Dizem que a água não tem data de validade, e sim a garrafa. Então, por que o mel que vem em embalagem de plástico não tem validade?

A água é o que permite que processos bioquímicos ocorram dentro da garrafa. O plástico demora muito para se degradar, mas pequenas quantidades vão de fato se desprender da garrafa com o tempo, e para garantir a segurança e o sabor normal da água, os fabricantes colocam uma data de validade na maioria das garrafas.

Não tenho certeza se isso é obrigatório no Brasil, mas nos EUA já foi até 2006 por causa do estado de Nova Jersey, que exigia que uma validade de 2 anos fosse colocada nas garrafas. Por conta desse estado, praticamente todos os fabricantes começaram a colocar a data de validade para poder vender para N.J.

No caso do mel, se a concentração de água for alta, ele também virá com data de validade. As variedades do mel que não têm a data são aquelas cuja concentração de água não é alta o suficiente para permitir os processos bioquímicos, devido à alta viscosidade do mel. É por isso que ele tem uma duração tão longa, mesmo apesar de também poder conter esporos botulínicos, por exemplo, o que faz com que não seja recomendado para crianças.

NASA propõe campo magnético para proteger a atmosfera de Marte

Em fevereiro desde ano, a Divisão de Ciência Planetária (PSD) da NASA recebeu um workshop comunitário em seu quartel-general em Washington, DC. Chamado “Workshop da Visão para 2050 da Ciência Planetária”, o evento recebeu cientistas e pesquisadores do mundo todo no capitólio para discussões em painéis, apresentações e debates sobre o futuro da exploração espacial.

Uma das apresentações mais intrigantes aconteceu em uma quarta-feira, primeiro de março, onde a exploração de Marte por astronautas humanos foi discutida. No decorrer da conversa, intitulada “Um Meio-ambiente Futuro de Marte para a Ciência e a Exploração,” o diretor Jim Green discutiu sobre como a implantação de um campo magnético poderia melhorar a atmosfera de Marte e facilitar missões tripuladas no futuro.

O consenso científico atual é de que Marte, assim como a Terra, já teve um campo magnético que protegia sua atmosfera. Cerca de 4,2 bilhões de anos atrás, o campo magnético do planeta desapareceu de repente, o que causou a lenta perda da atmosfera de Marte no espaço. Com o passar dos próximos 500 milhões de anos, Marte passou de um ambiente úmido e quente para o lugar frio e inabitável que conhecemos hoje.

Visão artística de uma tempestade solar atingindo Marte e desprendendo íons da atmosfera superior do planeta. Créditos: NASA/GSFC

Esta teoria foi confirmada nos últimos anos por satélites orbitais como o Mars Express, da Agência Espacial Europeia, e a Missão da Atmosfera e Evolução Volátil de Marte (MAVEN) da NASA, que têm estudado a atmosfera marciana desde 2004 e 2014, respectivamente. Além de determinar que ventos solares foram responsáveis pelo esgotamento da atmosfera de Marte, estas sondas também têm medido a velocidade das perdas atualmente.

Sem uma atmosfera, Marte continuará sendo um lugar frio e seco onde a vida não tem como florescer. Além disso, missões tripuladas futuras – que a NASA espera ter prontas nos anos 2030 – também terão que lidar com riscos severos. Os mais importantes destes serão exposição à radiação e o risco de asfixia, o que pode oferecer um perigo ainda maior aos colonizadores (caso quaisquer tentativas de colonização sejam feitas).

Para fazer frente a esse desafio, o dr. Jim Green – diretor da Divisão de Ciência Planetária da NASA – e um painel de pesquisadores apresentaram uma ideia ambiciosa. Em resumo, sugeriram que, posicionando um escudo de dipolo magnético no Ponto L1 Lagrange de Marte, uma magnetosfera artificial poderia ser formada envolvendo o planeta inteiro, bloqueando-o dos ventos solares e da radiação.

Naturalmente, Green e seus colegas reconheceram que a ideia pode parecer um pouco “fantasiosa.” No entanto, foram rápidos em enfatizar como novas pesquisas sobre magnetosferas em miniatura (para proteger tripulantes e naves) suportam esse conceito:

“Essa nova pesquisa está surgindo graças à aplicação de códigos completos da física do plasma e experimentos em laboratório. No futuro, é bem possível que uma estrutura inflável possa gerar um campo dipolo magnético em um nível de talvez 1 ou 2 Tesla (ou de 10.000 a 20.000 Gauss) como um escudo ativo contra o vento solar.”

O método proposto para criar um dipolo magnético artificial no ponto L1 Lagrange de Marte (inglês). Créditos: NASA/J. Green

O posicionamento desse campo magnético garantiria que as duas regiões onde a maior parte da atmosfera de Marte é perdida seriam protegidas. Durante a apresentação, Green e o painel apontaram que estes canais de maior escape estão localizados “sobre a calota polar do Norte, que envolve material ionosférico de maior energia, e na zona equatorial, que envolve um componente de baixa energia sazonal com escapes de íons de oxigênio que chegam a 0,1kg/s.”

Para testar a ideia, a equipe de pesquisa – que incluiu cientistas do Centro de Pesquisas de Ames, o Centro Goddard de Voos Espaciais, a Universidade do Colorado, Universidade de Princeton e o Laboratório Rutherford Appleton – conduziu uma série de simulações usando a magnetosfera artificial proposta. Estas foram executadas no Centro Comunitário de Modelação Coordenada (CCMC), especializado em pesquisas de meteorologia espacial, para ver qual seria o efeito total.

O que encontraram foi que um campo dipolo posicionado no Ponto L1 Lagrange de Marte poderia repelir os ventos solares a um ponto em que a atmosfera atingiria um novo equilíbrio. No presente, as perdas atmosféricas em Marte são balanceadas em certo nível por ultrapassagens da crosta e interior do planeta através de atividade vulcânica. Isso contribui com uma atmosfera na superfície com cerca de 6 mbar de pressão do ar (menos de 1% do observado no nível do mar terrestre).

Como resultado, a atmosfera de Marte ficaria mais grossa com o tempo, o que levaria a muitas novas possibilidades para a exploração humana e colonização. De acordo com Green e seus colegas, as mudanças incluiriam um aumento médio de temperatura de cerca de 4 °C, o que seria suficiente para derreter o gelo de dióxido de carbono na calota polar do Norte. Isso desencadearia um efeito estufa, esquentando mais a atmosfera e causando o derretimento do gelo de água nas calotas polares.

Em determinado momento, Marte tinha um campo magnético similar ao da Terra, o que impedia que sua atmosfera escapasse. Créditos: NASA

Pelos cálculos encontrados, Green e seus colegas estimam que isso poderia levar 1/7 dos oceanos de Marte – os que cobriam o planeta bilhões de anos atrás – a serem restaurados. Se isso está começando a soar como uma aula de como terraformar Marte, é provavelmente porque essas mesmas ideias foram propostas por pessoas que defendem isso. Mas por enquanto, essas mudanças facilitariam a exploração humana entre agora e o meio do século.

“Uma atmosfera marciana altamente melhorada, tanto na pressão quanto na temperatura, que fosse suficiente para permitir água líquida em níveis significativos também traria vários benefícios para a ciência e exploração humana a partir dos anos 2040, diz Green. “Assim como a Terra, uma atmosfera melhorada permitiria mais equipamentos pousando no planeta, um escudo contra a radiação da maior parte das partículas solares e cósmicas, uma extensão da habilidade de extrair oxigênio, e permitiria estufas abertas para a produção de plantas, entre outras coisas.”

Essas condições, como dizem Green e seus colegas, também permitiriam que exploradores humanos estudassem o planeta com maior minúcia. Ajudaria a determinar o quão habitável Marte é, já que muitos dos sinais que apontavam para isso no passado (como água líquida) voltariam a estar presentes no ambiente. E se isso pudesse ser alcançado em poucas décadas, certamente abriria caminho para a colonização.

Enquanto isso, Green e os colegas planejam revisar os resultados das simulações para produzirem um estudo mais preciso de quanto tempo essas mudanças previstas levariam. Também não machuca conduzir a análise de custo desse escudo magnético. Embora possa parecer algo vindo da ficção científica, não custa nada avaliar os números!

Conceito artístico de uma Marte terraformada. Créditos: Ittiz/Wikimedia Commons

Traduzido por Cláudio Ribeiro do site UniverseToday.

Nescau com água

Já ouviu falar de Nescau com água? Eu também não. E nem tinha pensado em tal hipótese até hoje, quando procrastinação e preguiça me impediram de ir até o Extra para comprar mais leite. Com a falta de leite, mas ainda com vontade de tomar um pouco de chocolate, comecei a me perguntar se existia uma mistura ou alguma boa forma de fazer o bendito achocolatado com um copo d’água. Já pensou?

Eu já sabia que existiam achocolatados feitos para serem diluidos em água. Nos EUA, é bem comum o achocolatado em pó precisar ser feito com água fervente, para fazer o famoso chocolate quente, e ainda pedem para você adicionar açúcar porque é só o extrato do cacau ou o que for. Americano adora inventar moda. A embalagem ainda fala que o cacau vem da ~Amazônia~ para agregar valor. Tá.

hersheycocoa

Comecei a pesquisar na internet sobre o resultado da tal mistura com o nosso Nescau da Nestlé. O primeiro lugar que encontrei me disse, basicamente, que ficava horrível e que eu estava louco, ou que a crise econômica devia estar brava por aqui para eu não ter leite em casa. “Compra leite, menino!” e em seguida, “Aceite Jesus como seu salvador!” Bem no contexto, né? Às vezes Jesus tem leite.

Acabei encontrando outro resultado que era de um rapaz perguntando o que outras pessoas achavam da ideia. Ele segue dizendo que até prefere achocolatado com água porque fica um gostinho mais amargo. Outra menina respondeu dizendo que também preferia. Um disse que não gostou no início, mas que depois o gosto agradou e ele pensa em fazer mais. O depois dele disse o mesmo. Aí eu levantei as orelhinhas: será?

Resolvi fazer, até porque se a preguiça me impediu de ir até o supermercado quando ele estava aberto, talvez eu merecesse alguma punição se saísse algo ruim. Enchi um copo e coloquei três colheres de Nescau. Misturou até melhor que leite. Ficou um marrom bem diferente, que me lembrou licor de chocolate. Olha comequié:

Marrom escuro, dizem que é amargo. Será que presta?
Marrom escuro, dizem que é amargo. Será que presta?

Chegou a hora de experimentar e… não é que não é tão ruim mesmo? Não vou dizer que é a melhor coisa que eu já tomei na minha vida, que serve de substituto para o leite ou que a Nestlé deveria começar a sugerir as duas “receitas” na lata do achocolatado, mas serve. Se você é como eu, que às vezes não tem vontade de sair de casa só para ir comprar leite, ou mesmo tem um pouco de tristeza ao comprar quando se lembra dos preços do Rio de Janeiro, o Nescau com água é uma boa alternativa.

De fato, o sabor é mais amargo. Mas não o é de uma forma ruim. Lembra um pouco o sabor do Diamante Negro, fica mais parecido com chocolate barra mesmo. E dá para tomar tranquilo, sem medo de ficar meio azedinho, como acontece com o leite. Experimento aprovado.

E aí, encara o Nescau com água?