Há pessoas que são abertas a considerar novas ideias, mudanças propostas e desvios em seus planos originais. Surpreendentemente, elas tomam o cuidado de deixar de lado sua preferência e investimento em determinada ideia. Elas nos escutam enquanto trilhamos as linhas tênues do debate e propomos uma forma talvez melhor de fazer as coisas. Mesmo que não estejam convencidas completamente desse desvio que propomos, essas pessoas frequentemente concordam com alguns aspectos dele, e reconhecem os méritos pelos quais nos guiamos.
Há outras pessoas que agem de forma completamente oposta ao que foi descrito acima. Suas mentes são difíceis de abrir, e suas opiniões são rígidas. Qualquer nova ideia lançada para elas é abatida por um sistema de defesa automatizado de ponta, projetado para, aparentemente, proteger seus egos.
Essas pessoas veem a concordância com uma ideia diferente como algo sinônimo do fracasso. Estão em uma missão para fazer com que todos concordem com a forma parcial com que elas definiram suas impressões do mundo. Às vezes, essas pessoas estão em posições de poder acima de nós. A aversão por concordar com os outros os categoriza, apropriadamente, como indivíduos discordantes.
Este artigo é sobre como navegar efetivamente ao redor, e sobre, as barreiras de pessoas discordantes. O foco é fornecer um pouco de conhecimento sobre o processo para fazer sua ideia alcançar a percepção aberta e autêntica de uma pessoa discordante. A principal coisa a lembrar antes de irmos mais fundo é a noção de que deve-se evitar a força bruta para penetrar as paredes rígidas de opinião que essas pessoas construíram.
O jogo de não expor sua posição para que não possam agarrá-la ou discordar dela
A primeira coisa de que você deveria se lembrar ao lidar com pessoas discordantes é que a personalidade discordante delas é ineficaz quando não há nada com o que discordar. Quanto mais óbvio(a) você é nas suas posições perto de uma pessoa discordante, mais fácil fica para ela discordar de você. Depois que isso acontece, é geralmente difícil mudar a cabeça da pessoa quanto à noção com que discordaram.
Depois que você tiver rotulado alguém como uma pessoa discordante, comece a jogar uma espécie de jogo em sua mente. Esse jogo consiste em ver quanto tempo você consegue ir sem fornecer à pessoa nada rígido ou óbvio para ela discordar. Esse algo específico pode ser uma posição em uma questão política ou uma ideia sobre uma nova forma de fazer as coisas no trabalho. Também pode ser uma correção óbvia de uma ideia da pessoa — algo com que ela provavelmente discordaria rapidamente.
Jogue o jogo de simplesmente não dar a essa pessoa nada para combater quando estiver tentando, inicialmente, penetrar as barreiras de discordância. Sua participação nesse jogo naturalmente te levará a adotar um papel mais sutil ao lidar com o indivíduo em questão. Você estará mais propenso(a) a fazer perguntas do que declarações. Mais propenso(a) a mostrar à pessoa como a ideia dela está errada do que contar isso a ela logo de cara. Acima de tudo, você estará menos propenso(a) a ser rejeitado(a), por estar fazendo um esforço consciente em não fornecer nada que possa ser rejeitado.
Contextualize seu papel nesse jogo como uma competição contra os gatilhos de discordância dessa pessoa. Por terem sido aprimorados por anos de discordâncias, os sensores desse indivíduo para rigidezas com as quais ele pode discordar são provavelmente afiados. Ela pode achar algo para discordar a um quilômetro de distância. Se essa pessoa ocupa uma posição de importância no trabalho ou na empresa, é ainda mais necessário evitar esses sensores e gatilhos. Embora isso possa parecer uma estratégia contra-produtiva para se conseguir expressar um ponto, esta é apenas uma abordagem estratégica.
Seria tolice não avaliar o terreno antes de se entrar em qualquer tipo de batalha. Por que se colocar em desvantagem sendo rígido(a) com aquele(a) que cegamente se satisfaz com qualquer noção rígida? Jogue com estratégia e você se tornará um(a) mestre na capacidade de suavizar as bordas de suas opiniões.
Como jogar como um(a) mes tre
A estratégia para jogar este jogo é bem simples. Faça perguntas que levem a pessoa com quem você está conversando a perceber e adotar seu próprio processo de raciocínio no assunto. Lembre-se, a maior parte das declarações que você faz a outras pessoas têm suas raízes em perguntas que você fez na própria mente. Ao encontrar uma resposta para a pergunta em que pensamos, somos propensos a apresentá-la como declaração para as pessoas acolherem e adotarem. Pessoas discordantes tendem mais a discordar com as declarações que você propõe. Eles não conseguem ver o mérito dos seus processos internos, que respondem uma série de perguntas mentais antes que você torne pública sua declaração.
Por exemplo, se estiver tentando explicar para os outros por que um pica-pau escolhe determinado ponto da árvore para começar a bicar, você provavelmente vai se perguntar algumas coisas primeiro:
- O pica-pau usa do olfato para encontrar insetos no tronco da árvore?
- E
que tal o som? - E se tiverem sido condicionados a bicar apenas determinados troncos que atraem mais insetos?
Na sua cabeça você faz suposições acadêmicas, baseadas em evidências que reuniu, para encontrar uma resposta que acredita ser a mais correta. Assim sendo, você provavelmente diria:
— Eu acho que ele consegue ouvir os insetos engatinhando pelo tronco antes de bicar com força.
Uma pessoa discordante, nesse cenário, diria:
— Eu acho que não, porque insetos não fazem tanto barulho assim, não é mesmo?
Se você estivesse se esforçando para não oferecer algo rígido para a pessoa discordante antagonizar, sua abordagem seria diferente. Você faria as perguntas que fez internamente em alto e bom som, e trabalharia para encontrar uma solução inclusiva com o indivíduo em questão. Você faria o papel de guia intelectual ao invés de apresentador.
— Já percebeu como o pica-pau bica a árvore sem força antes de começar a bicar para furar?
— Sim, por que você acha que fazem isso?
— Bem, estive pensando sobre como ele sabe onde bicar, e parece que ele procura escutar alguma distinção no som antes de decidir onde bicar.
— Você quer dizer que ele bate fraquinho para descobrir onde furar depois?
— É, parece que ele usa o som para achar os insetos no tronco.
Esse jogo de suavizar as bordas de seus posicionamentos com a vocalização de processos internos parece longo. Você pode achar que não vale o tempo e o esforço para alcançar a consideração de uma pessoa discordante com sutileza. No entanto, considere o tempo e esforço que levaria para você contrapor alguém discordando de uma declaração simples, porém rígida, que você fez. Você provavelmente teria que passar pelo processo de vocalizar seu diálogo interno por trás da declaração de toda forma, exceto que, dessa vez, a pessoa discordante estaria armada contra você.
Ao invés de oferecer seu processo interno mental para a pessoa discordante adotar enquanto está neutra, debater com alguém que está ativamente discordando de você é muito mais difícil e demorado. Antes de começar seu caminho para convencer pessoas discordantes a adotarem sua opinião ou posiconamento, pese quanto esforço levaria para jogar o jogo da sutileza vs. o jogo do debate. A proposta que este artigo faz é que, no geral, o jogo da sutileza resultará em menos discordâncias, que só nos fazem gastar tempo e energia em debates.