de Songdo.

Medalhista de ouro Ai Ueda (direita) do Japão e Ma Claire Adorna, das Filipinas, pedalam durante o triatlo feminino no Parque Central de Songdo durante o 17º Jogos Asiáticos em Incheon. 25 de setembro, 2014. Fonte: Reuters

 

Cerca de 40% da região é reservada para espaços verdes (por volta do dobro de Nova York), o que também encoraja os cidadãos a caminhar, segundo Gale. Fonte: Gale International

O maior parque do IBD, com 41 hectares, foi inspirado no Central Park de Manhattan.

“O que você vê hoje em Songdo, uma cidade que é compacta e fácil de caminhar, é o resultado dessa abordagem bem-pensada de planejamento,” diz Gale.

O IBD é parte de um projeto maior, chamado de Zona Econômica Livre de Incheon na cidade de Songdo, liderado pelo governo sul-coreano.

Uma área de construção no distrito da Cidade Internacional de Songdo, parte da Zona Econômica Livre de Incheon, a oeste de Seoul. 11 de dezembro, 2008. Fonte: Reuters

Quando o governo começou a planejar a cidade de Songdo em 2000, 500 toneladas de areia foram despejadas nos pântanos locais para fixar a fundação.

Atualmente, 20.000 unidades residenciais estão completas ou em construção no IBD, onde cerca de 50.000 pessoas vivem. Aproximadamente 100.000 habitantes moram na grande Songdo.

Outra vantagem de viver no distrito: não há caminhões de lixo. Ao invés disso, um sistema pneumático de tubos suga o lixo de calhas nos prédios residenciais e os leva a uma instalação central de separação de lixo em segundos. Lá, ou o lixo vira energia ou é reciclado. Fonte: Gale International

 

O IBD tem mais de 100 prédios com certificação LEED — o sistema mais usado no mundo para classificar a sustentabilidade.

O desenvolvimento vem com meta de certificação LEED na escala de bairros inteiros, e planejam reciclar 40% da água utilizada.

A cidade de Songdo produz um terço a menos de gases causadores do efeito estufa em comparação com outras cidades do mesmo tamanho.

No entanto, alguns habitantes têm reclamado que o IBD e a grande Songdo são muito afastados de Seoul — o centro econômico, político e cultural do país. Leva mais de uma hora para chegar à capital.

Um homem observa a rua no centro de Seoul, Coreia do Sul. 18 de abril, 2013. Fonte: Associated Press

 

Cerca de 70.000 pessoas trabalham em Songdo, o que é muito menos do que os 300.000 que o governo da cidade esperava. Fonte: Consenti Associates

 

Por esse motivo, pode ser muito cedo para dizer se Songdo se tornará um centro urbano próspero.

“De várias formas, é a cidade que os coreanos querem mostrar ao mundo, como é um lugar limpo, futurista e sem nenhuma pobreza visível,” diz Colin Marshall, um dissertador baseado em Seoul que escreve sobre cidades, ao The Los Angeles Times.

O IBD tem atualmente a medida de 5,6 km². Em 2020, já será quase o dobro.

Os responsáveis pelo projeto esperam que a cidade se torne um modelo para outras cidades ao redor do mundo.

Traduzido do site Business Insider.

O Quênia vai pagar uma mesada aos seus cidadãos

Resumo:

A caridade GiveDirectly deu início ao maior experimento de renda básica universal do mundo no Quênia. Cerca de 6.000 pessoas receberão um pagamento incondicional pelos próximos doze anos.

GiveDirectly, uma caridade que tem financiado transferências monetárias diretas a vilas pobres do leste africano desde 2008, anunciou recentemente que lançou oficialmente o maior experimento de renda básica universal (RBU) da história.

A começar em 13 de novembro, 40 vilas (cerca de 6.000 pessoas) receberão por volta de US$ 22,50 (R$ 75), sem restrições ou condições, por 12 anos. Ao mesmo tempo, outras 80 vilas receberão a mesma quantidade por somente dois anos, mais 80 receberão a soma total do período de dois anos, e 100 vilas não receberão nada.

O estudo vai produzir os dados mais compreensivos até hoje sobre o que acontece quando as pessoas recebem dinheiro em troca de nada. Ajudará a responder perguntas como: as pessoas param de trabalhar? Abrem negócios? Têm mais predisposição a gastar com drogas e álcool — ou talvez com educação?

O estudo também coletará dados de toda a comunidade para saber se a segurança financeira adicional reduz aspectos negativos da pobreza, como violência e roubos.

Créditos: SuSanA Secretariat / Flickr

“Os últimos 19 meses desde que anunciamos nossos planos de testar o RBU foram notáveis,” diz o CFO da GiveDirectly, Joe Huston, ao blog da organização. “O debate acerca da renda básica continua a ferver, dos céticos que a chamam de ‘ato sem sentido de auto-sabotagem preemptiva’ aos otimistas que a chamam de ‘o que direitos políticos e civis foram no séc. XX, só que no contexto do séc. XXI.'”

A renda básica é algo tão novo que pesquisadores ainda precisam coletar bons dados sobre o sistema no mundo desenvolvido. Outros experimentos surgiram para preencher essa lacuna.

Em Oakland, Califórnia, a encubadora de startups Y Combinator finalizou um estudo piloto no qual várias pessoas receberam de US$ 1000 a US$ 2000 (R$ 3265 a R$ 6530) por mês. A Y Combinator está se preparando para lançar um teste maior em dois estados em algum momento de 2018.

“Agora é hora de fazermos nosso trabalho, esperar e aprender,” escreve Huston. “Esperamos ter a primeira rodada de resultados em um ou dois anos, e depois será mais de uma década de aprendizado a ser seguido enquanto observamos essas comunidades.”

Texto traduzido do site Futurism.

Comentário do tradutor: a RBU não é muito discutida no Brasil apesar de ser um tópico recorrente entre grandes presidentes de empresas de tecnologia, políticos europeus e estudiosos em todos os cantos do mundo.

Para quem não está familiarizado com o assunto, a Renda Básica Universal é uma proposta de que, para sanar as maiores dificuldades e problemas da dificuldade em diferentes sociedades, haja um valor básico distribuído em igualdade para todas as pessoas de um país ou região.

A proposta é parecida com o que se foi feito no Brasil com o Bolsa Família, com o diferencial de que o valor é mais significativo e entregue a todos, independentemente da classe social.

Atualmente, nossas conversas no país têm sido mais ideológicas e nos afastamos um pouco do debate econômico e das possibilidades de solução para a desigualdade social gritante no país. Algumas faixas mais histéricas da sociedade estão confundindo o comunismo com o socialismo, os programas sociais com Cuba, etc. etc. Por isso talvez a RBU não tenha sido tópico de discussão aqui com tanta intensidade.

Trago, no entanto, o assunto à tona por ter vontade de entender quais seriam as opiniões de brasileiros. A inflação explodiria? O Estado seria capaz de bancar o investimento? A taxação sobre diferentes classes deveria mudar para possibilitar tal proposta?

EUA são único país fora do acordo climático de Paris

Resumo:

A Síria finalmente assinou o Acordo Climático de Paris depois de meses de guerra civil. Essa decisão faz dos Estados Unidos o único país a não participar do acordo climático histórico.

Aquele que fica de fora

Nota: os EUA disseram que sairiam do acordo em junho. No entanto, de acordo com a negociação original, isso não pode ser feito até 2020.

O Acordo Climático de Paris tem sido um tópico popular e controverso nos Estados unidos nesses últimos meses — ou ao menos desde que a administração de Trump decidiu tirar o país do acordo climático histórico. Após algumas semanas, quando pareceu que os EUA talvez mudassem de curso, as coisas parecem mais definitivas do que nunca. A Síria finalmente decidiu assinar o acordo, fazendo dos EUA o único país a não se comprometer oficialmente ao planejamento negociado para combater as emissões de gases do efeito estufa no mundo.

Quando o acordo de Paris foi adotado por mais de 190 países em dezembro de 2015, somente a Nicarágua e a Síria se abstiveram de participar do acordo. A Nicarágua só assinou em outubro desse ano, e agora a Síria resolveu ratificar a negociação. Isso deixa os EUA também como o único país das negociações originais a não assinar a definição.

A Síria estava passando pelas dificuldades da guerra enquanto as negociações de Paris aconteciam. Só agora que o país do Oriente Médio achou um tempo para respirar, finalmente considerar o acordo e enviar às Nações Unidas os documentos de ratificação, como relatam os oficiais presentes nas conversas sobre clima em Bonn, na Alemanha.

Um impulso que não desacelerou

Sob o acordo climático de Paris, países signatários têm como obrigação manter o aumento global de temperatura bem abaixo de 2 ℃ acima dos níveis pré-industrialização e, com o tempo, diminuir essa meta para menos de 1,5 ℃. Esforços para alcançar essas metas incluem, como informado no acordo, “Aumentar a habilidade de nos adaptarmos aos impactos adversos das mudanças climáticas, fomentar resiliência climática e o desenvolvimento com baixa emissão de gases, de forma que a produção alimentar não seja ameaçada.”

Embora não faça parte do acordo, estudiosos acreditam que os EUA ainda poderão alcançar essas metas. Vários estados concordaram em manter as obrigações do acordo de Paris apesar da falta de apoio em nível federal. Conhecidos como a Aliança Climática, esses 13 estados e Porto Rico representam mais de 33% da população americana, então não é surpresa que cobrem cerca de 1,3 milhão de empregos relacionados à energia limpa e renovável. Aliadas a esses estados, muitas cidades americanas também solidificaram metas locais em minimizar a emissão de gases do efeito estufa ou até mesmo eliminar o uso de combustíveis fósseis.

Então, embora os EUA não seja um participante oficial do acordo climático de Paris, não está tudo perdido. Ao passo que a ciência continua a provar que a mudança climática causada por seres humanos é real, e a economia da energia renovável continua a superar a de combustíveis fósseis, talvez o governo federal americano reconsidere seu posicionamento.

Texto traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.

O que aconteceu de bom em 2015?

Guerras, terrorismo, ataques, bombas, mortes, preconceito, protestos, radicais, extremistas, corrupção, pobreza, intolerância, fascismo, desastres naturais e o aquecimento global. Eu ainda devo ter esquecido de muita coisa que tivemos que superar em 2015 para seguir em frente. E às vezes isso dá aquela sensação enorme de que tivemos um ano perdido, que nada avançou e de que a humanidade está sucumbindo ao caos. Mas muita coisa boa aconteceu também. Que tal sairmos desse ano satisfeitos com progresso? Vamos recapitular:

Que tal este ano, afinal?

Entre outras tantas centenas e centenas de notícias boas que recebemos este ano, sem contar as pessoais (novos nascimentos nas nossas famílias, casamentos e conquistas de parentes e amigos), acho que pelo menos um pouco de mudança no foco pode nos ajudar a tirar aquele gostinho ruim da boca. Talvez é nossa mídia que tenha que ser ampliada.

Feliz 2016!