Rússia finalmente admite nuvem de radiação sobre a Europa

Resumo:

Depois de meses negando, a Rússia confirmou a detecção de níveis mais altos que o normal de um isótopo radioativo sobre a maior parte da Europa em setembro de 2017. Essa confirmação vem depois do relatório do Instituto Nacional Francês de Proteção da Radiação e Segurança Nuclear (IRNS) sobre o incidente, publicado no início de novembro.

Foi confirmado

Em setembro de 2017, várias agências de monitoramento detectaram uma quantidade incomum de radiação sobre a maior parte da Europa. Vários países europeus sugeriram que a fonte dessa nuvem de radiação poderia ser a Rússia. Enquanto isso, autoridades russas negaram até mesmo a detecção da nuvem — até agora.

Em 21 de novembro, a agência de serviços meteorológicos russa corroborou os achados do Instituto Nacional Francês de Proteção da Radiação e Segurança Nuclear (IRNS), uma das primeiras agências de monitoramento a perceber os níveis elevados de rutênio-106, o isótopo radioativo do raro metal pesado rutênio.

Dia 9 de novembro, o IRNS disse que havia detectado rutênio-106 sobre a França de 27 de setembro a 13 de outubro em níveis de poucos milliBecquerels por metro cúbico de ar. As medidas apontaram para uma fonte em potencial da nuvem de radiação, algum lugar entre o Volga e os Urais, um rio russo e uma cadeia de montanhas, respectivamente.

Fonte: IRSN

A Roshydromet confirmou “contaminação extremamente alta,” detectando níveis de rutênio-106 1.000 vezes maiores do que em amostras comuns examinadas por duas estações meteorológicas na região sul das montanhas Urais. Isso é consistente com os achados franceses.

No entanto, Maxim Yakovenko, diretor da Roshydromet, disse que o país não era o responsável pela nuvem de radiação. “Os dados publicados não são suficientes para estabelecer a fonte da poluição,” comentou ele em um comunicado, de acordo com o The New York Times.

Enquanto isso, a Rosatom, corporação estatal responsável pela indústria nuclear da Rússia, disse que a radiação não veio de nenhuma de suas instalações, relata o Associated Press.

Motivo para se preocupar?

Então, os europeus deveriam estar preocupados que níveis mais altos do que o normal de isótopos radioativos têm flutuado pelo continente?

De acordo com o IRNS, a resposta é “Não.” Em seu relatório, apontam que os níveis de rutênio-106 detectado na Europa “não oferecem consequências à saúde humana e ao meio-ambiente.” Desde 13 de outubro, não detectaram mais traços do isótopo sobre a França.

Malcolm Sperrin, diretor do departamento de Física Médica e Engenharia Clínica dos hospitais da Universidade de Oxford, disse em um comentário compartilhado pelo Science Media Centre que é importante contextualizar a situação.

“O rutênio é muito raro, o que sugere que sua presença foi causada por um evento de algum tipo. Dito isto, a abundância natural é tão baixa que até mesmo um fator de 900 acima de níveis naturais ainda é muito pouco,” disse ele.

O professor de física nuclear Paddy Regan, da Universidade de Surrey, compartilha do otimismo em seu próprio comentário ao Science Media Centre.

“Os níveis não são particularmente altos, e o fato de que o decaimento […] do isótopo parece ter sido medido isoladamente ao invés de junto ao coquetel padrão de assinaturas de outros fragmentos de fissão sugere um vazamento de uma planta de combustível/reprocessamento ou em algum lugar onde estejam separando [o rutênio], possivelmente para materiais médicos de radiofarmacêuticos/diagnósticos,” diz ele.

Se algo é motivo para preocupação, pode ser a hesitação das autoridades russas em confirmar e compartilhar informações sobre a radiação. O país manteve os detalhes do terceiro pior acidente nuclear do mundo, o desastre de Kyshtym, em segredo por quase duas décadas, e tal sigilo de quaisquer futuros incidentes nucleares podem prejudicar os esforços em proteger uma população de um risco em potencial.

Traduzido do site Futurism.

As leis da internet

Encontrei esse infográfico bem bacana passeando pelo Reddit e resolvi traduzir e compartilhar, pois as ideias traduzem muito para nosso universo online em português. E você, conhece mais alguma lei irrevogável da cultura da internet?

Molécula sintética poderia resolver o problema de superbactérias

Resumo:

Na luta contra superbactérias, pesquisadores descobriram uma forma de prevenir que genes que carregam resistência a antibióticos se espalhem. A equipe já está trabalhando em desenvolver inibidores para serem usados em um cenário clínico.

Prevenção da transferência

A resistência a antibióticos em bactérias, que inclui tanto as comuns quanto as chamadas superbactérias, é um problema sério e mundialmente conhecido. Na verdade, a Organização das Nações Unidas elevaram a questão a nível crítico há quase um ano, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que o problema está se agravando rapidamente.

Há inúmeras possíveis respostas à resistência a antibióticos, e pesquisadores da Universidade de Montreal (UdeM) no Canadá podem ter encontrado mais uma solução em potencial. Em um estudo publicado na revista Scientific Reports no início de Novembro, essa equipe de pesquisadores do departamento de Bioquímica e Medicina Molecular da UdeM exploraram um método que poderia bloquear a transferência de genes resistentes aos antibióticos.

Os pesquisadores focaram em impedir um mecanismo que permite que genes resistentes a antibióticos sejam codificados nos plasmídeos — fragmentos de DNA que podem carregar genes que codificam as proteínas que tornam a bactéria resistente. Concretamente, encontraram os pontos de ligação exatos para essas proteínas, que são essenciais na transferência de plasmídeos. Isso permitiu que eles desenvolvessem moléculas químicas mais potentes que reduzem a transferência de plasmídeos carregando genes resistentes aos antibióticos.

“A ideia é ser capaz de encontrar o ‘ponto fraco’ em uma proteína, torná-lo alvo e ‘cutucá-lo’ para que a proteína não possa funcionar,” diz Christian Baron, vice-reitor da área de pesquisa e desenvolvimento da faculdade de Medicina da UdeM, em um comunicado de imprensa. “Outros plasmídeos têm proteínas parecidas, alguns tem proteínas diferentes, mas acho que o valor do nosso estudo no TraE é que, sabendo a estrutura molecular dessas proteínas, podemos criar métodos para impedir seu funcionamento.”

Uma proteína mortal

Os efeitos de bactérias resistentes a antibióticos são bem auto-explicativos. Antibióticos continuam sendo uma peça vital da medicina moderna, e quando se tornarem ineficazes, o que nos restará serão superbactérias causadoras de doenças que são muito mais difíceis de tratar e controlar. Antibióticos também são usados como tratamento profilático durante cirurgias e terapias contra o câncer.

De acordo com um relatório de uma comissão especial criada no Reino Unido em 2014 e chamada Revisão da Resistência Antimicrobial, bactérias resistentes à remédios poderiam ceifar a vida de cerca de 10 milhões de pessoas até 2050. Não é muito difícil imaginar, já que bactérias resistentes aos antibióticos infectam 2 milhões de pessoas por ano somente nos EUA, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), e ao menos 23.000 desses casos são fatais. Adicionalmente, a OMS relata que há cerca de 480.000 casos de tuberculose com resistência a múltiplas drogas no mundo a cada ano.

Em resumo, a resistência a antibióticos é um problema que precisamos resolver o mais cedo possível, começando por agora. Felizmente, há diversos grupos trabalhando nessa questão, e com uma variedade de estratégias. Alguns estão usando a edição genética do CRISPR para desenvolver nanorrobôs sintéticos que focam especificamente em bactérias resistentes, e há esforços sendo feitos para criar “super-enzimas” que batalhem com as superbactérias. Enquanto isso outras pessoas, como os pesquisadores da UdeM, estão focados em compreender melhor o funcionamento das bactérias para desenvolver métodos que as deixem mais suscetíveis aos antibióticos.

O CDC já investiu mais de US$ 14 milhões (R$ 45 milhões) para financiar pesquisas sobre a resistência a antibióticos, e em breve devemos ver esses esforços se tornando frutíferos. Isso levará tempo, obviamente, mas poderia ajudar a acelerar o passo da criação de novos remédios. Como Baron disse, “as pessoas devem ter esperança. A ciência trará novas ideias e novas soluções para este problema. Há uma grande mobilização acontecendo no mundo agora a respeito dessa questão. Não diria que me sinto a salvo, mas é nítido que estamos tendo progresso.”

Traduzido do site Futurism.

Não é só o DNA, também herdamos memórias dos pais!

Resumo:

Ao contrário do nosso genoma, nosso epigenoma muda com o passar da nossa vida e pode ser influenciado por fatores como o ambiente, modo de vida, idade e até estado de saúde. Novas pesquisas mostraram que informações epigenéticas podem ser herdadas pelos filhos, nos levando a outras formas potenciais de tratar doenças hereditárias.

Segunda mão genética

Sabemos bastante sobre como traços genéticos são passados de uma geração para a outra. É simples para compreender. Algumas características, como a cor do cabelo ou suscetibilidade a certas doenças, são passadas de pai para filho de novo e de novo. No entanto, nos últimos anos, cientistas descobriram que não herdamos só as informações genéticas dos nossos pais — também podemos herdar informações epigenéticas através da memória epigenética das células.

Nosso epigenoma influencia quais dos nossos genes se expressam e de que forma. Essas modificações no DNA do organismo não mudam a própria sequência de DNA, e ao contrário do nosso genoma, que é codificado em nós desde o nascimento, nosso epigenoma muda com o passar dos anos e pode ser influenciado por fatores como o ambiente, modo de vida, idade e até mesmo estado de saúde.

Anteriormente, os cientistas pressupunham que as mudanças no epigenoma de uma pessoa graças a esses fatores externos morriam com ela, mas pesquisas recentes mostram que esse não é o caso. Informações epigenéticas podem ser passadas adiante para os filhos.

“A habilidade de mamíferos de passar informações epigenéticas aos seus descendentes fornece evidências claras de que a herança genética não é restrita à sequência do DNA, e a epigenética tem um papel chave na produção de descendentes viáveis,” escrevem os biólogos Zoë Migicovsky e Igor Kovalchuk em um estudo de 2011 publicado na revista Frontiers in Genetics.

Modificando desfechos?

Pesquisadores têm tentado entender melhor essa memória epigenética, e têm feito progressos notáveis nesse sentido.

Em 2014, cientistas da Universidade da Califórnia em Santa Cruz provaram que uma marca epigenética poderia ser passada através de gerações, e em 2016 pesquisadores da Universidade de Tel Aviv alegaram estar próximos de entender os mecanismos que permitem a ocorrência da herança epigenética.

Em abril de 2017, pesquisadores da Organização de Biologia Molecular Europeia (EMBO) na Espanha publicaram um estudo na revista Science demonstrando como memórias epigenéticas de mudanças ambientais podem ser passadas a 14 gerações de vaga-lumes.

Enquanto a habilidade do ambiente de afetar o desenvolvimento de certos genes é notável por conta própria, ainda mais notável é que talvez poderemos usar esse conhecimento na luta contra certas doenças induzidas geneticamente ou ligadas ao código genético.

Acredita-se que o Alzheimer é causado tanto por fatores genéticos quanto ambientais, e o câncer também poderia ter causas epigenéticas. Desordens neuropsiquiátricas, imunológicas e de retardo mental também são áreas viáveis para estudos em epigenética.

Compreender como o ambiente pode afetar a saúde não só de um indivíduo como também, potencialmente, seus filhos, poderia ter um impacto duradouro na saúde e na prevenção de doenças.

Estamos vivendo em tempos em que técnicas de manipulação genética estão melhores do que nunca, graças a métodos de sequenciamento da nova geração e técnicas de edição de genes como o CRISPR-Cas9. Combinados a esse novo conhecimento de como certas memórias epigenéticas podem ser passadas, poderíamos encontrar formas de editar fora quaisquer fatores epigenéticos que possam impactar múltiplas gerações negativamente.

Seja através da manipulação genética ou alguma outra forma de tratamento, nosso conhecimento de como a memória epigenética funciona pode mudar como lidamos com doenças hereditárias. No mínimo, saber que nosso ambiente e modo de vida podem ser herdados poderia levar a tomadas de decisão mais saudáveis em nossas vidas pelas gerações futuras.

Stephen Hawking: “Receio que a IA substitua os humanos”

O ponto sem volta

Stephen Hawking teme que seja questão de tempo até que a humanidade seja forçada a abandonar a Terra em busca de um novo lar. O famoso físico teórico já chegou a dizer que achava que a sobrevivência da humanidade depende da nossa habilidade de nos tornarmos uma espécie multi-planetária. Hawking reiterou — e na verdade, enfatizou — este ponto em uma entrevista recente com a WIRED, na qual ele argumenta que a humanidade chegou a “um ponto sem volta.”

Hawking disse que a necessidade de encontrar um segundo lar planetário para os humanos surge tanto graças às preocupações acerca da crescente população quanto pela ameaça iminente do desenvolvimento de inteligências artificiais (IA). Ele alertou que IAs em breve se tornarão super-inteligentes — potencialmente o suficiente para substituir a humanidade.

“O gênio saiu da lâmpada. Temo que IAs possam substituir humanos completamente,” disse Hawking à WIRED.

Certamente não é a primeira vez que Hawking faz um alerta tão grave. Em uma entrevista feita em março com o The New York Times, ele disse que um apocalipse das IAs é iminente, e a criação de “alguma forma de governo mundial” seria necessária para controlar a tecnologia. Hawking também alertou sobre o impacto que as IAs teriam nos trabalhos da classe média, e fez um apelo para que o desenvolvimento de agentes com IA para uso militar fosse banido por completo.

Uma nova forma de vida

Nos últimos anos, o desenvolvimento de IA se tornou um tópico amplamente dividido: alguns estudiosos deram argumentos parecidos aos de Hawking, incluindo o fundador e CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, e o co-fundador da Microsoft, Bill Gates. Tanto Musk quanto Gates veem potencial para o desenvolvimento de AIs acabar sendo a causa do fim da humanidade. Por outro lado, um grande número de estudiosos postularam que tais avisos são indução a um medo desnecessário, o que pode ser baseado em cenários exagerados de tomada de poder de IAs superinteligentes, e temem que tais previsões podem distorcer a percepção pública do que realmente é uma inteligência artificial.

Do ponto de vista de Hawking, os medos são válidos. “Se as pessoas criam vírus de computador, alguém vai criar uma IA que melhora e se replica sozinha,” disse ele na entrevista com a WIRED. “Será uma nova forma de vida mais eficiente que humanos.”

Hawking, pelo visto, estava se referindo ao desenvolvimento de uma IA que é inteligente o suficiente para pensar como, ou até melhor, que os humanos — um evento que já foi batizado de singularidade tecnológica. Em termos de quando isso acontecerá (se acontecer), Hawking não ofereceu, exatamente, uma previsão. Poderíamos supor que chegará em algum ponto do prazo máximo de 100 anos de sobrevivência humana na Terra estimados por Hawking. Outros, como o CEO da Softbank Masayoshi Son e o engenheiro-chefe do Google Ray Kurzweil, fazem uma previsão ainda mais imediatista — dentro dos próximos 30 anos.

Ainda estamos a milhas de distância de criar IAs realmente inteligentes, e ainda não sabemos exatamente o que a singularidade traria. Seria o arauto da destruição da humanidade ou a catapultaria a uma nova era onde humanos e máquinas coexistem? De toda forma, o potencial da IA para coisas boas e ruins pede por precauções necessárias.

Texto traduzido do site Futurism.

O Quênia vai pagar uma mesada aos seus cidadãos

Resumo:

A caridade GiveDirectly deu início ao maior experimento de renda básica universal do mundo no Quênia. Cerca de 6.000 pessoas receberão um pagamento incondicional pelos próximos doze anos.

GiveDirectly, uma caridade que tem financiado transferências monetárias diretas a vilas pobres do leste africano desde 2008, anunciou recentemente que lançou oficialmente o maior experimento de renda básica universal (RBU) da história.

A começar em 13 de novembro, 40 vilas (cerca de 6.000 pessoas) receberão por volta de US$ 22,50 (R$ 75), sem restrições ou condições, por 12 anos. Ao mesmo tempo, outras 80 vilas receberão a mesma quantidade por somente dois anos, mais 80 receberão a soma total do período de dois anos, e 100 vilas não receberão nada.

O estudo vai produzir os dados mais compreensivos até hoje sobre o que acontece quando as pessoas recebem dinheiro em troca de nada. Ajudará a responder perguntas como: as pessoas param de trabalhar? Abrem negócios? Têm mais predisposição a gastar com drogas e álcool — ou talvez com educação?

O estudo também coletará dados de toda a comunidade para saber se a segurança financeira adicional reduz aspectos negativos da pobreza, como violência e roubos.

Créditos: SuSanA Secretariat / Flickr

“Os últimos 19 meses desde que anunciamos nossos planos de testar o RBU foram notáveis,” diz o CFO da GiveDirectly, Joe Huston, ao blog da organização. “O debate acerca da renda básica continua a ferver, dos céticos que a chamam de ‘ato sem sentido de auto-sabotagem preemptiva’ aos otimistas que a chamam de ‘o que direitos políticos e civis foram no séc. XX, só que no contexto do séc. XXI.'”

A renda básica é algo tão novo que pesquisadores ainda precisam coletar bons dados sobre o sistema no mundo desenvolvido. Outros experimentos surgiram para preencher essa lacuna.

Em Oakland, Califórnia, a encubadora de startups Y Combinator finalizou um estudo piloto no qual várias pessoas receberam de US$ 1000 a US$ 2000 (R$ 3265 a R$ 6530) por mês. A Y Combinator está se preparando para lançar um teste maior em dois estados em algum momento de 2018.

“Agora é hora de fazermos nosso trabalho, esperar e aprender,” escreve Huston. “Esperamos ter a primeira rodada de resultados em um ou dois anos, e depois será mais de uma década de aprendizado a ser seguido enquanto observamos essas comunidades.”

Texto traduzido do site Futurism.

Comentário do tradutor: a RBU não é muito discutida no Brasil apesar de ser um tópico recorrente entre grandes presidentes de empresas de tecnologia, políticos europeus e estudiosos em todos os cantos do mundo.

Para quem não está familiarizado com o assunto, a Renda Básica Universal é uma proposta de que, para sanar as maiores dificuldades e problemas da dificuldade em diferentes sociedades, haja um valor básico distribuído em igualdade para todas as pessoas de um país ou região.

A proposta é parecida com o que se foi feito no Brasil com o Bolsa Família, com o diferencial de que o valor é mais significativo e entregue a todos, independentemente da classe social.

Atualmente, nossas conversas no país têm sido mais ideológicas e nos afastamos um pouco do debate econômico e das possibilidades de solução para a desigualdade social gritante no país. Algumas faixas mais histéricas da sociedade estão confundindo o comunismo com o socialismo, os programas sociais com Cuba, etc. etc. Por isso talvez a RBU não tenha sido tópico de discussão aqui com tanta intensidade.

Trago, no entanto, o assunto à tona por ter vontade de entender quais seriam as opiniões de brasileiros. A inflação explodiria? O Estado seria capaz de bancar o investimento? A taxação sobre diferentes classes deveria mudar para possibilitar tal proposta?

Oito “fatos” sobre o ser humano que a ciência desmentiu!

Fato ou ficção?

Quando você conhece um tópico muito bem, pode dizer que o conhece como a palma da sua mão. Mas quão bem você realmente conhece essa mão? Ou o resto do seu corpo, já que entramos no assunto?

As pessoas têm uma tendência a compartilhar desinformações que, com o tempo, podem ser entendidas como fato. O corpo humano não é exceçã. Se você acredita que o álcool aquece o corpo (não tem como), ou que recém-nascidos não sentem dor (eles sentem), esse é o resultado de lendas urbanas e contos da carochinha que foram repetidos tantas vezes que nem pensamos em duvidar da veracidade.

Hoje, no entanto, fatos falsos sobre a saúde e o corpo humano se espalham na velocidade da internet, e as consequências podem ser desastrosas. Algo que parece tão inocente quanto postar um artigo nas redes sociais pode ter grandes resultados, e é nosso dever ao resto da sociedade ajudar a fazer com que a verdade prevaleça sobre a ficção.

Felizmente, pesquisas científicas nos permitem verificar certas alegações. Quando se trata da saúde e do corpo humano, às vezes saber a verdade pode salvar vidas.

Aqui estão oito ditos populares errados sobre o corpo humano, desmentidos pela ciência.

#1: Suas impressões digitais são completamente únicas

Por mais de um século, impressões digitais assumiram um grande papel nas investigações forenses. Tudo começou com o cientista e médico escocês Henry Faulds, que em 1888 escreveu um artigo afirmando que cada um tinha um conjunto completamente único de impressões digitais. Agora, uma só impressão no lugar errado pode ser o suficiente para uma condenação criminal. No entanto, não temos como provar comprovadamente que cada uma de nossas coleções de espirais, loopings e arcos é única (o que seria ter a digital de cada pessoa que já existiu e compará-las).

“É impossível provar que não há duas iguais,” diz Mike Silverman, regulador de ciência forense no Reino unido ao The Telegraph. “É improvável, mas ganhar na loteria também é, e tem gente fazendo isso toda semana.”

Podem haver consequências sérias se a maioria acreditar que a análise de digitais é infalível. Em 2005, Simon Cole, criminologista na Universidade da Califórnia em Irvine, publicou um estudo detalhando os 22 casos conhecidos de erros com impressões digitais na história do sistema legal americano. Ele frisou a necessidade de lidar com esses equívocos antes que mais pessoas inocentes acabarem acusadas ou até mesmo condenadas de crimes que não cometeram.

#2: Enrolar a língua é genético

Em 1940, o geneticista Alfred Sturtevant publicou um artigo alegando que a genética determina sua capacidade de enrolar a língua — pais que tinham essa habilidade provavelmente teriam filhos que também poderiam.

Apenas 12 anos depois, o geneticista Philip Matlock desprovou essa conclusão com um estudo dele próprio. Quando comeparou 33 pares de gêmeos idênticos, percebeu que sete desses pares continuam um gêmeo que podia enrolar a língua enquanto o outro não. Já que os genes de gêmeos idênticos são os mesmos, claramente a genética não foi o fato decisivo para enrolar a língua.

Ainda assim, a crença errada persiste 65 anos depois da publicação do estudo de Matlock. E embora não ameace a vida, esse mal entendido pode causar um estresse desnecessário. Como o biólogo evolutivo John McDonald disse à PBS, ele recebeu e-mails de crianças preocupadas de não serem filhas de seus pais porque não tinham a mesma habilidade.

Créditos: Gideon Tsang / Flickr

#3: Você tem cinco sentidos

As crianças frequentemente aprendem que têm cinco sentidos — visão, audição, paladar, tato e olfato. Esse é um “fato” que se originou do trabalho do filósofo grego Aristóteles, escrito por volta de 350 a. C.

No entanto, você na verdade tem mais que cinco sentidos. Muitos mais. Na verdade, cientistas nem têm certeza de quantos mais — as estimativas vão de 22 a 33. Alguns desses outros sentidos incluem equilibriocepção (senso de equilíbrio), termocepção (senso de temperatura), nocicepção (sensação de dor), e cinestesia (senso de movimento — NT: Não confundir com sinestesia, condição em que o portador confunde um ou mais sentidos).

Embora nenhum desses sentidos adicionais incluam a habilidade de nos comunicarmos com os mortos, alguns são absolutamente essenciais à vida. Por exemplo, nosso sentido de sede ajuda nosso corpo a ter níveis apropriados de hidratação, e pessoas que não têm esse sentido — uma condição rara chamada adipsia — podem ficar severamente desidratadas e até morrer.

#4: Unhas e cabelo continuam crescendo após a morte

Nossos corpos fazem muitas coisas esquisitas depois que morremos, mas não continuam produzindo unhas e cabelo. Para fazer isso, nosso corpo precisaria produzir novas células — algo que não é possível após a morte.

Esse mal entendido mórbido aparece desde, pelo menos, 1929, quando o escritor Erich Remarque o imortalizou em seu romance “Nada de Novo no Front.” Na verdade, o mal entendido existe graças a uma ilusão de ótica. Embora nossas unhas e cabelo não continuem a crescer depois que damos nosso último suspiro, nossa pele “encolhe” ao passo que se desidrata. Com a retração da pele, as unhas e cabelo ficam mais expostos e, portanto, pode parecer que cresceram.

Por sorte, não é provável que errar nesse fato cause muito prejuízo — além do potencial de causar pesadelos na mente de crianças ou exacerbar tanatofobia, é claro.

Fonte: Manhhai / Flickr

#5: Nunca devemos acordar sonâmbulos

Embora cerca de 7% da população seja sonâmbula em algum período de suas vidas, ninguém sabe ao certo o que causa o sonambulismo. O que fazer ao encontrar um pedestre sonolento por aí também é fonte de confusão, graças a um mal entendido muito antigo.

Mark Pressman, psicólogo e especialista do sono do Hospital Lankenau na Pensilvânia, disse à Live Science que a crença de que é perigoso acordar um sonâmbulo começou em tempos antigos, quando as pessoas costumavam acreditar que a alma deixa o corpo enquanto dormimos. Acordar um sonâmbulo, portanto, sentenciaria um dorminhoco a uma existência desalmada. As supostas consequências de acordar um sonâmbulo evoluíram desde então — alguns dizem que pode induzir a um infarto, ou levar o sonâmbulo a um estado permanente de insanidade.

Embora Pressman diga que acordar um sonâmbulo não causa danos, também pode não ser fácil. Deixar a jornada de um sonâmbulo continuar sem interrupções claramente não é uma opção, já que poderia ter consequências devastadoras — sabe-se que sonâmbulos já se machucaram ou até morreram nesse estado meio-acordado. A melhor atitude é, portanto, guiar o sonâmbulo de volta para a cama.

#6: Se engolir goma de mascar, levam sete anos para a digestão

Se você acredita na lenda, o chiclete que você engoliu em 2010 ainda está no seu corpo; seu trato digestivo ainda está trabalhando nessa massa grudenta. Embora seja impossível apontar precisamente a origem desse mito, desmenti-lo é relativamente fácil.

O chiclete é borrachudo porque contém uma base de borracha sintética que não é digestível. Mas isso não significa que chiclete engolido não completa a jornada no trato digestivo. Como Rodger Liddle, um gastroenterologista da Escola de Medicina da Universidade Duke, diz à Scientific American, o corpo humano é capaz de levar adiante objetos com o tamanho de até uma moeda de R$ 1, então um pedaço de chiclete não deve apresentar problemas.

Se você engolisse vários chicletes em um curto espaço de tempo, no entanto, poderia acabar com uma massa grande demais para passar. A partir desse ponto, pode ser que precise de um médico para remover tudo manualmente — em 1998, o gastroenterologista pediátrico David Milov publicou um estudo apontando três casos desse tipo em crianças, e o trabalho para solucioná-lo não parece muito agradável.

#7: A maior parte do calor do seu corpo escapa pela cabeça

Esse mal entendido não é tão antigo quanto os outros, e acredita-se que tenha (de certa forma) origens científicas.

Os pesquisadores de serviços de saúde Rachel Vreeman e Aaron Carroll disseram ao The Guardian que esse mito provavelmente tem raízes nos anos 50, quando o exército dos EUA conduziu um estudo para determinar como o tempo frio afetava os soldados. Segundo a lenda, vestiram voluntários com uniformes de sobrevivência ártica e observaram como seus corpos reagiram a temperaturas abaixo de 0 ℃. Os militares concluíram que os voluntários perderam a maior parte do calor na cabeça, aparentemente ignorando o fato de que a cabeça era a única parte do corpo que não estava protegida dos elementos.

Duas décadas depois, um manual de sobrevivência do exército incorporou esse achado, frisando a importância de cobrir a cabeça em casos de exposição ao tempo frio para evitar perder “de 40% a 45% do calor coportal.” Um mito nasceu.

Como disseram Vreeman e Carroll ao The Guardian, nenhuma parte do corpo tem impacto maior do que outra quando o assunto é retenção de calor. Um estudo de 2008 feito pela pesquisadora Thea Pretorius, da Escola de Cinesiologia da Universidade da Colúmbia Britânica, confirma essa afirmação. Nesse estudo, oito pessoas passaram 45 minutos na água a 17 ℃. Alguns participantes tinham as cabeças submersas enquanto outros ficaram com a cabeça para fora. Os com a cabeça submersa perderam 11% a mais de calor. Pelo fato da cabeça representar 7% da área exposta do corpo, não parece muito mais importante que qualquer outra para reter o calor.

Créditos: StockSnap / Pixabay

#8: Algumas pessoas têm juntas duplas

Você provavelmente já viu alguém puxando o dedão até o pulso ou dobrando a perna para frente até o joelho. Talvez você mesmo(a) possa fazer essas coisas. De toda forma, sabe que a maior parte não consegue, o que perpetua o mito de que as pessoas podem nascer com juntas duplas.

No fim das contas, esse mal entendido se resume a uma questão linguística. Ninguém nasce com juntas extras, mas alguns nascem com juntas extra-flexíveis. Essa condição é chamada de hipermobilidade ou frouxidão das juntas, e afeta cerca de 10% a 25% da população.

A hipermobilidade é tipicamente causada por ossos com formatos anormais ou ligamentos frouxos, como diz Michael Habib, anatomista e paleontologista de vertebrados da USC, à BBC. E embora possa ser útil a dançarinos, contorcionistas ou dublês, a condição tem pouco impacto para o resto da população, fora garantir um truque bacana para se fazer em festas.

Fonte: Pinterest

Texto traduzido do site Futurism.

Cidades inteligentes podem significar o fim da privacidade

A ascensão da Cidade Inteligente

A cidade de Barcelona é um alvoroço sensorial. Prédios elaborados com mosaicos brilham sob palmeiras que balançam com o vento enquanto comerciantes oferecem seus produtos em espanhol e catalão. No meio de tantas cores e sons, seria fácil deixar passar as proteções cinzas de plástico que apareceram nos postes da via principal da cidade. É mais fácil ainda deixar passar o que contêm: caixas com sensores que coletam dados de tudo ao redor deles.

Cada sensor está equipado com seu próprio disco rígido e um sensor conectado ao Wi-Fi que rastreia elementos do ambiente, como barulho, tamanho da multidão, poluição e congestionamentos no trânsito, e depois transmite tudo para um banco de dados central via fibra ótica. A Fortune relata que os sensores podem monitorar até mesmo o número de selfies postada em uma área.

Barcelona. Fonte: R7

Sob o charme de Mundo Antigo, Barcelona está equipada com tecnologia do Mundo Novo, o que levou a firma de pesquisa de mercado digital Juniper Research a conceder à cidade o título de mais inteligente em 2015. Mas ela não manteve o destaque por muito tempo — Cingapura passou na frente no ano seguinte. Ao redor do mundo, câmeras municipais estão ocupando suas cidades para coletar uma quantidade crescente de dados sobre seus cidadãos e atividades. Barcelona, Boston, Londres, Dubai e Hamburgo já começaram o processo; a Índia tem metas ambiciosas de renovar 100 de suas cidades até 2022. Cingapura pretende se tornar a primeira “Nação Inteligente” do mundo.

Todos esses esforços prometem tornar as cidades mais limpas, mais seguras, mais sustentáveis e mais eficientes. Mas eticistas têm uma preocupação diferente: como os cidadãos manterão a privacidade quando dados estão sendo coletados por todos os lados?

Alguém está vendo

Cidades inteligentes dependem primordialmente de dois tipos de informação: dados agregados e dados em tempo real. Sensores agregam dados sobre um lugar ou objeto específico em redes maiores de computação, que então analisam grandes quantidades de informação para encontrar tendências. Algumas cidades já usaram dados agredados — para monitorar as vagas de carro mais populares no centro de Londres, analisar o trânsito e encontrar riscos no trânsito de Boston, e para ajustar o brilho de postes de acordo com a quantidade de pessoas em parques de Barcelona. Pelos dados serem agregados, são efetivamente anonimizados; não podem ser usados para rastrear indivíduos ou obter informações sobre eles.

Cidades também estão coletando dados em tempo real, que de fato focam em indivíduos. Em 2013, uma empresa chamada Renew London fez um programa piloto no qual sensores instalados em lixeiras rastreavam os sinais de Wi-Fi dos celulares que passavam. Os sensores conseguiam, então, usar o endereço único de controle de acesso de mídia (MAC) para filtrar os anúncios na lixeira pensando no indivíduo, baseando-se no movimento do mesmo na rede de sensores. Por exemplo, se o indivíduo acabou de passar por uma loja de roupas ou restaurante em particular, ele(a) poderia passar a ver mais anúncios para aquele local.

Uma foto dos materiais de marketing criados pelo agora finado Renew London initiative. Créditos: Quartz

Renew tentou trazer ao mundo real os anúncios direcionados que os usuários costumam ver online. No entanto, ao contrário da maior parte dos sites, a empresa não era legalmente obrigada a informar aos cidadãos que eles estavam sendo rastreados. Depois que os detalhes emergiram (e o ultraje se instaurou), o governo municipal de Londres pediu que a Renew encerrasse o teste.

Apesar da rejeição, muitas outras cidades ainda procuram por iniciativas de coleta de dados em tempo real. Em Cingapura, por exemplo, o governo planeja requerer que todos os carros tenham um sistema de navegação por satélite que monitorará a localização de cada veículo a qualquer momento, além da velocidade e da direção. Esse sistema de rastreio permitirá que o governo cobre automaticamente por taxas de estacionamento e multas, assim como levantar um imposto baseado na frequência em que o indivíduo dirige.

A nação-ilha também está testando vários programas que coletam dados sobre questões da infraestrutura da cidade e a quantidade de energia usada em unidades individuais de habitações mantidas pelo governo (80% da população vive nesses complexos). Os mais velhos e enfermos poderiam se voluntariar a um programa que monitora o movimento dentro de suas casas.

Ao passo que mais objetos começam a se conectar na internet, vão coletar mais informação ainda.

 

“Todos os dias — apenas com nossos smartphones, cartões de crédito, etc. — deixamos para trás muitas pegadas digitais, que são então gravadas milhares de vezes todos os dias e armazenadas em algum lugar da nuvem,” diz Carlo Ratti, diretor do Laboratório da Cidade Sensorial do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Esse mar de dados poderia permitir que cidades criassem novos programas de cidade inteligente, com a intenção de melhorar nossas vidas.

Mas os programas não são imunes de riscos. “O preocupante sobre isso é que vivemos em um mundo assimétrico, onde somente algumas empresas e instituições públicas sabem muito sobre nós enquanto sabemos pouco sobre eles,” diz Carlo. Camuflados em suas caixas pretas de informação, essas empresas poderiam estar vendendo informações pessoais para anunciantes e marqueteiros, ou permitindo que hackers ganhem acesso à informação que os usuários nem sabiam que haviam entregado.

Londres. Fonte: SmartCitiesWorld

Ratti acredita que a melhor estratégia para combater o mau uso potential desses dados seria que futuros governantes e organizações dessas cidades inteligentes implementassem um “contrato de dados” mais transparente e flexível entre indivíduos, empresas e governos. Alguns lugares já estão começando com esses contratos — o Regulamento de Proteção Geral de Dados (GDPR), anunciado para começar a ter efeito em meados de maio de 2018, vai requerer que todas as empresas na União Europeia compartilhem o tipo de dados que coletam de cidadãos, e peçam o consentimento dos indivíduos para usá-los (embora seja interessante apontar que o regulamento não toca na coleta de dados feita por governos).

A lei também permite que cidadãos da U. E. saiam do sistema e sejam “esquecidos,” ou ter dados pessoais — da ID do telefone à sequência genética — removidos de qualquer banco de dados caso não sintam que há uma razão justificável de mantê-los lá.

Para manter as futuras iniciativas de cidades inteligentes transparente, Ratti disse que “tirar vantagem dessas novas regras que logo entrarão em efeito será uma ótima forma de pressionar empresas que coletam grandes volumes de dados hoje.”

Cidade hackeada

Dados tão extraordinários e complexos poderiam, particularmente, por indivíduos em risco se caíssem nas mãos de hackers. Na conferência de segurança computacional Black Hat em 2015, os estudiosos de segurança Greg Conti, Tom Cross e David Raymond mostraram em uma apresentação e subsequente estudo que a segurança da informação em uma cidade é muito diferente da de uma empresa privada:

As cidades caracterizam interdependências complexas entre agências e infraestruturas que são uma combinação da indústria privada e organizações governamentais locais, estaduais e federais, todos trabalhando proximamente em conjunto para manter a cidade funcionando corretamente e por completo. O preparo [contra hackers] varia significativamente. Algumas cidades têm a coisa sob controle, mas outras são um emaranhado de feudos individuais criados sobre casas de baralho tecnológicas feitas em casa.

“Vai ser uma batalha sem fim entre hackers e defensores, assim como já acontece,” diz Christos Cassandras, professor de Engenharia Elétrica, Engenharia de Computação e diretor da divisão de Engenharia de Sistemas na Universidade de Boston. Empresas privadas e instituições municipais provavelmente precisarão ter se coordenar melhor nos esforços de segurança.

Hackers são uma ameaça perpétua, e tudo conectado à internet é vulnerável. Ratti aponta que hackear sempre foi parte da introdução à tecnologia de telecomunicações; em 1903, durante uma das primeiras demonstrações da tecnologia de transmissão a rádio entre Cornwall e Londres, um mágico de um café-concerto hackeou o sistema para transmitir várias mensagens chulas ao público esperando — e logo se escandalizando — da Academia Real das Ciências.

A melhor ferramenta para enfrentar hackers em cidades inteligentes, diz Ratti, pode ser a que muitas equipes de segurança computacional usam hoje: hackers do chapéu branco (white hat). Engenheiros tentam infiltrar um sistema como um hacker faria para identificarem vulnerabilidades que hackers de fato poderiam explorar (não para conseguir informações, como o hacker faria).

Cingapura. Fonte: LivingInSingapore

“[Hackers do chapéu branco] podem se tornar a prática padrão — uma espécie de simulação de incêndio cibernética — para governos e empresas, mesmo enquanto as pesquisas acadêmica e industrial focam no desenvolvimento de defesas técnicas mais avançadas nos anos subsequentes,” disse Ratti.

Por fim, há a ameaça de que os próprios governos usem os dados com propósitos nefastos. Como a Engadget aponta, o avaliador de democracia Freedom House classifica Cingapura como apenas “parcialmente livre” devido ao histórico do partido detentor do poder de suprimir dissidentes.

Há receio, portanto, de que dados coletados pelo governo possam ser usados contra dissidentes políticos. A instituição de caridade de defesa da privacidade Privacy International expressou preocupações com a falta de leis de privacidade em Cingapura em 2015, particularmente por conta da constituição de lá não garantir o direito à privacidade, e o fato do governo não haver ratificado o Pacto Internacional de Direitos Políticos e Civis que inclui uma cláusula que protege a privacidade. Analistas de políticas e estudiosos da indústria ecoam estas considerações, tanto sobre Cingapura quanto cidades inteligentes de forma geral.

Preocupações como essas são amplificadas em países com registros ainda mais manchados de direitos humanos e liberdades civis, como os Emirados Árabes Unidos.

Boston. Fonte: Michael Langlois

Cingapura tem feito esforços para mitigar estes medos e garantir aos cidadãos que sua segurança será protegida. Vivian Balakrishnan, o ministro de relações exteriores e líder da Iniciativa da Nação Inteligente do país, disse à Engadget que sob o Plano de Nação Inteligente, somente “dados de trânsito anonimizados serão coletados e agregados” de estradas com pedágio, e que oficiais irão “empreender consultores independentes de segurança” para testar o sistema contra vulnerabilidades. Ele adiciona que o governo cingaporeano está dedicado a tornar a nação em “uma sociedade open-source que é caracterizada por altos níveis de confiança, transparência e receptividade.”

No fim das contas, no entanto, dependerá de cada cidadão — em Cingapura e outras cidades inteligentes do mundo — ficar de olho nesses novos programas enquanto são implementados. Os cidadãos só podem cobrar as promessas de segurança dos governos se souberem quais dados estão sendo coletados sobre eles.

Na velocidade da tecnologia

Há alguns anos, quando Cassandras começou a fazer palestras sobre cidades inteligentes, ele costumava contar à sua plateia que achava que a maior parte da tecnologia que discutia estaria presente entre 10 e 15 anos depois. Hoje, ele admite que estava errado — a tecnologia chegou muito antes. Agora ele antecipa que o progresso será ainda mais rápido.

Cassandras acredita que a competitividade resultou nesse crescimento. “As empresas privadas estão sob muita pressão na competição global,” diz ele. Adiciona que “tudo que leva são dois ou três jogadores indo um mais rápido que o outro” para avançar rapidamente a indústria inteira.

Dubai. Fonte: Drinkpreneur

As cidades, similarmente, estão sob pressão para se tornar muito mais sofisticadas em um espaço curto de tempo. Muitas regiões metropolitanas estão se expandindo muito rapidamente, então alguns governantes podem escolher tecnologias inteligentes para evitar problemas como poluição, superlotações perigosas e ruas com pouca segurança. Uma cidade que falha em encarar esses problemas podem ser infestadas de problemas de saúde, desafios legais e uma queda na população — cidadãos e empresas podem se sentir tentados a realocar para centros mais limpos e modernos.

“Com mais frequência do que não, nesse processo há muitos riscos.”

Cassandras vê riscos na velocidade desse crescimento. “Com mais frequência do que não, nesse processo há muitos riscos,” diz ele. “Algumas vezes o desenvolvimento comercial tende a colocar esses riscos, esses perigos, preocupações de lado no esforço de chegar primeiro e ter lucro primeiro.”

Ainda assim, ele não acha os dados coletados por cidades inteligentes mais preocupante do que o que já é coletado online. “Estou mais preocupado com minha privacidade quando compro algo na Amazon ou informo meu cartão de crédito por uma passagem de avião”, diz ele. Cassandras e muitos estudiosos dessas tecnologias emergentes acabam vendo as cidades inteligentes como uma evolução da vida humana, no fim das contas. Se feito da forma certa, as cidades inteligentes conferirão aos seus cidadãos vidas mais limpas, seguras e eficientes — desde que os dados em nosso ambiente de convivência seja administrado da mesma forma que defendemos nossas casas e ruas.

Texto traduzido do site Futurism.

Como a ciência mudará como bebemos

A cerveja nos acompanha há milhares de anos — 5.000, na verdade, de acordo com um estudo recente. Há evidências de que as primeiras civilizações chinesas (entre 3.400-2.900 a.C.) fermentavam grãos em potes de argila para criar as primeiras variedades.

O processo básico não mudou muito nesse tempo: grãos, que frequentemente passam por um processo inicial de malteamento, viram um “purê” (embebidos em água quente) para liberar açúcares. As leveduras consomem o açúcar e o transformam em álcool. O processo do vinho é parecido: uvas são colhidas e reduzidas, depois as leveduras fermentam a mistura.

O processo básico pode ter permanecido, mas mecanizamos os processos para produzir mais bebidas em menos tempo, e ajustamos partes do processo para dar sabores diferentes e criativos às bebidas. O motivo é claro: as pessoas adoram apreciar a ocasional bebida alcoólica, e não vamos parar tão cedo. Aliás, continuamos a desenvolver novas técnicas e inovações para nos ajudar a beber de formas diferentes ou, às vezes, melhores. Aqui vão cinco mudanças que podem acontecer na sua bebida no futuro próximo.

Tempos mais quentes significam mais grana pelo vinho

As mudanças climáticas criam uma incógnita para vinhedos. A temperatura afeta drasticamente a qualidade das uvas — temperaturas mais altas aumentam a quantidade de açúcar e causam mudanças surpreendentes no sabor de vinhos feitos das mesmas uvas por várias gerações. As temperaturas estão subindo rapidamente em regiões de vinhos como o Alto Adige do norte da Itália, o que deixa fazendeiros e fabricantes de vinhos incertos sobre quando fazer a colheita. Períodos curtos de frio imprevisíveis podem pegar os fabricantes de surpresa, congelando e destruindo videiras jovens, às vezes destruindo toda uma safra.

Muitas regiões tradicionais de vinhos, como os vinhedos do Vale Napa na Califórnia, estão mais secas que nunca, o que força fazendeiros a alterar drasticamente os períodos de produção. A Organização Internacional de Vinhos e Videiras relatou que 2017 teve uma baixa histórica na produção “devido a condições climáticas desfavoráveis.” Essa escassez levou a aumentos significativos dos preços no mercado global, levando a uma queda constante na produção desde seu auge em 2004. Como resultado, a exportação e importação de vinhos internacionais se destacaram para aplacar a crescente demanda — uma tendência que promete continuar no futuro.

Imitação do vintage

Ao passo que as condições climáticas ficam mais difíceis de prever e variedades específicas ficam mais escassas, grupos começaram a produzir “vinhos sintéticos.” O vinho sintético imita o verdadeiro com álcool de milho de alta qualidade combinado a etanol e compostos orgânicos frutados e aromatizados.

Uma startup de São Francisco chamada Ava Winery alega ter criado um vinho sintético cujos inventores dizem ser indistinguível do verdadeiro. “O grande segredo aqui é que a maior parte dos compostos do vinho não têm impacto perceptível no sabor ou no aroma,” diz o co-fundador Alex Lee à revista New Scientist.

Mas simplesmente substituir o chardonnay e o pinot noir não é tão fácil. Os sommeliers e fabricantes de vinhos ainda hão de ser convencidos pelo produto da Ava Winery: “É bobagem, para ser sincero,” diz ao New Scientist Alain Deloire, diretor do Centro Industrial Nacional de Vinhos e Uvas da Universidade Charles Sturt, na Austrália. Dois consumidores amadores de vinho foram plenamente capazes de distinguir os vinhos sintéticos e tradicionais em um teste às cegas “baseado no cheiro estranho e sabor posterior indesejável,” segundo a New Scientist.

Fermentação Subterrânea

Créditos: Palmaz Vineyard

Os fabricantes da Palmaz Vineyard no Vale Napa, Califórnia ainda estão transformando uvas esmagadas em produtos fermentados deliciosos. Como estão fazendo isso, no entanto, está longe do tradicional.

O vinhedo criou o FILCS (Sistema de Controle Lógico-inteligente de Fermentação), um complexo de 5 andares e 75 m. Cada um dos 24 recipientes de fermentação é equipado com uma sonda que utiliza de pequenas vibrações para medir ocasionalmente a densidade do líquido, revelando a temperatura, quantidade de açúcar e nível de álcool da bebida. Esse tipo de informação ajuda os fabricantes a garantir consistência de nível laboratorial na fabricação do vinho, resultando em um produto final delicioso e previsível. É mais econômico, também, porque os fabricantes não perdem safras por sabores indesejados, e os consumidores podem continuar comprando um produto confiável e de alta qualidade consistente.

Esse nível de controle pode dar aos fabricantes produtos finais mais consistentes, mas isso gera debate sobre se criariam um vinho melhor. O inventor Christian Palmaz aponta no mesmo post da novidade: “o vinho ainda é feito no vinhedo,” mesmo quando é produzido com tecnologias mais extravagantes após a colheita. A qualidade da uva e onde ela cresceu determinam a maior parte das características do vinho. Uvas de alta qualidade provavelmente ainda resultam em ótimo vinho, com ou sem o sistema de controle high-tech.

Capturando leveduras selvagens

Créditos: Matt Bochman / Universidade do Indiana

Produtores de cerveja usam centenas de variedades de leveduras hoje. Variedades diferentes dão às cervejas sabores como maçã, pimenta, pinho e alho ao produto final. Subprodutos da fermentação criam esses toques únicos. A mesma levedura, sob condições de temperatura diferentes, pode resultar em sabores diferentes.

Saccharomyces cerevisiae pode ser a espécie mais comum de levedura usada para a cerveja e o vinho hoje, mas é uma de várias — variedades de leveduras dos gêneros Pediococcus e Brettanomyces, assim como lactobacilos usados intencionalmente para azedar alguns tipos de cerveja, são menos comuns hoje mas são usados desde a Idade Média. Hoje, as cervejarias reviveram uma enorme quantidade de estilos diferentes de cerveja que usam essas espécies pouco convencionais de leveduras, oferecendo aos consumidores muitos novos sabores e fragrâncias.

Produtores do chope estão cada vez mais utilizando de leveduras nativas de suas regiões para alterar o sabor do produto final. Em algumas ocasiões, introduzem propositalmente micróbios diferentes para gerar alterações; em outras, através de um processo chamado fermentação espontânea, deixam o mosto fermentar do lado de fora, permitindo que micróbios do ambiente local entrem na mistura. Similar à forma que minerais e turfas locais das águas do litoral da Escócia influenciam no sabor do Scotch, leveduras silvestres encontradas nas proximidades da cervejaria podem influenciar na fermentação e, consequentemente, no sabor.

Mesmo depois de séculos de prática, cervejarias e cientistas ainda não tinham certeza de quais micróbios eram os responsáveis por causar as mudanças na fermentação espontânea. Então geneticistas se envolveram. Maitreya Dunham, uma geneticista de microorganismos da Universidade de Washington, analisou uma cervejaria local de variedade silvestre. A maior parte das bactérias e leveduras que ela encontrou já eram conhecidas à ciência, mas uma, posteriormente chamada de Pichia membranifaciens, era uma nova levedura híbrida (um organismo que se adapta e diversifica geneticamente para sobreviver), como relata o Science News. Embora cervejarias e cientistas descubram novas variedades de levedura todos os anos, a maior parte não é adequada para produzir álcool porque só são eficientes na produção em contato com outras bactérias ou leveduras, ou produzem cheiros e gostos desagradáveis.

Leveduras projetadas

Créditos: Wikimedia Commons

A engenharia genética pode em breve permitir que erradiquemos doenças e até mesmo “apaguemos” um problema de coração que surgiria para uma pessoa já na fase embrionária. Agora, até cientistas amadores podem usar a mesma técnica de edição genética para alterar espécies de leveduras e fazer cerveja com traços únicos. Com um kit contendo o complexo enzimático do CRIPSR-Cas9, você pode modificar o genoma da levedura comum da cerveja Saccharomyces cerevisiae para torná-la rosa ao invés do branco cremoso natural, tudo na sua própria cozinha. Embora a mudança de cor não afete o sabor garantido pela levedura, não é difícil imaginar que manipular o DNA da levedura pode em breve levar a sabores novos e exclusivos de cerveja.

Para verificar se poderia mudar o sabor da cerveja editando a levedura, Kevin Verstrepen, um professor de genética na Universidade de Leuven, na Bélgica, sequenciou centenas de genomas de leveduras das cervejas locais e usou o CRISPR para brincar com os códigos genéticos. Ele criou uma cepa única que aumenta em 30 vezes a presença do composto sabor banana acetato isoamil. O resultado tinha gosto de “milkshake de banana artificial misturado com cerveja,” disse ele à Eater.

“Acho que o lado mais promissor dessas tecnologias de modificação genética é que você pode pegar uma levedura existente para fazer a cerveja exatamente do jeito que você quer — a BudweiserMiller ou o que for, perfeita — e pode melhorar a levedura em si.”

Cervejarias do futuro poderiam, então, criar leveduras de cerveja personalizadas, produzindo perfis de sabores verdadeiramente únicos e customizados, embora obstáculos como leis sanitárias antiquadas e preocupações na saúde possam atrasar essa realidade.

Traduzido do site Futurism.

Maçãs que não escurecem estão chegando!

Resumo:

Neste mês, a “maçã ártica” da empresa Okanagan Specialty Fruits será disponibilizada por todo o centro-oeste americano. A fruta foi modificada geneticamente para que a polpa não escureça quando exposta ao ar.

Carne fresca

No fim desse mês, a Okanagan Specialty Fruits começará a vender suas “maçãs árticas” por todo o centro-oeste americano. A fruta será vendida cortada, já que foi modificada geneticamente para que não escureça quando exposta ao ar.

A maçã geneticamente modificada foi possibilitada por pesquisas feitas pela Organização da Comunidade Anglófona de Pesquisas Científicas e Industriais na Austrália. Cientistas descobriram uma forma de prevenir o processo de escurecimento apagando o gene que codifica a enzima responsável. A Okanagan suprime essa enzima para preservar a frescura da fruta por tempo indefinido.

 

A empresa produz sua maçã ártica em três variedades diferentes: Vovó Smith, Dourada Deliciosa, e Fuji. A Okanagan vai começar a abastercer 400 lojas nos EUA com sacos de cortes de maçã nas próximas semanas.

Uma maçã por dia

Muitos exemplos de comida geneticamente modificada beneficiam o produtor ao invés do consumidor, mas a maçã ártica ignora essa tendência. Há esperanças de que se a novidade der certo, pode abrir caminho para outros produtos.

Modificações genéticas podem oferecer várias formas de melhorar a comida, seja com um aumento no valor nutricional do milho à redução da quantidade de gordura na carne de porco. No entanto, pode ser difícil que esses produtos sejam aprovados por autoridades como o FDA, e ainda mais difícil de darem certo com os consumidores.

A maçã ártica recebeu algumas críticas pelo fato de que a embalagem não diz claramente que a fruta foi geneticamente modificada. Ao invés disso, há um código QR que dá acesso a maiores informações.

Mesmo apesar dos benefícios de alimentos geneticamente modificados, muitos consumidores ainda estão reticentes em realmente introduzi-los em suas dietas. As vantagens práticas de uma maçã que não escurece pode convencer as pessoas a por o pé na água.

Texto traduzido do site Futurism.