Qual a origem da expressão “May Day”?

Leia minha resposta original no Quora.

A expressão tem origem de uma fala francesa, m’aider, que significa “me ajude”. Foi a ideia de Frederick Mockford em 1923, e se tornou oficial em 1948. Para que se confirme que é isso mesmo que está sendo dito, a orientação é que se repita a frase três vezes: “Mayday! Mayday! Mayday!”

Ela sinaliza um momento de emergência, quase irrevocável, que chama outros navios ou aeronaves para o resgate, dentro de um ambiente de guerra ou de reconhecimento. É quando a coisa fica preta!

Espero que nem eu, e nem você, um dia precisemos dizer isto!

Como o cigarro vicia uma pessoa?

Leia minha resposta original no Quora.

Nosso cérebro produz uma substância chamada dopamina, um neurotransmissor, ou seja, algo que ajuda a fazer as ligações entre os neurônios no nosso cérebro. Ela é conhecida pela sensação de bem estar, calma… Enfim, é uma das substâncias mais importantes para nosso sentimento de “recompensa”. Quando você termina um trabalho custoso, mas que vai te trazer bons resultados, e você se sente satisfeito(a) consigo mesmo(a), seu cérebro fica cheio de dopamina.

A nicotina é algo que a gente não produz, mas consome. Não só com os cigarros, mas eles são o maior fornecedor dessa substância. E, convenientemente, a nicotina tem um efeito parecido com a dopamina.

Então, o que acontece quando a gente fuma? Nosso cérebro já produz dopamina normalmente, mas quando você traga um cigarro, além dela vem a nicotina para fazer as mesmas ligações. Quando alguém começa a fumar, isso é ótimo, porque além da nicotina entrar no cérebro, também liberamos mais dopamina por estarmos satisfeitos de saber que o cigarro vai trazer mais satisfação. Dopamina extra + nicotina? Beleza!

Com o tempo, o cérebro entende que, como tem a nicotina fazendo o trabalho, ele não precisa mais produzir tanta dopamina. Os níveis vão caindo, e a satisfação de fumar também diminui. Precisamos fumar mais e mais pra nicotina cobrir o buraco que está se formando com a falta de dopamina. Sem o cigarro, ficamos irritadiços, de mau humor, desmotivados.

Daí, o vício.

Por isso é também tão difícil de largar. Já conheceu alguém que está começando a parar de fumar? É uma pessoa sem paciência, irritada, nervosa e com vontade de recair a qualquer momento. As primeiras semanas são terríveis.

Mas ainda bem que somos um animal que se adapta muito fácil, e com mais de um mês, os níveis de produção de dopamina vão voltando ao normal e o cérebro começa a se reprogramar. Com um ano, para a maior parte dos ex-fumantes, o cigarro se torna apenas uma lembrança.

Mas, como muitos vícios, a vontadezinha sempre vai estar lá. É necessário disciplina para se manter longe da droga, e você sempre vai se lembrar da sensação gostosa que ela te conferia.

O ideal é nunca começar, porque isso sempre vai deixar uma marca na sua vida. E olha que o tabaco é dos mais “tranquilos”. Basta perguntar para um ex-usuário do crack ou da heroína o que ele(a) precisa aguentar todo dia. As ideias, pensamentos e vontades. É foda, com o perdão da palavra.

Assinado: um fumante de cigarro de palha.

Dizem que a água não tem data de validade, e sim a garrafa. Então, por que o mel que vem em embalagem de plástico não tem validade?

A água é o que permite que processos bioquímicos ocorram dentro da garrafa. O plástico demora muito para se degradar, mas pequenas quantidades vão de fato se desprender da garrafa com o tempo, e para garantir a segurança e o sabor normal da água, os fabricantes colocam uma data de validade na maioria das garrafas.

Não tenho certeza se isso é obrigatório no Brasil, mas nos EUA já foi até 2006 por causa do estado de Nova Jersey, que exigia que uma validade de 2 anos fosse colocada nas garrafas. Por conta desse estado, praticamente todos os fabricantes começaram a colocar a data de validade para poder vender para N.J.

No caso do mel, se a concentração de água for alta, ele também virá com data de validade. As variedades do mel que não têm a data são aquelas cuja concentração de água não é alta o suficiente para permitir os processos bioquímicos, devido à alta viscosidade do mel. É por isso que ele tem uma duração tão longa, mesmo apesar de também poder conter esporos botulínicos, por exemplo, o que faz com que não seja recomendado para crianças.

Americanos realmente bebem cerveja quente como fica parecendo em alguns seriados?

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Não, os americanos também gostam de tomar a cerveja gelada, como os brasileiros. Quem toma cerveja na temperatura ambiente, muitas vezes, são alguns europeus, como os alemães. Em muitos casos, a cerveja continua gostosa mesmo na temperatura ambiente, e em outros casos, ela já fica gelada com a própria temperatura do ar, já que os europeus tendem a beber mais na rua (como os brasileiros), ao passo que americanos costumam ter que ir para lugares fechados para beber na maior parte dos estados.

Os seriados e filmes provavelmente mostram a cerveja parecendo quente para facilitar uma cena. Fica subentendido que a cerveja esteja gelada, ou que estivesse em um cooler ou freezer antes. Não se preocupam em fazer as garrafas parecerem “suadas” antes das cenas.

Pergunte a qualquer americano, e ele também achará estranho, provavelmente na próxima vez vai reparar, e aí, como eu e você, nunca mais vai conseguir deixar de perceber isso quando tiver alguma cena com cerveja! 😛

Qual foi a experiência mais inapropriada que você teve com um professor?

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Eu fiz intercâmbio de julho de 2008 a junho de 2009 em Boulder, no Colorado, EUA. Quando cheguei, tentei achar todas as matérias que tinha no Brasil para poder transferir meus créditos quando voltasse, mas a Biologia tinha problemas de horário com outras matérias e acabei fazendo AP Environmental Science, ou seja, Ciência Ambiental avançada.

Essa era minha aula preferida com meu professor preferido. Eu gostava de tudo que ele ensinava, dos laboratórios, das pesquisas e dos trabalhos de campo, e adorava ainda mais o tanto que as aulas eram dinâmicas. Gostava do modelo de educação, totalmente diferente da coisa formulaica e rígida que existia nas minhas escolas no Brasil. Também ajudava que ele era lindo!

Enfim, não tem nada a ver com meu crush adolescente essa história, eu só achava ele bonito mesmo. O que aconteceu foi que um dia ele chegou bem estressado, com a cara fechada e falando rápido. Devia ter tido um dia bem ruim. Eu não lembro exatamente o que aconteceu, mas teve uma hora que ele disse alguma coisa bem irritado, tentei interpelar, e ele me mandou ficar quieto para continuar dando a matéria. E mandei:

— Why are you so pissed off?
(Por que você está tão puto?)

Eu fiz cinco anos de inglês antes de viajar, cheguei lá capaz de conversar com todo mundo, sabia ler de tudo e conseguia até fazer discursos. Só que meu inglês é conversacional, ou seja, eu aprendi muito bem a ouvir, falar, ler e escrever de forma natural, sem formalismos e gramática. Até hoje não sei direito o que significa a diferença entre “Simple Past” e “Past Perfect”.

Para mim, “pissed off” era informal, mas não ofensivo. Eu usava direto com a minha família (a que me hospedava) e com meus amigos. Mas com o professor, pegou mal. Bem mal. Ele, que já estava estressado, fechou a cara mais ainda e não olhou mais para mim. Lembro que disse algumas coisas sobre detenção e que estava decepcionado. Eu não entendi na hora, e ninguém queria me explicar.

Depois da aula, quando ele saiu (sem falar com ninguém direito — o dia devia ter sido ruim mesmo!), eu perguntei para uma colega e ela me explicou que isso não é um termo que pode ser usado com figuras de autoridade. Entendi e caiu a ficha.

Corri na sala dele para pedir desculpas… No dia, ele não aceitou muito bem, acho que ficou achando que eu estava usando justificativa esfarrapada para voltar atrás no que falei. Mas acho que depois entendeu.

Acabou que no fim do meu período lá, ficamos amigos e eu conheci a família dele, fomos na casa dele deixar um bolo e agradecer pelo ano ótimo que tivemos… Ele conheceu minha irmã e minha avó, que foram visitar. Só ficou a situação meio boba para trás! 🙂

Com o que os Brasileiros mais se surpreendem quando chegam a Portugal?

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Algumas das coisas que vêm à cabeça:

  • O grande número de brasileiros trabalhando como garçons nos restaurantes de Lisboa.
  • A quantidade imensa de ciganos e africanos que realmente perseguem e enganam turistas (no Brasil temos muitos vendedores de rua, mas eles sabem respeitar o “não, obrigado!”).
  • A imediata identificação com todos os lugares pelo fato de a arquitetura ser tão próxima à das cidades históricas do Brasil, assim como as famosas pedras portuguesas nas calçadas — temos muito delas também.
  • Pessoas oferecendo maconha e outras drogas livremente em esquinas e becos — brasileiros até se assustam, achando que é armadilha da polícia ou é droga estragada.
  • A quantidade de estrangeiros nas ruas falando várias línguas e conversando em inglês com funcionários — o Brasil tem MUITO menos turistas, só pessoas do Rio de Janeiro realmente estão acostumadas com “gringos” por todos os lados.
  • O trânsito nas horas de pico — brasileiros são levados a acreditar que esse problema já foi solucionado na Europa, mas não é bem assim.
  • O preço baixíssimo do vinho.
  • Portugueses reclamando que recebem mal. É algo que faz os brasileiros ou rirem ou sentirem-se extremamente desconcertados.

Tem mais coisa que eu notei logo de cara quando visitei Lisboa e Cascais, mas não estou me lembrando. Amei Portugal!

Já que havia muito mais oxigênio na atmosfera milhões de anos atrás, o fogo se comportava de forma diferente?

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Sim, o fogo queimava de forma diferente por conta do excesso de oxigênio. Durante o período Carbonífero, cerca de 300 a 350 milhões de anos atrás, os níveis de oxigênio chegaram a até 35%, enquanto hoje temos menos de 20%. Isso permitia que incêndios começassem em lugares que não costumamos esperar (lugares com alta umidade, e durante chuvas fortes). Hoje, encontramos carvão fossilizado em sedimentos depositados em regiões pantanosas, o que nos permite crer na ideia de que incêndios começavam muito mais facilmente durante esse período. Com isso, você pode se perguntar: como as plantas sobreviviam ao constante risco de incêndio?

Adaptando-se, graças à evolução. Por exemplo, as plantas desse período tinham raízes muito mais profundas do que suas parentes de hoje em dia, e as folhas das árvores ficavam em pontos mais altos, o que ajudava a evitar que pegassem fogo durante um incêndio de arbustos.

O motivo pelo qual tanto carvão (grande parte sendo fossilizada) permanece desde esse período é graças a dois fatores: primeiro, o material estrutural das plantas, a lignina, não queima tão rapidamente — normalmente retira-se a lignina do papel, motivo pelo qual ele queima tão facilmente — ele tende a crepitar (como troncos em uma fogueira), então os incêndios deixavam grande quantidade de carvão para trás, e não seus subprodutos habituais (dióxido de carbono, monóxido de carbono — quando queima mais lentamente — e água).

Segundo, a lignina é difícil de digerir. Até mesmo fungos e bactérias de hoje em dia têm dificuldade para digeri-la. 300 milhões de anos atrás, a taxa de decomposição era praticamente zero.

Em resumo, praticamente todo o carvão de hoje vem de plantas que, milhões de anos atrás, morreram e foram enterradas sem terem nunca passado pelo processo da decomposição.

O que é ainda mais interessante é que, durante esses tempos, insetos gigantescos caminhavam pela terra, e acredita-se que isso tenha relação com metabolismos mais rápidos que a alta porcentagem de oxigênio permitia.

Onde fica a diferença entre celebrar uma cultura e apropriar-se dela?

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Pessoalmente, vejo dessa forma: se uma pessoa viajou para a África e comprou uma dashiki porque achou belo e gostaria de exaltar a cultura africana — avisando para outras pessoas de onde aquilo vem, por que é do jeito que é e onde foi comprado — enxergo como uma celebração. Da mesma forma, pode-se ir ao México e comprar um sombrero ou levar uma calça de capoeira do Brasil para fora e todos os usos serem uma forma de exaltar a cultura dos locais de origem.

O que eu considero apropriação cultural é o que a Kim Kardashian tentou fazer. Ela lançou uma linha de espartilhos e roupas que emagrecem a figura feminina. Até aí, tudo bem. Mas qual o nome do produto? Kimono!

Não satisfeita em tentar usar o nome de uma das roupas mais tradicionais do Japão, ela ainda tentou patentear o nome. Os japoneses, entrevistados por um canal de YouTube, acharam graça e ridículo que uma ocidental fosse tentar fazer algo do tipo, mas não se importaram muito. Já outras pessoas, que realmente monitoram o que seria considerado apropriação cultural, criticaram muito a ideia da Kim.

Eu, pessoalmente, considero isso uma palhaçada.

Outro ponto de vista sobre a apropriação cultural é a percepção por algumas pessoas de que certos estilos e atributos de culturas minoritárias sejam somente considerados bacanas quando pessoas brancas as fazem virar moda.

É por isso que, quando você pesquisava “afros bonitos” no Google, a maior parte dos resultados era de mulheres bonitas fazendo tranças, e ao pesquisar “afros feios”, só apareciam mulheres negras usando os mesmos estilos.

Felizmente, com a onda de valorização dos cabelos negros e vários penteados se popularizando, essa realidade mudou. Infelizmente, em inglês a diferença ainda é evidente (basta buscar por “pretty braids” / “ugly braids” e você verá esse efeito).

Pode realmente machucar uma pessoa quando ela vê parte da cultura de seu povo recebendo elogios apenas quando é reproduzida por pessoas que não fazem parte dela, enquanto você é visto(a) como alguém que enfeia a mesma cultura. Passa a mensagem de que seu povo não merece atenção ou respeito.

Quais são os países que as pessoas costumam não gostar?

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Bangladesh tem uma população quase da do tamanho do Brasil, e que segue crescendo sem o maior controle em um espaço que é fração do tamanho do nosso país. Existe congestionamento, drogas, esgoto e uma completa falta de infraestrutura que faz os pelos dos braços ficarem em pé. Uma tristeza, mesmo, generalizado. Só o turista aventuroso gostaria de ir.

Iêmen

O Iêmen é um dos países mais lindos do mundo, pelas suas construções históricas e um povo muito receptivo, mas está lacrado em uma região péssima e impossibilitado de receber recursos, importar ou exportar. Estão sendo esganados, e por isso o crime cresce, a fome aumenta e tudo está definhando. Se acha que damos pouca atenção aos venezuelanos, imagina este povo…!

Níger

O Níger tem o pior IDH do mundo: só 0,354. Gangues, milícia, descontrole total do governo, conflitos étnicos, religiosos, falta de produção, educação, estruturas básicas. É o que deu errado da nova civilização. Talvez fossem mais felizes ainda em tribos. É o foco da comunidade mundial, hoje, tentar ajudar este país a ter um pouquinho de progresso.

Tem muito mais! Somália, Haiti, Samoa

Até a Rússia, e o Brasil, dependendo de onde você for, não vão ser suas melhores férias.