Tenho um celular, um organizador de bolso, um pager, uma calculadora, uma câmera digital, um gravador de bolso, um tocador de música e, em algum lugar por aqui, eu costumava ter uma televisão a cores.
Em algum tempo, nos próximos anos, todos esses dispositivos se fundirão em um só. Será uma caixinha com menos de uma polegada e menor que um baralho (o tamanho será determinado pela conveniência ao segurar, e não pela tecnologia interna). A caixinha terá uma tela colorida de alta resolução, um microfone, uma entrada para fone de ouvido ou headset, uma lente de cãmera, conectividade wireless, funções de pager e telefone, uma televisão, receptor de rádio, um gravador digital e terá poder de processamento e memória suficientes para funcionar como um computador de mesa. Ele poderá ser conectado a um teclado e monitores. E sim, ele também terá funções de e-mail embutidas.
O mais importante é que ele terá reconhecimento de voz e síntese de voz. Ele te escutará e responderá em inglês ou qualquer idioma que você precisar, e sim, terá um tradutor também. Será um agente, indo por aí fazendo cibertarefas para você. Por exemplo: “Preciso de um restaurante japonês em Tulsa, perto do Hotel Ramada Inn. Agende uma reserva e arrume um transporte. Se não tiver japonês, tente um italiano.” Ou, “Envie uma mensagem de voz para Bob dizendo: ‘Bob, aceitamos sua oferta, mas precisaremos de um rascunho do acordo até dia 15. Me avise se tiver algum problema.'”
Chamo esse dispositivo de Personal Information Telecommunications Agent (Agente Pessoal de Informação e Telecomunicação), ou PITA, para abreviar. A sigla também pode significar Pain In The Ass (Encheção de Saco), o que também será, porque ter tanta conectividade destruirá o que sobrou da privacidade de todo mundo.
David Gerrold é um autor premiado que escrevia sobre computação, e atualizou seu site até 2014. Essas previsões foram publicadas em dezembro de 1999.
Um novo estudo que monitorou a atividade cerebral de crianças sugere que a ansiedade social seja relacionada à preocupação de errar. A pesquisa, publicada na revista da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry (Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente), fornece um maior entendimento nos mecanismos neurológicos que atuam sob os sintomas da ansiedade social.
“Estou interessado em entender melhor a ansiedade social e como ela se desenvolve por vários motivos,” diz o autor George Buzzell, da Universidade de Maryland.
“Antes de qualquer coisa, a ansiedade social é um distúrbio debilitante que afeta muitos indivíduos, e precisamos entender melhor esse distúrbio se quisermos ajudar essas pessoas. Eu mesmo lutei contra a ansiedade social por quase duas décadas, e sinto que tive grande sucesso em superá-la; quero entender melhor o distúrbio para que possa ajudar outras pessoas a encontrarem a ajuda que preciso e superá-la também.”
O estudo examinou 107 crianças de 12 anos que deram sinais de um temperamento do início da infância conhecido como inibição comportamental quando eram mais novas. Os pesquisadores usaram um eletroencefalograma para monitorar a atividade elétrica cerebral das crianças enquanto elas faziam um teste psicológico que mede a habilidade do participante de focar em informações enquanto bloqueiam certas distrações.
As crianças completaram o teste, conhecido como tarefa do desistente (flanker test), duas vezes. Uma vez depois de serem informados de que estavam sendo observados, e outra depois de serem informados de que ficariam sozinhos.
Observando os tempos de resposta após errar e um padrão particular de atividade cerebral conhecido como “Negatividade Relacionada ao Erro”, Buzzell e seus colegas puderam observar que a ansiedade social e a inibição comportamental são ligadas a uma hipersensibilidade ao erro em situações onde se é observado.
“Um dos mecanismos através dos quais a ansiedade social se manifesta é o foco excessivo na autoimagem e nos erros perceptíveis em situações sociais. Para indivíduos com ansiedade social, esse foco excessivo nos erros perceptíveis distrai/detrai o indivíduo da interação social em andamento,” diz Buzzell.
Mas o estudo tem algumas limitações.
“Primeiro que, embora sejamos capazes de avaliar o temperamento de uma criança no início da vida antes do desenvolvimento de sintomas da ansiedade social na adolescência, outras medidas neurocomportamentais foram avaliadas quando os adolescentes já mostravam sinais de ansiedade social,” explica Buzzell. “Uma abordagem melhor seria de também avaliar as medidas neurocomportamentais antes do surgimento de sintomas da ansiedade social para que realmente identificássemos um mecanismo que dá origem a ela.
“A segunda maior limitação é a de que nossa medida de “preocupação com o erro” é baseada somente em tempos de reação, e é uma medida bem crua; atualmente, estamos empregando análises mais sofisticadas para capturar de forma melhor toda a série de processos neurais que antecedem e resultam dos erros; esperamos publicar os resultados dessas novas análises em breve.
“Embora eu seja o que está falando agora, esse foi realmente um esforço em conjunto, envolvendo muitas pessoas brilhantes (que estão listadas como autores no manuscrito). Fico muito grato a todos os meus coautores pelos seus trabalhos nesse projeto com o passar dos anos e suas sugestões, especialmente o investigador principal deste projeto, Dr. Nathan A. Fox,” Buzzell adiciona.
“Além disso, todos nós estamos extremamente gratos a todas as famílias que participaram nessa pesquisa, já que ela não teria sido possível sem a participação e comprometimento delas. Também estamos muito gratos ao financiamento generoso que o projeto recebeu com o passar dos anos.
O Facebook caiu em 15,47% nas ações da BM&FBovespa e 14,97% na NASDAQ desde o início de março e se o FTD (Federal Trade Commission) dos EUA resolverem multar esta rede social por todas as infrações de privacidade (mais de 50 milhões) no valor estipulado de US$ 40.000 (R$ 133.200), o que pode muito bem ocorrer – a Cambridge Analytica teve acesso e repercutiu dados de usuários que nunca aceitaram seu compartilhamento da forma que sucedeu – isso significa uma cobrança de cerca de US$ 2 trilhões, ou em tupiniquim, R$ 6,6 trilhões.
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Ou seja, se o FTC decidir que sim, em um médio prazo não haverá mais o Facebook. Isso inevitavelmente vai gerar uma nova organização na internet, em que os usuários procurarão redes sociais diferentes para se aglomerar.
Se alguma empresa fizer da forma certa e conseguir chamar os maiores “influencers” das mídias sociais antes das outras, pode ser que tenhamos outra rede social global como o Facebook tem sido até hoje. Caso contrário, pode acontecer, como na época do Orkut no Brasil e MySpace nos EUA, cada país com sua rede social preferida.
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Isso me deixou pensativo o dia inteiro, sobre o que poderia vir para substituir uma rede social tão completa e se teríamos uma desglobalização da informação disseminada na internet. Hoje, posso usar o Facebook para ver notícias, imagens, músicas e vídeos de meus amigos americanos e de sites que acompanho de lá, bem como atualizações dos meus amigos europeus. Futuramente, pode ser que eu precise me registrar em outros serviços caso queira continuar a acompanhar estas pessoas.
Isso repercutiria em milhões de áreas de comentários de blogs e sites mundo afora, na conectividade a certos serviços (como o perfil do Facebook no Spotify), entre outras questões importantes. Afetaria as propagandas e a forma que vemos as notícias.
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Claro que isso tudo se a FTC realmente decidir por acabar com o Facebook. Acredito que, para uma empresa de tamanha importância e alcance, provavelmente um acordo há de ser feito. Por outro lado, pensar em um futuro com outra organização “mandando” na internet é um exercício interessante.
Lembram-se dos fóruns? Dos chats? Dos guestbooks? Do MSN? Será que voltariam? Será que redes como o Twitter tentariam abraçar mais funções para aproveitar os usuários que já têm? Já pararam para pensar que também se iriam, a menos que vendidos, o Instagram e o WhatsApp? O SnapChat com certeza gostaria da notícia, recebendo de volta seus clientes fãs de fotos temporárias e se salvando de uma crise financeira que tem só se agravado com recentes escorregões de relações públicas.
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Esses últimos dias são um momento importante para refletir sobre o tamanho do Facebook na internet, no mundo e na sua vida. Até onde ele já te influenciou, tudo que já aprendeu por ele, e onde você estaria no mundo online se ainda usássemos o Orkut ou se redes sociais nem fossem utilizadas.
Uma rede de canais cheias de fluido recentemente descoberta no corpo humano pode ser um órgão nunca antes conhecido, e parece ajudar a transportar células cancerígenas pelo corpo.
A descoberta foi feita sem querer, a partir de endoscopias de rotina – um procedimento que envolve inserir uma pequena câmera no trato gastrointestinal das pessoas. Novas formas de abordar o exame permitem que os médicos usem esse procedimento para dar uma espiada microscópica no tecido dentro do intestino também, com alguns resultados surpreendentes.
Uma equipe esperava encontrar o duto biliar rodeado por um tecido duro e denso. Ao invés disso, viram padrões estranhos e inexplicáveis, e levaram suas descobertas até Neil Theise, um patologista da Escola de Medicina da Universidade de Nova York.
Amortecedores de impacto
Quando Theise usou o mesmo dispositivo de endomicroscopia para analisar a pele de seu próprio nariz, viu um resultado parecido. Investigações mais aprofundadas de outros órgãos sugerem que estes padrões são feitos por um determinado fluido que se move através de canais em todos os cantos do corpo.
Theise sugere que todo tecido no corpo possa estar cercado por uma rede destes canais, que essencialmente formam um órgão. A equipe estima que o órgão contenha cerca de um quinto do volume total de fluido no corpo humano. “Achamos que agem como amortecedores de impacto,” diz Theise.
Esse órgão provavelmente nunca foi visto antes porque abordagens comuns de processar e visualizar o tecido humano causa a drenagem dos canais, e as fibras de colágeno que formam a estrutura dessa rede colapsam sobre si mesmas. Isso faria os canais parecerem uma parede dura de tecido protetor denso, ao invés de um amortecimento cheio de fluido.
Transporte cancerígeno
Mas assim como a proteção dos órgãos, a rede pode ajudar a espalhar o câncer. Quando a equipe de Theise examinou as amostras tiradas de pessoas com cânceres invasivos, encontraram evidências de que células cancerígenas que conseguiam sair de seus tecidos originais poderiam conseguir entrar nesses canais, posteriormente sendo levadas diretamente ao sistema linfático. “Depois que entram, é como se estivessem em um tobogã,” diz Theise. “Temos uma nova janela no mecanismo da propagação do tumor.”
Theise e seus colegas agora estão investigando se uma análise do fluido nesses canais recém-descobertos podem levar a diagnósticos mais rápidos de cânceres. Também acham que o órgão possa estar envolvido com outros problemas, incluindo o edema, uma rara doença do fígado, e outras doenças inflamatórias.
O número de emergência 190 nunca foi feito pensando nos celulares. Agora, o Google está testando um novo método de localizar aqueles que ligam para enviar ajuda o mais rápido possível.
Quando o número de emergência 190 foi criado, não havia como saber que celulares mudariam a forma que as pessoas usam o serviço. Hoje, ainda é difícil para que operadores apontem a localização exata dos contatos para enviar ajuda – mas o Google poderia mudar tudo isso.
A gigante da busca está testando uma forma de usar a tecnologia que identifica a localização dos usuários no Google Maps para auxiliar os serviços de emergência. Como noticiado pelo Wall Street Journal, uma amostra de ligações para o 911 (número americano de emergência) feitas usando celulares Android entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018 tiveram dados da geolocalização enviados diretamente ao operador.
Atualmente, as empresas de telecomunicação detectam a localização de um dispositivo triangulando sua distância de várias torres de celulares, mas isso não é particularmente preciso. O estudo apontou que os dados do Google davam uma média de estimativa de localização com raio de 37 metros, ao passo que os dados das telefônicas tinham uma média de 160 metros.
Atualmente, cabe ao operador descobrir a localização exata a ser repassada para os oficiais que responderão à emergência a partir de quem está ligando. Dado o fato de que podem estar nervosos, ou potencialmente em um lugar com que não têm familiaridade, isso pode ser uma tarefa difícil.
Nesse tipo de situação, uma pequena melhora no tempo de resposta pode salvar uma vida. Uma pesquisa publicada pela Comissão Federal de Comunicação dos EUA (FCC) sugere que até 10.000 vidas poderiam ser salvas anualmente se os tempos de resposta emergencial fossem melhorados em apenas um minuto.
O Google tem a tecnologia para fornecer esse serviço já há algum tempo – foi implementada no Reino Unido e na Estônia em julho de 2016, de acordo com um relatório da Ars Technica. Muitos sentem-se desconfortáveis com a ideia de permitir que o smartphone rastreie a localização, mas em uma circunstância de emergência, é fácil ver os benefícios.
A temporada de gripe deste ano é a mais severa já vista em muitos anos. No futuro, poderemos ser capazes de evitar que o vírus se espalhe de pessoa a pessoa usando um medicamento que age rapidamente.
Tem se falado que a temporada de gripe deste ano está sendo a mais espalhada já registrada, causando mais de 17.000 hospitalizações desde outubro de 2017, de acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Agora, uma fabricante de remédios japonesa alega ter desenvolvido uma pílula capaz de matar o vírus em apenas um dia.
Pacientes americanos e japoneses que fizeram parte dos testes feitos recentemente da pílula da Shionogi & Co parecem ter eliminado o vírus de seus corpos em cerca de 24 horas. A título de comparação, o popular Tamiflu, produzido pelo grupo Roche, costuma levar três vezes mais tempo.
O composto da Shionogi e o Tamiflu levam por volta do mesmo tempo para conter os sintomas da gripe, mas o novo remédio fornece alívio mais rapidamente. Além disso, segundo seus criadores, é necessária apenas uma dose para ser eficaz, ao passo que o Tamiflu deve ser tomado duas vezes ao dia, por 5 dias.
A empresa japonesa usou seu remédio anti-HIV de base para produzir uma droga diferente das outras medicações contra a gripe. O vírus age sequestrando células humanas e forçando-as a produzir material viral ao invés de proteínas, o que normalmente espalharia o vírus pelo corpo.
Enquanto tratamentos atualmente disponíveis impeçam o vírus de sair da célula infectada e se espalhar, o método da Shionogi evita que o material viral seja até mesmo produzido.
Pesquisas de métodos para lutar contra o vírus influenza normalmente se concentram em melhorar as vacinas existentes ao invés de desenvolver novos tratamentos. No entanto, este projeto poderia ser um passo chave na luta contra a gripe, já que que matar o vírus o mais rápido possível poderia reduzir o risco de indivíduos infectados espalharem a doença.
De acordo com o Wall Street Journal, a Shionogi diz que as autoridades regulatórias de drogas no Japão estão agilizando a aprovação do medicamento, e a empresa poderia ter permissão para seguir adiante ainda em março deste ano. Uma inscrição para aprovação nos EUA será feita no meio do ano, embora uma resposta não seja esperada até 2019.
Críticos chamam de “vergonhosa” a manobra sem precedentes de retirada de direitos civis.
Bermudas se tornou o primeiro país no mundo a revogar uma lei que permite que pessoas do mesmo sexo se casem.
O governador da ilha, John Ranking, aprovou uma lei na quarta que reverte uma decisão da Suprema Corte do ano passado que aurotizava o casamento homoafetivo.
Críticos consideram a manobra do território britânico uma retirada sem precedentes de direitos civis.
O ministro de assuntos domésticos, Walton Brown, disse que a legislação assinada pelo Sr. Ranking foi feita para balancear a oposição ao casamento homoafetivo na ilha, considerada conservadora, com as decisões judiciais europeias que garantem o reconhecimento e proteção de casais do mesmo sexo no território.
O Senado e Congresso de Bermudas passaram a lei com ampla vantagem em dezembro, e a maior parte dos eleitores votaram contra o casamento homoafetivo em um referendo. A ilha agora só tem uma lei que permite uniões domésticas para casais gays.
“Esse ato tem a intenção de criar um equilíbrio justo entre dois grupos irreconciliáveis em Bermudas, ao redefinir que o casamento deve ser entre um homem e uma mulher ao mesmo tempo que reconhece e protege os direitos de casais do mesmo sexo,” diz o Sr. Brown.
Grupos de direitos humanos LGBT+ dizem que uniões domésticas configuram um status de segunda classe e que é sem precedentes uma jurisdição tirar o direito legal ao casamento depois dele ter sido garantido.
“O governador Rankin e o parlamento de Bermudas vergonhosamente tornaram a ilha o primeiro território nacional no mundo a revogar a igualdade no casamento,” disse Ty Cobb, diretor da Campanha Global de Direitos Humanos.
A manobra causou o convite a boicotes por ativistas dos direitos LGBT+ contra o território, usando a hashtag #BoycottBermuda.
Casais registrados em uniões domésticas agora terão direitos “equivalentes” aos casais heterossexuais casados, incluindo o direito de tomar decisões médicas pelo parceiro, segundo declaração emitida pelo governo do Sr. Brown.
Cerca de seis casamentos do mesmo sexo de Bermudas, que ocorreram entre a decisão da Suprema Corte em maio de 2017 e a revogação, continuarão a ser reconhecidos sob a nova lei.
Bermudas, um país predominantemente cristão, tem visto uma mudança significativa nos últimos anos em direção às vertentes evangélicas do cristianismo.
Em um debate na Câmara dos Comuns do Reino Unido mês passo, Chris Bryant, do partido trabalhista, chamou a lei de “um projeto de lei desprazeroso e muito cínico.”
“Me sinto muito desapontado,” disse Joe Gibbons, um homossexual bermudense casado. “Isso não é igualdade, e o governo britânico simplesmente disse, ‘Essa não é nossa luta.'”
Apesar de insinuações de que o Secretário de Assuntos Estrangeiros do Reino Unido teria influência na revogação da lei, Boris Johnson parece não ter envolvimento.
Sua permissão só seria necessária se o Sr. Rankin decidisse “reter consentimento” da assinatura da lei. Mas o governador confirmou que havia aprovado a lei depois de “considerações cuidadosas de acordo com minhas responsabilidades sob a Constituição.”
Ele foi lançado nos anos 70, para a comemoração e revolta de muitos.
“É outra evidência do desespero que a companha homossexual alcançou em seu esforço para inserir o estilo de vida homossexual, que é um estilo de morte, entre o povo americano.”
Um grupo de pressão chamado Proteja as Crianças Americanas fez essa declaração em 1978 — sobre um boneco.
Naquele ano, o lançamento de Gay Bob, considerado o primeiro boneco assumidamente gay do mundo, causou um pequeno furor. Consumidores enfurecidos reclamavam que um brinquedo com uma história de vida homossexual levaria a outros bonecos “nojentos” como “Priscilla a Prostituta” e “Danny o Traficante de Maconha.” A Esquire premiou o Gay Bob com o “Prêmio de Caráter Dúbio.” E organizações anti-gays por todos os Estados Unidos vociferaram.
Gay Bob, que deveria parecer uma mistura de Robert Redford e Paul Newman, era loiro, com uma camisa de flanela, jeans apertadas e uma orelha furada. O boneco trazia às organizações anti-gays muito a temer; intrínseco a ele havia a celebração da identidade gay, evidenciada pelo discurdo programado de Gay Bob. “Pessoas gays,” dizia Bob, “não são diferentes dos heterossexuais… Se todos ‘saíssem de seus armários,’ não haveriam pessoas tão raivosas, frustradas e assustadas.”
De forma atrevista, a caixa em que Gay Bob era embalado vinha no formato de um armário, para que quando ele saísse de lá, estivesse literalmente saindo do armário. Gay Bob explicava: “Não é fácil ser sincero sobre quem você é — na verdade, leva muita coragem… Mas lembre-se, se Gay Bob teve a coragem de sair do armário, você também pode ter.”
A mensagem positiva não foi por acidente. O criador do boneco, Harvey Rosenberg, ex-executivo publicitário que desenvolvou campanhas de marketing para várias empresas, queria que o Gay Bob “libertasse” os homens dos “papéis sexuais tradicionais.” Ele criou o boneco logo depois de uma série de choques sacudirem sua vida: em rápida sucessão, seu casamento acabou e sua mãe se tornou extremamente doente. Ele decidiu que seus próximos projetos teriam que ser de grande significado pessoal.
Embora o Gay Bob fosse certamente divertido — o boneco foi feito para ser anatomicamente correto, e ativistas proeminentes como Bruce Voeller disseram aos repórteres que as pessoas deviam “encarar [o boneco] de forma leve e aproveitar” — as intenções de Rosenberg pareciam ser sinceras. Quando perguntando sobre por que gastaria US$ 10.000 de seu dinheiro na produção de Gay Bob, ele respondeu, “tínhamos algo a aprender do movimento gay, assim como tivemos do movimento dos direitos dos negros e das mulheres, e isso é ter a coragem de se erguer e dizer ‘Eu tenho direito se ser quem sou.'”
Quando o Gay Bob chegou às lojas em 1978, esse direito de ser gay e igual estava mais uma vez sob ataque, especialmente por Anita Bryant, uma cantora e bem conhecida embaixadora de marcas que mobilizou a oposição contra uma lei de Dade County, na Flórida, que proibia a discriminação por conta da orientação sexual. Focando no impacto em escolas públicas, Bryant dizia que a existência de professores LGBT ameaçaria o bem-estar dos estudantes locais. “Homosexuais recrutarão nossas crianças,” ela alertou. “Usarão dinheiro, drogas, álcool, qualquer coisa para tomar o que querem.” Em junho de 1977, ela conseguiu que a lei fosse extinguida, e sua cruzada anti-gays — que ganhou grande atenção da mídia — inspirou movimentos parecidos em Minnesota, Oregon, Kansas e na Califórnia.
Gay Bob, que vendeu 2.000 cópias nos primeiros dois meses, apareceu no auge dessas batalhas políticas. Não era um grande destaque por conta própria, mas serviu como um divertido troféu — e sinal de mudanças — para aqueles lutando contra Bryant.
Inicialmente vendido atavés de propagandas de encomenda de correio em revistas com temática gay, o Gay Bob logo se expandiu para lojinhas de Nova York e São Francisco. Rosenberg até o promoveu para grandes redes de departamento, uma das quais até gostou da ideia (mas acabou não fechando negócio). E, no fim das contas, os consumidores que temiam a introdução de bonecos mais “nojentos” estavam parcialmente corretos — Rosenberg logo deu ao Gay Bob uma família, com os irmãos Marty Macho, Eddie Executivo, Al Ansioso, Steve Hétero (que vivia nos subúrbios e usava ternos azuis) e as irmãs Fran da Moda, Libby Liberta e Nelly Nervosa.
Estudo indica que a liberdade de expressão está no pior ponto desde 2000, com repórteres enfrentando violência, perseguição e dificuldades financeiras em dezenas de países.
A liberdade da mídia ao redor do mundo caiu ao nível mais baixo da última década, de acordo com um estudo que mostra que jornalistas estão sendo ameaçados por censura governamental, crime organizado e pressões comerciais causadas pelo crescimento da internet.
A Turquia passou pela maior queda na liberdade de imprensa dessa última década, mas o Brasil, Burundi, Egito, Polônia, Venezuela e Bangladesh também tiveram uma queda preocupante na diversidade e independência da mídia, de acordo com o relatório.
“Pela primeira vez, temos uma visão compreensiva e holística do estado da liberdade de expressão e informação ao redor do mundo,” diz Thomas Hughes, diretor executivo da Article 19, o grupo que faz campanha pela liberdade de expressão e produziu o relatório em conjunto com a V-Dem, uma base de dados sociopolítica.
“Infelizmente, nossas descobertas mostram que a liberdade de expressão está sob ataque em democracias e regimes autoritários.”
Os autores do relatório mediram a liberdade de expressão em 172 países entre 2006 e 2016 através de uma métrica que descreveram como a Agenda da Expressão. Ela foi baseada em 32 indicadores sociopolíticos, como parcialidade da mídia e corrupção, censura da internet, acesso à justiça, assédio de jornalistas e a igualdade entre classes sociais e gêneros.
Hughes diz que jornalistas foram ameaçados por intimidação, perseguição e até assassinato em algumas partes do mundo; houveram 426 ataques contra jornalistas e veículos da mídia no México somente em 2016. Ele acredita que o Reino Unido foi o responsável por uma das leis de vigilância mais draconianas de todas com o Ato de Poderes Investigativos, que “oferece um modelo para regimes autoritários e reduz seriamente os direitos dos cidadãos à privacidade e liberdade de expressão.”
A liberdade da mídia global é ainda mais ameaçada pelo crescimento da internet, porque o conteúdo online está sendo controlado por somente algumas empresas cujos processos “faltam transparência,” a pressão comercial nos provedores de notícias levou a redundâncias e cortes no investimento, e a “vasta maioria dos países,” incluindo a China, restringem o acesso a uma quantidade de páginas.
O relatório indica que 259 jornalistas foram presos no ano passado, e 79 foram mortos. Áreas de preocupação incluem a vulnerabilidade de jornalistas que relatam sobre ou criticam a “guerra contra as drogas” nas Filipinas, México e Honduras, e a intimidação e sentenças maliciosas contra vozes que se opõem ao regime de Erdoğan na Turquia.
“A liberdade global da mídia está no seu pior nível desde o começo do século,” diz o relatório.
Em Abril do ano passado, 152 jornalistas turcos estavam na prisão, de acordo com a oposição. Mais de 170 organizações midiáticas foram fechadas desde o golpe do ano retrasado, incluindo jornais, páginas da internet, canais de televisão e agências de notícias. 2.500 jornalistas foram demitidos.
Vendo por um lado mais positivo, a Article 19 diz que houveram melhorias em alguns países, como Tunísia, Sri Lanka e o Nepal, e também foi louvada a introdução de leis de liberdade da informação em 119 países.
Outro grupo, o Comitê para Proteção dos Jornalistas, alerta que “nunca houve um tempo mais perigoso para ser jornalista.” Dizem que os ataques de Donald Trump à mídia das “fake news” nos EUA estavam mandando uma mensagem para líderes autoritários de que é aceitável atacar a imprensa, o que levou às recentes críticas sobre a CNN pelo governo egípcio em relação à cobertura do ataque terrorista que aconteceu em uma mesquita em Sinai.
Robert Mahoney, diretor executivo do CPJ, diz: “Os Estados Unidos foram, tradicionalmente, um destaque da liberdade de imprensa e defesa dos jornalistas, mas uma série de retórica anti-imprensa do Presidente Trump reduz o papel da imprensa na democracia, e potencialmente põe em risco os jornalistas.
O índice classifica 180 países de acordo com o nível de liberdade disponível para jornalistas
“Rotular reportagens de que você não gosta como ‘fake news’ manda uma mensagem para líderes autoritários no mundo de que está tudo bem atacar a imprensa. Não levou muito tempo para o Ministério do Estrangeiro egípcio aproveitar o ataque de Trump contra a CNN International este mês para tirar a atenção da mensagem e colocar no mensageiro.”
O diretor do BBC World Service – o maior difusor internacional de notícias – alertou que o crescimento de novas potências econômicas que não apoiam totalmente a liberdade de expressão ameaçaria a liberdade da mídia no séc. XXI.
Francesca Unsworth diz: “Estamos lidando com um mundo que não acho que se importa com o valor da iluminação da liberdade de expressão como parte do desenvolvimento econômico.
“Estamos vendo o crescimento de potências econômicas no Oriente – China, Vietnã – que não tem os valores da liberdade de expressão acompanhando o desenvolvimento econômico. E acho que é um verdadeiro problema, porque se o séc. XXI pertence a estas economias, então isso definirá o futuro do mundo.”
Unsworth disse que a China estava tentando espalhar sua influência na África e no Caribe investindo na mídia local ao mesmo tempo que despende grandes gastos na melhoria da infraestrutura. “O que os chineses perceberam é que além de grande investimento na infraestrutura, também precisam investir no ecossistema da mídia dessas regiões,” diz ela.
“Então investiram em parcerias com empresas de televisão e da mídia na África e no Caribe. É uma forma deles fincarem o pé nesses países e terem algum tipo de influência nas tendências de lá.”
Jornalistas da BBC World Service enfrentam uma pressão diferenciada no Irã sobre o serviço persa baseado em Londres. Autoridades iranianas congelaram os recursos de pelo menos 152 jornalistas persas da BBC e antigos contribuidores – impedindo que eles conduzam transações financeiras ou vendam propriedades em sua terra natal – e convocaram familiares dos funcionários da BBC que moram no país para interrogatórios. A BBC apelou às Nações Unidas a respeito da conduta do governo iraniano.
Cientistas alegam que o mapeamento cerebral poderia ser uma ferramenta vital na prevenção contra o suicídio, graças a uma nova pesquisa que sugere que o aprendizado de máquinas poderia identificar aqueles em risco de tirar a própria vida.
Quase 800.000 pessoas morrem por suicídio a cada ano, e a não ser que avisem antes aos amigos, família ou a um terapeuta, essas mortes são muito difíceis de se prever – embora pesquisadores digam que sinais biológicos existem, submersos nos padrões ocultos da atividade cerebral.
“Nosso último trabalho é único no sentido de que identifica alterações conceituais que estão associadas à ideia do suicídio e ao comportamento,” explica o psicólogo Marcel Just, da Universidade Carnegie Mellon.
“Isso nos abre uma janela para o cérebro e para a mente, iluminando a forma como indivíduos suicidas pensam no suicídio e nos conceitos relacionados às suas emoções.”
Em pesquisas anteriores, Just e sua equipe usaram modelos computacionais para mapear como o cérebro processa pensamentos complexos, sejam estes coisas como conceitos científicos ou combinações embaralhadas de ideias que representam a ação humana.
Agora, os pesquisadores usaram as mesmas técnicas para tentar isolar como as tendências suicidas podem se parecer na atividade elétrica do cérebro, procurando por assinaturas neurais que indicam respostas emocionais como tristeza, vergonha, raiva e orgulho.
Os pesquisadores recrutaram 34 jovens – 17 pacientes com tendências suicidas (com cerca de metade já tendo tentado se matar anteriormente) com 17 pessoas neurotípicas – e fez os participantes passaram pelo mapeamento cerebral em uma máquina de ultrassom.
Durante os mapeamentos, apresentaram aos indivíduos 10 palavras relacionadas ao suicídio (como ‘desespero,’ ‘desesperança’ e ‘sem vida’) junto com 10 palavras positivas (como ‘sem preocupações’) e 10 negativas (como ‘problema’).
Da atividade cerebral registrada e respostas emocionais que indicaram, os pesquisadores isolaram seis termos – ‘morte,’ ‘crueldade,’ ‘problema,’ ‘sem preocupações,’ ‘bom’ e ‘elogio’ – e cinco áreas do cérebro que mais claramente distinguiam os que pensavam em suicídio dos que tinham a atividade cerebral padrão.
Usando este subconjunto dos dados, um algoritmo de aprendizado por máquina que estudou as respostas cerebrais pôde identificar pacientes suicidas e padrão corretamente 91% das vezes: reconheceu 15 dos 17 pacientes como parte do grupo suicida e 16 dos 17 indivíduos saudáveis como parte do grupo padrão.
Em um experimento separado, onde o algoritmo foi treinado exclusivamente sobre os 17 participantes do grupo suicida, o software foi capaz de distinguir entre pacientes que já tentaram o suicídio e os que não tentaram, acertando em 94% dos casos.
A equipe percebeu que as respostas aos termos ‘morte,’ ‘sem vida’ e ‘sem preocupações’, em especial, foram as mais precisas.
“Mais testes com essa abordagem e um número maior de pessoas determinará sua validade e habilidade em prever comportamentos suicidas futuros, e isso poderia dar aos profissionais do futuro uma forma de identificar, monitorar e talvez intervir no pensamento alterado e frequentemente distorcido que muitas vezes caracteriza indivíduos seriamente suicidas,” diz o pesquisador-sênior David Brent, da Universidade de Pittsburgh.
Mas quanto ao discurso de aplicações intervencionistas, outros especialistas têm dúvidas consideráveis.
Além do pequeno grupo de participantes examinados no estudo – cujos pesquisadores admitem ser uma limitação da credibilidade do estudo até agora – faltas tecnológicas com esse tipo de teste poderiam impedir que ele identifique de forma prática aqueles em risco de tirar a própria vida.
“Há muitos desafios para usar esse método rotineiramente no sistema de saúde,” diz o pesquisador de mapeamento médico Derek Hill, da University College Londres.
“O tipo de escaneamento funcional do cérebro que os pesquisadores usaram só está disponível em instituições avançadas de pesquisa, e necessita de pacientes cooperativos, então não seria algo amplamente disponível para pacientes mentais no futuro próximo.”
Quanto à ilustração de como o pensamento suicida pode ser identificado por padrões discretos da atividade cerebral, críticos aceitam um pouco mais – até certo ponto.
“Sem dúvidas, há uma base biológica para alguém que vai cometer suicídio,” diz o neurocientista Blake Richards, da Universidade de Toronto, ao The Verge.
“Há uma base biológica para todos os aspectos da nossa vida mental, mas a questão é se a base biológica para essas coisas são acessíveis o suficiente pelo ultrassom para realmente desenvolver-se um teste confiável que pudesse ser usado em uma situação clínica.”
Para enfrentar esses tipos de problemas, a equipe agora está pesquisando se participantes utilizando sensores de eletroencefalografia (EEG) possuem atividades cerebrais similarmente identificáveis – usando equipamentos de monitoramento muito menores e muito mais portáteis, além de muito mais baratos que máquinas de ultrassom.
Até que futuras pesquisas sejam conduzidas, não saberemos o quão eficiente este caminho será, mas uma coisa é certa – é pesquisa importante, e quando se trata de salvar vidas do suicídio, precisamos de toda ajuda possível.
Os resultados da pesquisa estão na revista Nature Human Behavior.
Se esse texto causou preocupações ou caso você precise falar com alguém, ligue para 141 e converse com um profissional. Estão lá para te ajudar.